A dinâmica populacional dos continentes entre 1950 e 2100
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Os dois maiores continentes, em área e em população, Ásia e África, estão seguindo caminhos divergentes
Artigo de José Eustáquio Diniz Alves
A Divisão de População da ONU divulgou, no Dia Mundial de População, 11 de julho de 2024, as novas projeções demográficas para todos os países e regiões do mundo, já incorporando os efeitos da pandemia da covid-19 sobre a dinâmica populacional. Os novos números são fundamentais para se conhecer os cenários demográficos globais.
A população do planeta (em 1º de julho) era de 2,49 bilhões de habitantes em 1950, passou para 6,2 bilhões no ano 2000, deve atingir o pico populacional em 2084, com 10,3 bilhões de habitantes e diminuir ligeiramente para 10,2 bilhões de habitantes em 2100.
A população global deve mais que quadruplicar em 150 anos. Mas todo este crescimento se deu de forma diferenciada entre os continentes, conforme mostra o gráfico abaixo.
A Ásia é o continente mais populoso do mundo. Em 1950 tinha uma população de 1,37 bilhão de habitantes, passou para 3,75 bilhões no ano 2000, deve atingir o pico populacional em 2054, com 5,29 bilhões e decrescer para 4,6 bilhões de habitantes em 2100.
A África é o continente com maior crescimento demográfico do mundo, tinha 228 milhões de habitantes em 1950, passou para 830 milhões no ano 2000, alcançou 1,38 bilhão em 2020 e deve chegar a 3,8 bilhões de habitantes em 2100.
A América Latina e Caribe tinha uma população de 168 milhões de habitantes em 1950, passou para 521 milhões no ano 2000, deve atingir o pico populacional em 2053, com 731 milhões e decrescer para 613 milhões de habitantes em 2100. A América do Norte tinha 168 milhões de habitantes em 1950, passou para 313 milhões no ano 2000 e deve continuar crescendo até 475 milhões de habitantes em 2100.
A Europa tinha uma população de 549 milhões de habitantes em 1950 (2,5 vezes a população da África), passou para 728 milhões no ano 2000, chegou ao pico de 750 milhões em 2020 e deve decrescer para 593 milhões de habitantes em 2100 (6,4 vezes menos do que a África). A Oceania é o continente menos populoso, tinha 12,6 milhões de habitantes em 1950 e deve apresentar crescimento durante os 150 anos e chegar a 73 milhões de habitantes em 2100.
O gráfico abaixo mostra a densidade demográfica (habitantes por km2) para os continentes entre 1950 e 2100. Observa-se que a Ásia (com 44,6 milhões de km2) tinha uma densidade de 44 hab/km2 em 1950, deve chegar ao pico de 169 hab/km2 em 2054 e diminuir para 147 hab/km2 em 2100. A África (com 30,4 milhões de km2) tinha uma densidade demográfica de apenas 8 hab/km2 em 1950 e deve dar um salto para 129 hab/km2 em 2100, aproximando bastante dos números da Ásia.
A América Latina e Caribe (com 20,1 milhões de km2) tinha uma densidade de 8,3 hab/km2 em 1950, deve chegar ao máximo de 36 hab/km2 em 2053 e diminuir para 30 hab/km2 em 2100. A Europa (com 10,5 milhões de km2) tinha uma densidade de 25 hab/km2 em 1950, já atingiu o máximo de 34 hab/km2 e deve cair para 27 hab/km2 em 2100. A Oceania tinha uma densidade demográfica de apenas 1,5 hab/km2 em 1950 e deve subir continuamente até 8,6 hab/km2 em 2100.
O gráfico abaixo mostra que, entre 1950 e 2100, o crescimento da Europa deve ser de somente 1,1 vez, ou seja, um aumento de 10%. A América do Norte deve crescer 2,8 vezes no período. A Ásia deve crescer 3,4 vezes nos 150 anos em questão. A América Latina e Caribe deve crescer 3,7 vezes. O crescimento médio global deve ser de 4,1 vezes no período. A Oceania deve crescer 5,8 vezes. E o grande salto do crescimento ocorrerá na África com avanço de 16,7 vezes entre 1950 e 2100.
Os dois maiores continentes, em área e em população, estão seguindo caminhos divergentes. A Ásia já está desacelerando o crescimento demográfico, tem aumentado a renda per capita e deve apresentar decrescimento populacional na segunda metade do século XXI.
A África também está desacelerando o ritmo de crescimento demográfico, mas ainda terá um grande aumento da população sem conseguir avançar com o poder de compra da população. A aceleração da transição demográfica na África é um precondição para a redução da pobreza e a melhoria das condições sociais.
José Eustáquio Diniz Alves
Doutor em demografia, link do CV Lattes:
http://lattes.cnpq.br/2003298427606382
Referências:
ALVES, JED. A ONU divulga os novos números da população mundial e brasileira, Ecodebate, 12/07/2024 https://www.ecodebate.com.br/2024/07/12/a-onu-divulga-os-novos-numeros-da-populacao-mundial-e-brasileira/
ALVES, JED. Demografia e Economia nos 200 anos da Independência do Brasil e cenários para o século XXI (com a colaboração de GALIZA, F), ENS, maio de 2022
https://prdapi.ens.edu.br/media/downloads/Livro_Demografia_e_Economia_digital_2.pdf
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in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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