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GPUs modernas: consumidoras insaciáveis de energia elétrica

Uso de energia nos principais países emissores de CO2
Uso de energia nos principais países emissores de CO2

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Artigo de Vivaldo José Breternitz

As novas GPUs (Unidades de Processamento Gráfico) para data centers, voltadas para tarefas de inteligência artificial, consomem cada vez mais energia, podendo chegar a 700 watts cada.

Considerando uma utilização anual de 61%, isso representaria cerca de 3.740.520 Wh ou 3,74 MWh por ano por GPU, despertando preocupações sobre a disponibilidade de energia e impactos ambientais.

Essas preocupações aumentam ainda mais quando analisamos o número total dessas GPUs vendidas: somente em 2023 a Nvidia vendeu 3,76 milhões delas, o que representa 98% do mercado. Somando os 2% restantes vendidas por Intel, AMD e outros players, teremos cerca de 3.836.000 GPUs entregues.

Computando esses números, podemos concluir que teremos um consumo de 14.348,63 GWh de energia elétrica em um ano. Para contextualizar, a casa americana média consome 10.791 kWh por ano, o que significa que as GPUs para data center vendidos no ano passado consomem a mesma quantidade de energia que 1,3 milhão de residências anualmente.

Também é interessante lembrar que a Califórnia, o estado americano com a maior população, cerca de 40 milhões de pessoas, produziu 203.257 GWh em 2022, o que significa que as GPUs consomem cerca de 7% da produção anual desse estado.

No entanto, é importante lembrar que esses dados se referem apenas às GPUs para data centers; não estão computados CPUs, sistemas de refrigeração e outros equipamentos necessários para o funcionamento adequado dos data centers.

Se levarmos em conta toda a energia demandada por data centers, chegaremos a mais de 25 GWh anualmente, considerando-se apenas os data centers que entraram em operação a partir de 2023.

Analistas da indústria estimam que o mercado de GPUs para data centers crescerá 34,6% ao ano até 2028 e que a próxima geração de GPUs para IA da Nvidia deve consumir ainda mais energia do que os atuais.

Esse aumento sem precedentes no consumo de eletricidade está levantando preocupações sobre a infraestrutura de energia nos Estados Unidos e em outros países, inclusive no Brasil, inclusive com o fundador da Meta, Mark Zuckerberg, dizendo que a disponibilidade de energia restringirá o crescimento da inteligência artificial – a produção global de eletricidade cresceu apenas 2,5% ao ano na última década.

As big techs não estão alheias a esse problema. A Microsoft, tradicionalmente uma empresa de software, está considerando investir em pequenos reatores nucleares para seus data centers.

Além da necessidade de muita eletricidade para alimentar nossas necessidades de computação, devemos considerar outras tecnologias emergentes que também demandam muita energia, como os veículos elétricos.

A menos que encontremos formas de desenvolver chips e motores mais potentes e que consumam menos energia, provavelmente serão necessárias mais usinas e atualização da infraestrutura para distribuição de energia, medidas que certamente trarão grandes impactos ao meio ambiente.

Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.

 

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in EcoDebate, ISSN 2446-9394

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