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Rússia e Brasil: dinâmicas demográficas e desafios para a prosperidade social e ambiental

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Brasil deixa a Rússia para trás no crescimento demográfico, mas capota na renda per capita

Descubra como a dinâmica populacional contrasta entre Rússia e Brasil, impactando renda, envelhecimento e desenvolvimento.

Artigo de José Eustáquio Diniz Alves

A Rússia é o maior país do mundo em extensão territorial e está entre os 10 países mais populosos do mundo. O Brasil é o quinto país em extensão territorial e também está entre os 10 países com maior número de habitantes. Mas a dinâmica demográfica entre os dois países é bem diferente.

Segundo a Divisão de População da ONU (revisão 2022) a Rússia tinha uma população quase o dobro da população brasileira em 1950 e terá pouco mais da metade da população brasileira em 2050. O gráfico abaixo mostra que, em 1950, a população da Rússia era de 102,6 milhões de habitantes e a do Brasil era de 53,9 milhões de habitantes. Em 1993, a população russa chegou ao pico de 148,9 milhões de habitantes, enquanto o número de habitantes do Brasil era maior com 158,4 milhões de pessoas. Em 2024, a população russa está estimada em 144 milhões e a brasileira em 217 milhões. Para 2050, a população russa está prevista para 133 milhões e a brasileira em 230 milhões de habitantes.

população da Rússia e do Brasil

 

O menor ritmo de crescimento e o posterior decrescimento populacional da Rússia ocorreu em função da queda das taxas de fecundidade, que começou antecipadamente na Rússia e caiu de forma mais profunda. Em consequência, a Rússia apresenta um processo de envelhecimento populacional mais acelerado. A idade mediana da população russa era de 23,4 anos em 1950, passou para 40 anos em 2024 e deve ficar em 44 anos em 2050, enquanto no Brasil a idade mediana, nas mesmas datas, foi de 17,5 anos, 34 anos e 43 anos.

Os gráficos abaixo, também da Divisão de População da ONU, mostram as pirâmides populacionais da Rússia e do Brasil em 2024. Nota-se que a pirâmide etária russa é mais envelhecida do que a pirâmide brasileira e apresenta maiores descontinuidades devido às mudanças nas estatísticas vitais especialmente nos períodos de guerra, inclusive o fim da Guerra Fria.

pirâmides populacionais do Brasil e da Rússia

 

Teoricamente, o Brasil levaria vantagem por ter uma dinâmica populacional e uma estrutura etária mais favorável ao crescimento econômico e ao avanço do bem-estar social. Mas, na prática, a Rússia tem apresentado avanço da renda per capita mesmo em uma situação de decrescimento e envelhecimento populacional.

O gráfico abaixo, com dados do FMI, mostra que a renda per capita da Rússia, em poder de paridade de compra (ppp) era de US$ 21,6 mil em 1990, mas caiu após o fim da URSS e ficou em US$ 12,4 mil em 1998, ficando bem perto da renda per capita brasileira. Mas nos anos 2000, mesmo com decrescimento da população, a renda per capita russa subiu e deve ficar em US$ 33 mil em 2029, bem acima dos US$ 17,9 mil da renda per capita brasileira.

renda per capita da Rússia e do Brasil

 

No Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 2022, a Rússia estava no grupo de IDH muito alto, em 56º lugar no ranking global, com índice de 0,821. O Brasil estava no grupo de IDH alta, em 89º lugar, com índice de 0,760. Porém, no ranking da democracia, da revista britânica The Economist, a Rússia foi o país onde a democracia registrou o maior retrocesso em 2022. Após a invasão à Ucrânia, o índice de democracia da Rússia situou-se na posição 146, caindo 22 lugares em relação a 2021.

Em resumo, a despeito dos retrocessos políticos, a Rússia está enriquecendo em uma situação de decrescimento populacional, mesmo tendo uma estrutura etária mais envelhecida do que a brasileira.

O Brasil, ao contrário da Rússia, em pleno apogeu do 1º bônus demográfico, teve uma década perdida com estagnação da renda per capita após 2013. Todavia, a demografia não é destino e as tendências da Rússia mostram que o bem-estar pode ser alcançado em diversos cenários populacionais.

Ao contrário da Rússia, os últimos anos mostram que o Brasil está preso na “armadilha da renda média”. A boa nova é que o Brasil não está condenado ao baixo incremento do bem-estar e, se adotar as medidas corretas, ainda tem tempo para virar o jogo e garantir progresso social e ambiental.

Referências:

ALVES, JED. A população da Rússia de 1950 a 2100, Ecodebate, 22/08/2022
https://www.ecodebate.com.br/2022/08/22/a-populacao-da-russia-de-1950-a-2100/

ALVES, JED. Demografia e Economia nos 200 anos da Independência do Brasil e cenários para o século XXI (com a colaboração de GALIZA, F), ENS, maio de 2022
https://prdapi.ens.edu.br/media/downloads/Livro_Demografia_e_Economia_digital_2.pdf

José Eustáquio Diniz Alves
Doutor em demografia, link do CV Lattes:
http://lattes.cnpq.br/2003298427606382

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in EcoDebate, ISSN 2446-9394

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