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Artigo

Aquífero Guarani: medidas para proteger a água subterrânea

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Estrada do Piripau, área de recarga direta sobre os arenitos Botucatu
Estrada do Piripau, área de recarga direta sobre os arenitos Botucatu (Aquífero Guarani). Zona Leste do município de Ribeirão Preto (SP). Zona rural com plantação de cana. Ao fundo, o relevo de cuestas basálticas. Autor: Heraldo Campos.

Região com uso intensivo da água do Aquífero Guarani precisa de medidas para proteger a qualidade da água subterrânea. Recomendações incluem monitoramento, controle de poluição e gestão de efluentes.

Velhos amigos, velhos problemas

Artigo de Heraldo Campos

Participei, recentemente, em Ribeirão Preto (SP), de um seminário onde prevaleceu a discussão sobre o abastecimento do município que é totalmente suprido pelas águas subterrâneas do Aquífero Guarani. Ressalta-se que nessa região vem ocorrendo o uso intensivo das águas desse reservatório há tempos e muitos dos poços tubulares em operação apresentam problemas de interferência entre eles.

Além disso, existe o aumento do risco de contaminação das águas subterrâneas por causa de fontes instaladas sobre as áreas aflorantes do aquífero, que são de alta vulnerabilidade.

Foi muito bom ter participado desse evento onde foi possível encontrar velhos amigos e profissionais que trabalham na área de águas subterrâneas, muito deles com larga experiência nesse setor de vital importância para a sociedade. Não é preciso dizer que nos intervalos do café, os cabelos brancos eram visíveis na maioria, os “probleminhas” de saúde chegaram, porque a idade avançou, mas eram relatados até com boa dose de humor. Assim, muitas risadas foram dadas na roda de velhos amigos no meio da discussão de velhos problemas relacionados ao Aquífero Guarani.

Desse modo, caminhando nessa linha da proteção da qualidade da água subterrânea do Aquífero Guarani, um dos velhos problemas desse reservatório, algumas medidas podem ser adotadas, como se recomenda a seguir [1]:

a) todas as fontes potenciais de poluição existentes devem realizar uma investigação preliminar para avaliar a existência de passivo ambiental e, caso seja constatada alguma alteração, deve seguir os procedimentos do “Sistema de Gerenciamento de Áreas Contaminadas” definidos pela Cetesb;

b) todos as atividades que já possuam o licenciamento ambiental, com exceção daquelas já proibidas de serem instaladas de acordo com o Decreto nº 32.955/91, devem realizar um estudo hidrogeológico detalhado, com definição de medidas de proteção a serem adotadas;

c) todas as atividades que se constituam fontes potenciais de poluição já existentes, devem implantar um sistema de detecção de vazamento dos equipamentos e uma rede de poços de monitoramento de água para identificar qualquer alteração da qualidade da água; a frequência do monitoramento deve ser definida em consonância com o órgão ambiental responsável;

d) o armazenamento e aplicação de qualquer efluente no solo somente serão permitidos se forem realizados de acordo com os critérios estabelecidos pelo órgão ambiental; as lagoas de armazenamento devem ser impermeabilizadas e possuir dreno testemunho;

e) não é permitida a infiltração de efluentes domiciliares no solo; a rede de coleta de esgotos existente deve ter dispositivos para detecção de vazamentos.

Para finalizar e na esperança de poder participar de futuros eventos desse tipo e de forma presencial, deixo aqui uma frase do escritor, poeta e dramaturgo irlandês Oscar Wilde: “A melhor maneira de começar uma amizade é com uma boa gargalhada. De terminar com ela, também.”

Fonte
[1] CAMPOS, H.C.N.S. 2013. Metodologia para estudos da qualidade das águas subterrâneas e sua aplicação para a caracterização hidrogeoquímica do Aquífero Guarani. Terræ Didatica, 9(2):114-131. http://www.ige.unicamp.br/terraedidatica/

*Heraldo Campos é geólogo (Instituto de Geociências e Ciências Exatas da UNESP, 1976), mestre em Geologia Geral e de Aplicação e doutor em Ciências (Instituto de Geociências da USP, 1987 e 1993) e pós-doutor em hidrogeologia (Universidad Politécnica de Cataluña e Escola de Engenharia de São Carlos da USP, 2000 e 2010).

 

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in EcoDebate, ISSN 2446-9394

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