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Chuvas em Porto Alegre: Trauma, negligência e a urgência de soluções

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Centro histórico de Porto Alegre alagado
Centro histórico de Porto Alegre alagado – Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Tragédia expõe negligência com drenagem urbana em Porto Alegre. Ações eficazes como na Av. Goethe são possíveis e necessárias para evitar novos desastres

 

Como era antes

Artigo de Montserrat Martins

Um trauma muda nossa percepção, agora a chuva prevista para esse final de semana já gera medo. Antes disso a chuva tinha até uma conotação romântica para algumas pessoas que gostavam de namorar “ouvindo a chuva lá fora”. Acabou esse tipo de romantismo, chuva agora lembra medo.

Outra coisa que mudou foi o de “naturalizar” os problemas crônicos de alagamentos de alguns lugares da cidade, com chuvas mais fortes. Agora, ficamos conscientes que os governos (de todos os níveis, local, estadual e até federal) devem ter um papel preventivo nisso.

Os bairros alagados de Taquari, ou de Lageado, por exemplo, eu não conheço, mas em Porto Alegre essas situações são bem conhecidas e os moradores já estavam “acostumados” a sofrer com as chuvas, sem que a maioria da cidade se abalasse com seu drama, até agora. A tragédia tornou visível uma situação que era crônica, de negligência com algumas regiões mais pobres.

Exemplo do que deveria ser feito aconteceu com a Avenida Goethe, numa área central de Porto Alegre, onde antigamente qualquer chuvinha alagava, mas que recebeu investimentos na rede de esgotos que resolveram o problema. Um engenheiro que presidiu o DMAE contou que verdadeiras “galerias” subterrâneas foram abertas na Av. Goethe, onde a água passou a escorrer perfeitamente.

Um exemplo – e uma prova – de que há solução, quando há prioridade. Mas até hoje esses assuntos nunca foram discutidos em época de eleição, em debates para eleição de Prefeito não me lembro desse tipo de assunto, você se lembra de ter ouvido isso em algum debate, ou que alguém tenha decidido seu voto por causa de propostas de saneamento público?

Em 2024, pela primeira vez, esse assunto veio à tona e tudo indica que não será esquecido até outubro. Até então era um assunto tão “invisível” quanto os canos de esgotos embaixo da terra, tão desimportantes que a Prefeitura de Porto Alegre, ainda na gestão anterior, decidiu extinguir o DEP – Departamento de Esgotos Pluviais – que foi colocado dentro do já sobrecarregado DMAE, e aparentemente ninguém tinha se dado conta da importância disso.

Engenheiros ouvidos agora, depois da tragédia, relatam repetidos avisos nos órgãos públicos sobre as consequências, que foram ignorados.

Esse é só um dos exemplos de problemas que se acumularam ao longo dos anos sem solução – os canos, por falta de manutenção, vão ficando entupidos – pois o mesmo acontece em outras áreas também, como o destino do lixo, sem bons planos para resíduos sólidos.

Que a tragédia nos ensine a importância disso tudo.

Montserrat Martins é Psiquiatra

 

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in EcoDebate, ISSN 2446-9394

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