Transição Energética: Desafios e Oportunidades para o Brasil no G20 e na COP30
A mudança da matriz energética se torna crucial para o Brasil e o mundo. O G20 e a COP 30 são plataformas essenciais para impulsionar a cooperação internacional e o desenvolvimento de soluções inovadoras para lidar com os impactos do aquecimento global e construir um futuro mais sustentável. Explore os desafios e oportunidades que o Brasil enfrenta neste contexto.
Artigo de Fernanda Brandão
A questão climática e os impactos do aquecimento global se impõem cada vez mais como uma agenda urgente a ser tratada pelos países no âmbito doméstico e internacional. A recorrência e o aumento da gravidade de episódios de desastres naturais em todo o globo terrestre revelam que a mudança da matriz energética, como o investimento em infraestrutura para lidar com os impactos da mudança climática são cada vez mais urgentes.
Ainda hoje, a maior parte da energia consumida no mundo vem de fontes não renováveis e poluentes. O carvão e o petróleo continuam sendo as principais fontes de produção de energia elétrica e transporte, respectivamente.
O processo de transformação da matriz energética dos países é complexo e envolve dimensões mais profundas do que apenas a mudança na tecnologia empregada para geração de energia.
Mudar a matriz energética envolve uma completa alteração dos processos de transmissão e armazenamento de energia, o que gera impactos sobre a estrutura de prédios e das cidades, implica em modificações na infraestrutura do transporte público e particular, além de exigir o desenvolvimento de planos de contingência, especialmente, no caso de tecnologias de energia intermitentes como solar e eólica. Todos esses elementos são fundamentais para que a transição da matriz energética aconteça de forma efetiva.
Além da complexidade que uma transição energética carrega, o processo de desenvolvimento de novas tecnologias de energia e de infraestrutura é lento, custoso e apresenta poucos retornos financeiros no curto prazo, tornando-o menos interessante para a iniciativa privada.
Outro agravante é o valor, pois a troca é cara e o desenvolvimento de economias de escala que possam ser aplicadas de forma ampla com custos reduzidos pode levar tempo. Além disso, todo o processo de transição energética precisa acontecer sem grandes perdas na atividade econômica dos estados. Mais ou menos como trocar o pneu com o carro andando.
Apesar das dificuldades, a questão da transição energética se apresenta como uma agenda cada vez mais urgente. Unido ao aquecimento global, os temas são de relevância para o Brasil no G20. O tema já tem sido tratado em reuniões de ministros e deve ser um dos temas de destaque da ministerial de novembro. O desafio é grande e a cooperação internacional é fundamental para o êxito de uma transição energética a nível global.
Assim, o desafio para o G20, que reúne as vinte maiores economias do mundo e, consequentemente, alguns dos maiores consumidores de energia do mundo, é promover uma instância de colaboração e coordenação entre os países para que as ações em prol da mudança do padrão de consumo energético dos países se acelerem.
A questão ambiental sempre foi uma pauta onde o Brasil exerceu protagonismo no cenário internacional e o atual governo busca retomar esse papel do país. Ano que vem, a COP 30 será em Belém do Pará, o que gera uma nova oportunidade de buscar liderar os esforços de cooperação internacional em torno da questão ambiental, especialmente, da transição energética.
Para além de resgatar o protagonismo internacional do país nos foros multilaterais, o tema em questão deve ser pensado com maior cuidado no âmbito doméstico.
Apesar de o país ter uma matriz energética majoritariamente limpa, a maior parte do consumo energético relacionado aos transportes ainda é de hidrocarbonetos.
À medida que as tragédias ambientais de natureza climática se abatem sobre o país, o desafio para o Brasil é ir além do protagonismo na arena internacional e buscar mudanças efetivas que contribuam para a mudança da matriz energética nacional buscando um desenvolvimento econômico mais sustentável.
Além disso, investimentos em infraestrutura para lidar com os efeitos da mudança climática se apresentam como urgentes.
Fernanda Brandão Martins é coordenadora do curso de Relações Internacionais da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio
[ Se você gostou desse artigo, deixe um comentário. Além disso, compartilhe esse post em suas redes sociais, assim você ajuda a socializar a informação socioambiental ]
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
A manutenção da revista eletrônica EcoDebate é possível graças ao apoio técnico e hospedagem da Porto Fácil.
[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à EcoDebate com link e, se for o caso, à fonte primária da informação ]
Excelente artigo para a divulgação da questão climática no Brasil. Escrito de forma acessível, porém completa, e isenta de posição política extremada.
Parabéns. Vou divulgar.