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Notícia

Mudança climática torna as ondas de calor mais extremas

 

 

As temperaturas da superfície do mar têm sido recordes nos últimos 13 meses.

O clima extremo causa muitas vítimas e perturbações socioeconômicas.

World Meteorological Organization (WMO)

Os relatórios mensais do Serviço de Mudanças Climáticas do Copernicus, da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA, da NASA e da Agência Meteorológica do Japão destacam a duração extraordinária das temperaturas recordes alimentadas pelo evento El Nino e pela energia adicional presa na atmosfera e no oceano por gases de efeito estufa das atividades humanas. Uma sequência semelhante aconteceu anteriormente durante o forte evento El Nino de 2015/2016.

Abril 2024 teve uma temperatura média do ar de superfície de 15,03°C, 0,67°C acima da média de 1991-2020 para abril e 0,14°C acima do elevado anterior estabelecido em abril de 2016, de acordo com o conjunto de dados ERA5 do Serviço de Alterações Climáticas do Copernicus, implementado pelo Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio Prazo em nome da Comissão Europeia.

O mês foi 1,58°C mais quente do que uma estimativa da média de abril para 1850-1900, o período de referência pré-industrial designado, de acordo com o conjunto de dados ERA 5.

A América do Sul teve seu abril mais quente já registrado, enquanto a Europa teve sua segunda mais quente, de acordo com a NOAA.

A extensão da cobertura de neve do Hemisfério Norte em abril foi a menor já registrada. Tanto a Eurásia quanto a América do Norte estavam abaixo da média, enquanto partes do leste da Rússia e da China estavam acima da média. A extensão global do gelo marinho foi a décima menor já registrada, de acordo com a NOAA.

As temperaturas recordes foram acompanhadas por eventos climáticos de alto impacto – incluindo o calor intenso em muitas partes da Ásia. Um novo estudo da World Weather Attribution disse que a mudança climática tornou as ondas de calor mortais que atingem milhões de pessoas altamente vulneráveis mais extremas.

A seca atingiu o sul da África e as chuvas extremas atingiram a península arábica. As fortes chuvas persistentes na África Oriental e no sul do Brasil pioraram na primeira semana de maio, levando a inundações devastadoras e mortais. O Afeganistão também sofreu inundações repentinas em meados de maio, matando pelo menos 300 pessoas e causando destruição generalizada de casas e infraestrutura.

“O alto número de eventos climáticos e climáticos extremos (incluindo temperaturas diárias e mensais recordes e quantidades de chuvas) é mais provável em um mundo mais quente”, disse o especialista em clima da OMM, Alvaro Silva.

“A temperatura da superfície do mar em várias bacias oceânicas, incluindo no cinturão tropical, continua a ser recorde, liberando mais calor e umidade para a atmosfera e, assim, exacerbando as condições”, disse ele.

O El Nino, no Pacífico equatorial oriental, continuou a enfraquecer em direção a condições neutras, mas as temperaturas do ar marinha em geral permaneceram em um nível anormalmente alto.

A temperatura global da superfície do mar foi em média para abril de 2024, mais de 60oS-60oN, o valor mais alto já registrado para o mês, marginalmente abaixo dos 21,07°C registrados em março de 2024, de acordo com o C3S.

A OMM usa seis conjuntos de dados reconhecidos internacionalmente por suas atividades de monitoramento climático e relatórios sobre o estado do clima global.

 Anomalias mensais de temperatura do ar de superfície global. Dados: ERA5 1940-2024. Período de referência: 1850-1900 Crédito da imagem: C3S/ECMWF
Anomalias mensais de temperatura do ar de superfície global. Dados: ERA5 1940-2024. Período de referência: 1850-1900
Crédito da imagem: C3S/ECMWF

Calor extremo

Havia grandes diferenças de temperatura na Europa. Fora da Europa, as temperaturas eram mais acima da média sobre o norte e o nordeste da América do Norte, Groenlândia, leste da Ásia, noroeste do Oriente Médio, partes da América do Sul e a maior parte da África.

Grandes regiões da Ásia – incluindo Israel, Líbano, Síria, Bangladesh, Tailândia, Vietnã e Filipinas – experimentaram temperaturas bem acima de 40°C por muitos dias. O calor foi particularmente difícil para as pessoas que vivem em campos de refugiados e moradias informais, bem como para trabalhadores ao ar livre.

Embora o número de mortos seja frequentemente subnotificado, centenas de mortes já foram relatadas na maioria dos países afetados. O calor também teve um grande impacto na agricultura, causando danos às culturas e rendimentos reduzidos, bem como na educação, com feriados sendo estendidos e escolas fechadas em vários países, afetando milhões de alunos.

O estudo rápido da World Weather Attribution confirmou que o papel da mudança climática é provavelmente de magnitude semelhante às ondas de calor no sul da Ásia estudadas em 2022 e 2023, que foram encontradas cerca de 30 vezes mais prováveis e muito mais quentes. Nas Filipinas, o evento teria sido impossível sem a mudança climática causada pelo homem. Na Ásia Ocidental, as mudanças climáticas aumentaram a probabilidade do evento em cerca de um fator de 5.

O país sofreu repetidas ondas de calor em abril e no início de maio, com o Departamento Meteorológico indiano emitindo inúmeros avisos e avisos para proteger a saúde das pessoas. A temperatura máxima mais alta de 47,2°C tinha sido registrada em Gangetic West Bengal em 30 de abril. As escolas foram fechadas em Bangladesh como precaução de segurança contra o calor perigoso.

A Tailândia registrou muitos novos registros de temperatura da estação – por exemplo, 44,1°C em Mueang Phetabun Phetchabun em 27 de abril, de acordo com o Departamento Meteorológico da Tailândia. Em Mianmar, também houve novos registros de temperatura de 48,2°C em Chauk.

O México também registrou temperaturas anormalmente altas. A estação de Gallinas mediu 45,8°C em 2 de maio – em comparação com uma temperatura média de maio de 34,1°C (1981-2010). Espera-se que a onda de calor continue com temperaturas máximas superiores a 40°C, de acordo com o serviço meteorológico e hidrológico nacional, CONAGUA. Em 9 de maio, no Observatorio de Tacubaya/Cidade do México, a temperatura atingiu 34,3°C, um novo recorde histórico de alta temperatura para esta estação meteorológica; e Gallinas, leste do México, registraram os 51,1°C.

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in EcoDebate, ISSN 2446-9394

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