Tartaruga em Perigo: Poluição ambiental ameaça espécie em Ubatuba
Foto de placa de aviso com espécies que habitam a área e da ponte sobre o Rio Grande, em Ubatuba, Litoral Norte do Estado de São Paulo. Autor: Heraldo Campos (registro fotográfico em 03/05/2024).
Testemunho revela a situação crítica da vida marinha em Ubatuba, SP. Tartaruga marinha luta contra poluição por óleo, plástico e esgoto, enquanto tainhas desaparecem da região
Tartaruga nadando de braçada
Artigo de Heraldo Campos
Outro dia, na desembocadura do Rio Grande [1], em Ubatuba, no Litoral Norte do Estado de São Paulo, vi de cima da ponte que liga a parte central da cidade ao acesso para a Praia do Perequê Açu, uma tartaruga nadando de braçada. A “tonta” da tartaruga, coitada, que estava tendo que driblar manchas de óleo, plásticos, pneus, entre outras tranqueiras, de certo, a desatenta nadadoura, não deve ter observado a bandeira vermelha do órgão ambiental estadual que, por semanas, vinha indicando que a água do mar desse trecho de praia estava poluída.
Não muito longe dali, numa saída de drenagem urbana para a Praia do Iperoig, de um canal que beira o aeroporto da cidade, máquinas estavam tentando, aparentemente, desobstruir o acúmulo de areia que represava água com forte cheiro de esgoto. Não é difícil de acontecer, nesse caso, que ligações clandestinas de esgoto doméstico sejam conectadas nas tubulações subterrâneas de coleta de águas pluviais.
Lamentavelmente, não deu para fotografar a “mala sem alça” da tartaruga que devia estar atrapalhando o trânsito aquático de resíduos urbanos para o Oceano Atlântico. Há algumas décadas, nessa época do outono e na chegada do inverno, era possível ver na subida no Rio Grande cardumes de tainhas e de paratis. Hoje, as primeiras, podem ser encontradas amontoadas no mercado municipal, depois de terem rodado sob o gelo, vindas de diferentes entrepostos comerciais de pescados, espalhados pelo estado e região. Sinais dos tempos.
Segundo o livro “História Geológica da Vida” [2] de A. Lee McAlester, página 123, segundo parágrafo, “(…) Desde que surgiram os quelônios, no triássico inferior, foram muito poucas as mudanças sofridas. Parece que a sua carapaça e seus hábitos aquáticos e omnívoros foram-lhes eficazes durante os períodos de crise que eliminou a maior parte dos seus aparentados. (…).”
Por isso, as “desavisadas” atuais tartarugas que se cuidem, se quiserem continuar nadando na água salgada, porque o dia delas pode estar contado e esses omnívoros podem nem ver o próximo show da Madonna.
Fontes
[1] Artigo “Praias indo pro beleléu”.
https://cacamedeirosfilho.blogspot.com/2024/01/praias-indo-pro-beleleu.html?view=magazine
[2] Livro “História Geológica da Vida” de A. Lee McAlester. Editora Edgard Blücher Ltda. 1969. 174 páginas.
*Heraldo Campos é geólogo (Instituto de Geociências e Ciências Exatas da UNESP, 1976), mestre em Geologia Geral e de Aplicação e doutor em Ciências (Instituto de Geociências da USP, 1987 e 1993) e pós-doutor em hidrogeologia (Universidad Politécnica de Cataluña e Escola de Engenharia de São Carlos da USP, 2000 e 2010).
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in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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