REPAM-Brasil lança série de programas de rádio em campanha “Qual o preço do ouro?”
A Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM-Brasil preparou uma série especial de programas de rádio e spots informativos dedicados à campanha “Qual o preço do ouro? Benefício de poucos, prejuízo de muitos!”. O objetivo da ação é conscientizar sobre os impactos do garimpo ilegal de ouro na Amazônia.
Foram produzidos cinco programas especiais que serão veiculados no podcast Ecos da Amazônia, da REPAM-Brasil, nas principais rádios católicas e comunitárias da região da Amazônia, além de spots informativos sobre o tema. As emissoras foram escolhidas estrategicamente, de acordo com a abrangência, audiência e proximidade das áreas com maior incidência de mineração em Terras Indígenas e Unidades de Conservação (UCs) de Proteção Integral da Amazônia Legal. De maneira leve e agradável, os diálogos trazem informações educativas sobre os impactos do garimpo do ouro, produção e exportação, órgãos de fiscalização, a importância das áreas de conservação; os cuidados com a população.
Para Padre Dário, membro Comissão Especial para a Ecologia Integral e Mineração da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a maior parte do garimpo ilegal de ouro na Amazônia tornou-se oportunidade de lavagem de dinheiro e nova geração de renda para as máfias e o narcotráfico. Assim, o ouro ilegal na Amazônia é sinônimo de morte, poluição, destruição e ataque aos povos e seus territórios.
“Deveria haver campanhas de boicote ao ouro, inclusive dentro da própria Igreja. Ainda não foram implementadas no Brasil regras que imponham o rastreamento da cadeia de extração e venda do ouro; a própria restrição do comércio de mercúrio e investimentos permanentes na fiscalização dos voos e do comércio de máquinas pesadas para o garimpo são medidas eficazes para enfrentar essa ilegalidade. No XI Fórum Social Panamazônico (Fospa), que se realizará em Bolívia no mês de junho, estes temas serão aprofundados, a partir da experiência e das denúncias dos povos que resistem, em defesa da vida”, declara o missionário comboniano e assessor da REPAM-Brasil.
A comunicação da campanha explica que o rádio foi o veículo escolhido por se tratar de um meio de comunicação mais acessível às comunidades na Amazônia. “O rádio é o meio de comunicação mais ouvido na Amazônia devido à distância geográfica e a infraestrutura. Ele chega nas regiões mais afastados, como comunidades tradicionais, ribeirinhas e indígenas, onde outras tecnologias encontram limitações. Então, para esses povos e comunidades, o rádio é o único canal de informação e é por esse canal que muitos se inspiram e vão à luta, se organizam e se mobilizam para lutar por seus direitos”, destaca a comunicadora da Rede, Ana Caroline Lira.
Qual o preço do ouro?
A busca pelo ouro na Amazônia cresceu nos últimos anos, impulsionada pelo aumento da demanda e o cenário político favorável ao garimpo. A explosão do garimpo ilegal na região tem provocado uma série de impactos ambientais e sociais negativos. Mas a devastação tem seu preço, segundo o Ministério Público Federal, 1 kg de ouro representa cerca de R$ 1,7 milhão em danos ambientais, gerando um custo ambiental dez vezes maior que o preço real do ouro.
Mais de 80% do ouro retirado da Amazônia (WWF, 2018) tem como destino a Europa (39%) e a América do Norte (44%). Cerca de 66% do ouro “sobre a terra” está no setor de joias, barras e moedas. Os bancos nacionais ou comerciais também adquirem uma parte substancial dele na forma de reservas (17%). 81% do ouro sai do tríplice fronteira amazônica Brasil, Colômbia e Peru e 69% deste ouro vai para outros três países, Canadá, Suíça e EUA.
Nos últimos anos, o comércio ilegal de ouro cresceu, com facções do crime organizado empregando meios sofisticados para retirar quantidades significativas de ouro da região amazônica. Esses grupos frequentemente usam documentos falsos e subornos para não serem notados pelas autoridades.
A campanha de rádios “Qual é o preço do Ouro? Benefício de poucos, prejuízo de muitos!” é uma realização da REPAM-Brasil, com apoio de rádios locais na Amazônia.
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in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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