Aumenta a geração de lixo plástico pela Amazon
Artigo de Vivaldo José Breternitz
Apesar de a Amazon ter assumido compromissos no sentido de reduzir o uso de plástico nas embalagens dos produtos que vende, recente relatório da Oceana, organização sem fins lucrativos que trabalha pela proteção dos oceanos, apontou que essa redução não está acontecendo, ao menos nos Estados Unidos, principal mercado da empresa.
E o que é pior, em 2022 a companhia gerou cerca de 95 mil toneladas de lixo plástico naquele país, 9.6% mais que ano anterior – desse total, 10 mil toneladas chegam aos rios e oceanos.
Não há muita transparência sobre a quantidade de lixo plástico gerado pela Amazon; seu relatório de sustentabilidade mais recente, relativo a 2022, não fornece dados por país e também não computa a totalidade de lixo plástico gerado por pedidos atendidos por seus parceiros.
Em função dessa falta de clareza, para chegar a esses números a Oceana utilizou dados fornecidos por empresas de pesquisa de mercado e fez ajustes com base em declarações feitas pela Amazon sobre medidas que teria tomado para reduzir a geração de lixo.
Falando ao portal The Verge, o executivo da Amazon Pat Lindner, chamou o relatório da Oceana de “enganoso, com informações exageradas e imprecisas sobre nossas embalagens plásticas” e chamou a atenção para o “esforço que há vários anos a empresa vem fazendo para eliminar embalagens plásticas”.
A Amazon deixou de utilizar sacolas plásticas descartáveis para entregas de pedidos enviados a partir de seus centros de atendimento na Europa em 2022 – já havia feito o mesmo na Índia em 2020. No entanto, vem sendo lenta ao fazer essas mudanças nos Estados Unidos, onde apenas em 2023 um dos seus centros de distribuição, em Ohio, se tornou o primeiro do país a substituir embalagens plásticas por alternativas de papel, em 2023.
Nos Estados Unidos, sacolas plásticas usadas para embalagem geralmente não são aceitas em programas de reciclagem, pois esse tipo de plástico é mais difícil de processar do que garrafas. Os consumidores que desejam desviá-las de aterros sanitários e incineradores precisam levá-las a locais de coleta específicos, o que praticamente não acontece.
A postura da Amazon é típica de empresas que visam quase que exclusivamente aumentar seus lucros, sem preocupações sérias com o meio ambiente e que, visando melhorar sua imagem pública, praticam algum greenwashing.
Felizmente, há organizações como a Oceana que as enfrentam e trazem ao público o que vem acontecendo.
(*) Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – vjnitz@gmail.com.
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in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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