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Artigo

Lixo eletrônico: geração cresce mais que a reciclagem

 

lixo eletrônico
Lixo eletrônico. Foto: ONU

 

Entenda as tendências, estatísticas e a necessidade urgente de soluções sustentáveis para o manejo do lixo eletrônico (e-waste)

Artigo de Vivaldo José Breternitz

Chamamos “lixo eletrônico” ou “e-waste” os dispositivos que funcionam conectados à rede elétrica ou baterias que são descartados, tais como celulares, brinquedos, televisores, fornos de micro-ondas, cigarros eletrônicos, computadores portáteis, painéis solares e baterias.

Agências da ONU acabam de divulgar relatórios dando conta que a geração de e-waste está aumentando em todo o mundo, enquanto as taxas de reciclagem permanecem baixas e provavelmente cairão ainda mais. Não estão incluídos nos dados divulgados os resíduos gerados por veículos elétricos, que se enquadram em uma categoria separada.

Segundo esses relatórios, cerca de 62 milhões de toneladas de “e-waste” foram geradas em 2022. Esse número pode chegar a 82 milhões de toneladas até 2030.

Metais como cobre, ouro, ferro e terras raras representam a metade do peso do e-waste gerado e valem cerca de US$ 91 bilhões, segundo o relatório. Os plásticos representam 17 milhões de toneladas e os 14 milhões de toneladas restantes são compostos por vidro e outros materiais.

Segundo a ONU, 22% da massa de lixo eletrônico foi coletada e reciclada adequadamente em 2022, devendo esse número cair para 20% até o final da década, principalmente em função do aumento do uso desses equipamentos, ciclos de vida de produtos mais curtos, poucas opções para reparo e infraestrutura inadequada de processamento do e-waste.

Apenas 1% da demanda pelas valiosas terras raras, necessárias à fabricação desses produtos, é atendida pela reciclagem.

Cerca de metade de todo o lixo eletrônico é gerado na Ásia, onde poucos países possuem legislação adequada acerca do assunto, cuja aplicação geralmente não é feita de forma rígida. As taxas de reciclagem e coleta ultrapassam 40% na Europa, onde a geração de resíduos per capita é a maior do mundo, chegando quase a 18 kg por ano. Na África, que gera menos e-waste que os demais continentes, as taxas de reciclagem e coleta giram em torno de 1%.

“As pesquisas mais recentes mostram que o desafio global representado pelo lixo eletrônico só vai crescer”, disse Cosmas Zavazava, executivo da International Telecommunication Union, uma das agências da ONU responsáveis pela elaboração dos relatórios. Zavazava disse também que menos da metade do mundo aborda adequadamente o problema e que é necessária regulamentação eficiente para impulsionar a coleta e a reciclagem.

Esse tema merece a atenção de governos, empresas e da sociedade em geral, pelos impactos que pode trazer ao meio ambiente.

Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – vjnitz@gmail.com.

 

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in EcoDebate, ISSN 2446-9394

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