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Artigo

Conversa de bar

 

artigo de opinião

Artigo de Montserrat Martins

Quem tem a solução para o Brasil está dirigindo carros ou cortando cabelos, ironizou Luís Fernando Veríssimo, sobre as conversas com soluções fáceis para problemas complexos.

Você já viu isso em conversa de bar, não viu? Com uns goles a mais surgem ideias mágicas, tipo “a solução é alugar o Brasil” (música irônica do Raul Seixas) que, sob efeito do álcool, pode parecer uma boa ideia.

Até o início do século (25 anos atrás já é século passado) o fanatismo era coisa do futebol e a política não empolgava tanto. Quem falava em política, citava informações e argumentos lógicos, falar bobagem em mesa de bar era coisa da paixão pelo seu time, com as baixarias “de quinta série”, como o jogador que teria ficado com a mulher de um do outro time, tipo assim, bem raso. Política era assunto intelectual, futebol era passional.

O nível do futebol como assunto subiu, há informação científica sobre alto rendimento, debate sobre esquemas táticos, funções que os jogadores tem de cumprir em campo e até a personalidade dos atletas e comissão técnica, espírito de grupo, liderança, gestão de grupo, ou seja, o esporte visto como uma ciência – que realmente é.

Inversão de papéis: a seriedade de análise que chegou ao futebol parece ter abandonado a política, hoje é raro um debate sério, de nível científico, sobre conjuntura (macroeconomia, por exemplo). Em vez disso, uma sucessão de baixarias (reais ou inventadas) sobre as figuras públicas.

“Cuidado com o que você pede, pois pode ser atendido”, diz um preceito espiritual. Estou entre os que achava que seria bom o dia em que as pessoas se empolgassem mais com a política com o futebol. Também ouvi isso na mídia, comentaristas diziam “o dia que o brasileiro for tão apaixonado por política quanto por futebol”… Pois deu efeito contrário. Em vez da empolgação melhorar as coisas, elas ficaram mais polarizadas, rasas e rotulativas, menos inteligentes.

Nós, que desejamos que a política empolgasse tanto quanto o futebol, temos rever esse “pedido”. Para subir o nível de informação da política, para ser mais séria, científica, pelo menos de acordo com futebol atual.

No programa de rádio “Sala de Redação”, por exemplo, tem o colorado Guerrinha dizendo coisas interessantes sobre o esquema do Grêmio e o gremista CCD fazendo avaliações inteligentes sobre os jogadores do Inter.

Será que, algum dia, poderemos ouvir coisas inteligentes e não ofensivas, sendo ditas por adversários políticos?

Montserrat Martins é Psiquiatra.

 

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in EcoDebate, ISSN 2446-9394

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One thought on “Conversa de bar

  • Luiz Fernando P. Mariano

    Impetraram o narco/populismo, misturado com uma dose de ditadura do Judiciário, no país. Nada mais faz sentido para eles, o que importa é destruir os valores que herdamos e que por anos prevaleceu. Família, Religião, Educação, Respeito as convenções para convívio mútuo, e a real democracia. As novas gerações, se nada fizermos, herdará um país dizimado, sem ordem, sem cumprimento de leis, sem religião e amor à família!!

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