Estudo alerta para o efeito da poluição plástica no coração
Nós respiramos, comemos e bebemos pequenas partículas de plástico. Mas essas partículas no corpo são inofensivas, perigosas ou em algum lugar no meio?
Um estudo publicado no New England Journal of Medicine levanta mais perguntas do que respostas sobre como essas partículas – microplásticos e os nanoplásticos – podem afetar o coração.
O estudo italiano tem falhas e limites, mas é provável que chame a atenção para o debate sobre o problema da poluição por plásticos. A maioria dos resíduos plásticos nunca é reciclada e se decompõe nessas partículas.
O estudo envolveu 257 pessoas que fizeram uma cirurgia para limpar os vasos sanguíneos bloqueados no pescoço. Pesquisadores italianos analisaram o acúmulo de gordura que os cirurgiões removeram das artérias carótidas, que fornecem sangue e oxigênio para o cérebro.
Usando dois métodos, eles encontraram evidências de plásticos – principalmente nanoplásticos invisíveis – na placa arterial de 150 pacientes e nenhuma evidência de plásticos em 107 pacientes.
Eles seguiram essas pessoas por três anos. Durante esse tempo, 30 ou 20% das pessoas com plástico tiveram um ataque cardíaco, derrame ou morreram de qualquer causa, em comparação com oito ou cerca de 8% daqueles sem evidência de plástico.
Os pesquisadores também encontraram mais evidências de inflamação nas pessoas com os pedaços de plástico em seus vasos sanguíneos. A inflamação é a resposta do corpo a lesões e é tem potencial para aumentar o risco de ataques cardíacos e derrames.
Limites e Críticas ao Estudo
É muito pequeno e focado apenas para pessoas com artérias estreitadas, que já estavam em risco de ataque cardíaco e acidente vascular cerebral. Os pacientes com os plásticos tinham mais doenças cardíacas, diabetes e colesterol alto do que os pacientes sem plástico. Eles eram mais propensos a serem homens e mais propensos a serem fumantes.
Os pesquisadores tentaram ajustar esses fatores de risco durante sua análise estatística, mas podem ter perdido diferenças importantes entre os grupos que poderiam explicar os resultados.
Este tipo de estudo não pode provar que os plásticos causaram seus problemas.
Os pesquisadores não tinham informações sobre o que as pessoas consumiam ou respiravam que pudessem explicar os plásticos.
Os espécimes podem ter sido contaminados no laboratório. Os pesquisadores reconhecem isso em seu artigo e sugerem que estudos futuros sejam feitos em salas limpas onde o ar é filtrado para poluentes.
Os pesquisadores sugerem que o risco de ataque cardíaco, acidente vascular cerebral ou morte foi quatro vezes maior nas pessoas com os plásticos. É uma proporção excepcionalmente alta e que precisa ser confirmada.
O estudo efetivamente não prova causa e efeito, mas sugere causa e efeito, devendo ser replicado ou refutado por outros estudos, feitos por outros pesquisadores em outras populações.
Referências:
Raffaele Marfella et al, Microplastics and Nanoplastics in Atheromas and Cardiovascular Events, New England Journal of Medicine (2024). DOI: 10.1056/NEJMoa2309822
Philip J. Landrigan, Plastics, Fossil Carbon, and the Heart, New England Journal of Medicine (2024). DOI: 10.1056/NEJMe2400683
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in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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