Queda de Árvores nas Cidades: Diagnóstico e Soluções
Queda de Árvores nas Cidades: Diagnóstico e Soluções, artigo de Álvaro Rodrigues dos Santos
Recorrentemente a todo final/início de ano repete-se a mesma novela: enchentes e quedas de árvores trazendo incômodos e tragédias para a população urbana.
Dois fenômenos pelos quais ao homem, por seus erros, cabe a total responsabilidade. Com especial destaque para as evidentes responsabilidades das administrações municipais. No caso específico das árvores, por proceder ou permitir o plantio de espécies arbóreas inteiramente inadequadas às especificidades do espaço urbano.
Em cidades como as nossas, de fiação aérea, tubulações enterradas sob a calçada e sarjetas e intenso trânsito de veículos e pedestres, nunca se poderia adotar árvores de grande porte, enraizamento destrutivo, fraca resistência ao ataque de pragas e extremamente vulneráveis a ventos mais intensos.
Nossas conhecidas Tipuanas (Tipuana tipu), Sibipirunas (Caesalpinia pluviosa), Falsas Seringueiras (Ficus elastica), Figueiras Benjamin (Ficus benjamina), Eucaliptos (Eucalyptus), Jacarandá-mimoso (Jacarandá mimosaefolia), Quaresmeiras (Tibouchina granulosa) e outras, dominantes ao menos na cena arbórea paulistana, constituem os exemplos mais evidentes dessa inadequação, sendo comuns promotoras de vítimas, muitas delas fatais, e imensos prejuízos patrimoniais com a queda de seus galhos, com seu tombamento total ou com intercorrências com a rede elétrica.
Infelizmente, essas espécies foram generosamente e livremente espalhadas por nossas calçadas e praças, talvez por suas características de fácil reprodução, rápido crescimento e segura pega.
Com absoluta certeza um programa de médio prazo, algo como cinco anos, de impedimento de novos plantios, de remoção e progressiva substituição dessas espécies arbóreas inadequadas já eliminaria algo como 90% dos problemas com quedas de árvores e galhos.
A solução desse histórico problema por certo se completaria com um concomitante programa de monitoramento e orientação da população para o plantio de espécies arbóreas de pequeno e médio portes adequadas ao espaço urbano, incluindo oferta de mudas e cuidados de manutenção.
Percebe-se que não é difícil e nem impossível vislumbrar e aplicar uma virtuosa e prática solução para essa novela que recorrentemente atormenta as populações urbanas, a ponto de ser muito difícil imaginar as razões pelas quais nossas administrações municipais não tem tido a iniciativa de implementar esses programas.
Enfim, plantemos muitas árvores, milhões e milhões de árvores em nossas cidades, elas nos são absolutamente necessárias, inclusive no combate às enchentes por aumentarem a capacidade do espaço urbano em reter as águas de chuva, apenas tomemos o inteligente cuidado de plantar as espécies arbóreas adequadas ao espaço a que se destinam.
Geól. Álvaro Rodrigues dos Santos (santosalvaro@uol.com.br)
Ex-Diretor de Planejamento e Gestão do IPT e Ex-Diretor da Divisão de Geologia
Autor dos livros “Geologia de Engenharia: Conceitos, Método e Prática”, “A Grande Barreira da Serra do Mar”, “Diálogos Geológicos”, “Cubatão”, “Enchentes e Deslizamentos: Causas e Soluções”, “Manual Básico para Elaboração e Uso da Carta Geotécnica”, “Cidades e Geologia”
Consultor em Geologia de Engenharia, Geotecnia e Meio Ambiente
[ Se você gostou desse artigo, deixe um comentário. Além disso, compartilhe esse post em suas redes sociais, assim você ajuda a socializar a informação socioambiental ]
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
A manutenção da revista eletrônica EcoDebate é possível graças ao apoio técnico e hospedagem da Porto Fácil.
[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à EcoDebate com link e, se for o caso, à fonte primária da informação ]