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Artigo

O homem no Antropoceno: impactos positivos são possíveis

 

artigo de opinião

O homem no Antropoceno: impactos positivos são possíveis, artigo de Raquel de Carvalho Dumith

O desafio é universal e os desastres ambientais cada vez mais recorrentes evidenciam que urge uma sinergia solidária concreta não somente entre os grandes agentes políticos e econômicos, mas entre cada cidadão

As divisões das eras geológicas são marcadas por rupturas ocasionadas por agentes/fenômenos de escala global. Apesar da discussão não encerrada se o homem possui a propriedade de um agente geológico capaz de modificar estruturalmente o Planeta Terra, há uma corrente de cientistas que defende que no século XX deu-se início a um novo tempo: o Antropoceno.

Com o advento da globalização no âmbito técnico-científico-informacional, as distâncias na comunicação e trocas e conhecimento foram encurtadas e otimizadas. Contudo, houve também o aumento das tensões geopolíticas no que tange à exploração, processamento e comercialização dos recursos naturais.

A busca pelo aumento de acúmulo do capital no mercado financeiro pelas grandes corporações transnacionais não costuma respeitar preceitos ecológicos e humanos, trazendo fortemente traços colonialistas que alimentam as históricas desigualdades sociais estruturais no Planeta.

Portanto, vê-se um paradoxo: apesar do significativo avanço em várias esferas decorrente do desenvolvimento científico e tecnológico – exemplo disso é a recente viagem para o espaço de um civil aventureiro e milionário –, milhões de pessoas ainda vivem na faixa da miséria. Assim, continua havendo concentração de muito nas mãos de poucos.

O fato de as fronteiras físico naturais não serem condizentes com as políticas impõe cada vez mais agendas comuns entre países ao redor do mundo para tentar solucionar os conflitos socioambientais. Ocorre que os interesses econômicos (e economicistas) não permitem a célere execução do pouco que se consegue acordar em termos de diretrizes, ações e metas comuns de padrões voltados para a sustentabilidade.

Sem dúvida, o desafio é universal e os desastres ambientais cada vez mais recorrentes evidenciam que urge uma sinergia solidária concreta não somente entre os grandes agentes políticos e econômicos, mas entre cada cidadão. Independentemente de cargo político, jurídico ou outro, qualquer pessoa compõe o “sistema-Terra” e almeja uma vida digna para si.

Talvez, o desafio da sustentabilidade não seja tão complexo; a fórmula básica de “não fazer para o outro aquilo que não gostaria que fizessem para si” deveria ser um guia panaceico.

Então, não são os avanços tecnológicos que salvarão ou destruirão o planeta, mas sim a existência ou não de valores éticos e solidários, até porque, por trás dos citados avanços, há pessoas – e há quem diga que atualmente vive-se no Antropoceno.

Raquel de Carvalho Dumith
Doutora em Geografia

 

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in EcoDebate, ISSN 2446-9394

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