Repensar a sociedade para garantir nossa sobrevivência
Repensar a sociedade para garantir nossa sobrevivência, artigo de Antonio Borges
Falar sobre combate às mudanças climáticas e ao desmatamento já se tornou exigência em qualquer espaço da sociedade, seja no Brasil ou no mundo.
O tema fica em evidência a medida que aumentam as notícias de desastres naturais, que tem impactado no dia a dia da população, mudando completamente suas vidas. Precisamos ver esses eventos naturais como alertas quanto aos desafios que enfrentaremos num futuro próximo!
Conseguimos enxergar um esforço global para conter o aumento da temperatura global, mas o problema real vai muito além das ideias mirabolantes para sequestro de carbono e até mesmo do plantio de novas florestas. Infelizmente, vivemos numa sociedade baseada no conceito de que o dinheiro pode resolver qualquer problema, no entanto, a solução para os problemas climáticos não pode ser comprada, ela deve ser construída.
E, para iniciarmos essa construção, precisamos relembrar o conceito de ecossistema: um conjunto de comunidades que vivem em um determinado local e interagem entre si e com o meio ambiente, constituindo um sistema estável, equilibrado e autossuficiente. Ou seja, precisamos analisar, estudar, aprender e compreender em que estágio estamos na interação entre os diversos organismos – fauna, flora e ser humano.
O planeta passa pelo seu momento mais crítico de toda a história, haja visto os recorrentes danos causados pelas mudanças climáticas. Apesar de estarem cada vez mais evidentes, nós ainda não entendemos que as pessoas são “o problema” e a “solução”, e que não temos tempo hábil para medidas paliativas. Afinal estamos todos sujeitos às catástrofes ambientais.
Quando a temperatura do planeta se eleva, quando o nível do mar sobe, quando surgem os ciclones, furacões, chuvas fortes… Perdem-se alimentos no agronegócio, matéria prima na produção da indústria, moradias e vidas na sociedade. Por isso, não existirá uma transformação completa no mundo se restaurarmos apenas as florestas, uma vez que a sociedade é parte fundamental deste meio. Dito isto, a pergunta que deixo aqui para reflexão é: Quem está cuidando de quem está cuidando das nossas florestas?
Para construirmos essa solução, em busca de um mundo cada vez mais regenerativo de uma transformação realmente efetiva, dependemos de toda a população, independente de raça, credo ou classe social. Precisamos conectar o capital às situações necessárias, compreendendo que cada pessoa pode necessitar de uma solução diferente – e não que um único produto, milagrosamente, possibilite a mobilidade social, vertical e crescente. Por isso, quando se fala em igualdade social, o debate não pode ser dito e enxergado como uma mera medida de “socorro” às minorias, mas sim como uma ferramenta necessária para a construção de uma nova sociedade sustentável.
O reflorestamento e o combate ao desmatamento são apenas uma parte desse processo. Os recursos financeiros obtidos por meio do restauro florestal, por exemplo, enquanto promove a transformação na natureza é também um investimento nos trabalhadores rurais que enfrentam esse trabalho exaustivo em prol da proteção ambiental – seja através da educação, saúde, moradia e outras necessidades básicas para eles e suas famílias, promovendo oportunidades reais de mudança de vida.
O Brasil hoje, se qualifica para estar à frente deste debate global, já que possui uma atenção do poder público voltado para este tema, bem como, ser considerado uma espécie de prestador de serviços ambientais. E, por isso, é necessária a criação de uma política de enfrentamento às mudanças climáticas e ao impacto ao meio ambiente, que tenha dentro do escopo a preservação do meio ambiente e o incentivo ao desenvolvimento sustentável de toda a sociedade, com foco em aspectos como biotecnologia, segurança das fronteiras, no desenvolvimento de ferramentas para os produtores, na modernização da agricultura, e, claro, no combate a desigualdade.
Precisamos tomar esse lugar de pioneirismo, reunir todos e colocar as cartas na mesa para pensarmos juntos como podemos regenerar todo o ecossistema de forma que todos possamos interagir com o planeta ao invés de explorá-lo.
*Antonio Borges é CEO da PlantVerd, empresa fornecedora de serviços que transformam ecossistemas.
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in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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