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El Niño deve aumentar volume de chuvas nos próximos meses na região Sul

 

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Foto: Foto: Marcelo Camargo – ABr/MCTI

El Niño deve aumentar volume de chuvas nos próximos meses na região Sul

Um dos efeitos do fenômeno El Niño no padrão climático regional para a América do Sul é o aumento das chuvas no Sul do Brasil e de seca nas regiões Norte e Nordeste.

Um sistema frontal com características quase estacionárias foi o principal responsável pelas precipitações históricas que desencadearam as inundações no centro-norte do Rio Grande do Sul na semana passada. Essa é a explicação para os principais fatores que contribuíram para o desastre ocorrido no estado que atingiu 100 municípios.

De acordo com nota técnica do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), uma frente fria, que se originou na Argentina e estacionou sobre o Rio Grande do Sul, aliada a um sistema de baixa pressão nos altos níveis da atmosfera motivaram as precipitações de quase 300 mm em algumas regiões do estado. Para se ter ideia da dimensão, choveu em cinco dias o dobro do historicamente registrado para todo o mês de setembro.

A frente provocou as primeiras precipitações em 1o de setembro. Entre os dias 2 e 3, quando estacionou sobre o Rio Grande do Sul, manteve chuvas constantes. Na segunda-feira (4), o sistema de baixa pressão, que absorve a umidade da superfície e a leva até altas altitudes, intensificou a chuva, retroalimentando o sistema.

Decorrente dos volumes que caíram entre os dias 01 e 05, várias bacias hidrográficas registraram inundações bruscas. O rio Taquari subiu rápido na cabeceira e na parte do terço médio, e propagou uma onda de cheia ao longo do seu curso. Dados do Serviço Geológico do Brasil – CPRM que constam da nota técnica publicada nesta quinta-feira (14) pelo Cemaden sobre o nível do rio Taquari no município de Muçum (RS) mostram o rápido aumento do nível entre a cota de atenção e a cota de inundação.

Para o coordenador-geral de Operações e Modelagem do Cemaden, Marcelo Seluchi, uma das possíveis explicações para a combinação de sistemas meteorológicos que estão incidindo sobre o Rio Grande do Sul é o El Niño. O fenômeno aquece de modo anormal as águas em até 100 metros de profundidade do Oceano Pacífico Equatorial Central até a costa do Peru e do Equador. Iniciado em meados de maio, o fenômeno provoca alterações nos ventos e na precipitação, modificando a circulação atmosférica planetária.

Seluchi alerta que o El Niño ainda não atingiu a intensidade máxima e não descarta que situações simulares possam se repetir nos próximos meses. A previsão é de chuvas acima da média para o Sul do Brasil, ao menos até novembro.

Um dos efeitos desse fenômeno no padrão climático regional para a América do Sul é o aumento das chuvas no Sul do Brasil e de seca nas regiões Norte e Nordeste. O fenômeno altera o comportamento dos sistemas frontais, que são regiões de encontro de massas de ar quentes e frias e que estão associadas à ocorrência de chuva. Durante os anos de El Niño, as frentes frias se posicionam com maior frequência sobre a região Sul do Brasil e, com isso, as precipitações se tornam mais assíduas e volumosas.

“Em anos de El Niño, as frentes frias param mais sobre a região Sul”, afirma Seluchi. Ele explica que isso não é um padrão para todas as frentes frias, mas há uma tendência de ocorrer com mais frequência.

Para compreender por que as frentes frias ‘estacionam’ sobre a região é importante entender outra alteração provocada pelo El Niño. O aumento das temperaturas nas proximidades do Equador amplia a deferência térmica entre as latitudes equatoriais e polares, o que traz como consequência uma maior intensidade e estabilidade dos “jatos”, que são canais de ventos intensos que ocorrem na alta atmosfera e que controlam o comportamento das frentes frias. Assim, durante anos do El Niño, esses jatos tendem a se posicionar sobre a região Sul, motivando a alta frequência de passagens frontais sobre essa região e, em decorrência, um maior acumulado pluviométrico.

Fonte: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI)

 

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in EcoDebate, ISSN 2446-9394

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