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Empresas de petróleo e gás lucram enquanto a crise climática global se agrava

 

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Empresas de petróleo e gás lucram enquanto a crise climática global se agrava

Empresas do setor se beneficiam de subsídios abundantes, enquanto destroem o clima global e pressionam o custo de vida

Por Peri Dias, 350.org

Nesta quinta-feira (03/08), ao anunciar ao mercado seus resultados financeiros do 2º trimestre de 2023, a Petrobras deve se somar à lista de empresas do setor que estão obtendo lucros extraordinários às custas das condições de vida de milhões de famílias em todo o planeta e do agravamento da crise climática global.

Desde 2022, companhias do setor fóssil vêm registrando, trimestre a trimestre, resultados recordes ou muito elevados em relação à sua média histórica. No mesmo período, a alta da inflação global, em boa medida puxada pelo custo da energia e dos combustíveis, agravou a desigualdade social em diversos países, e a crise climática, que tem na queima de combustíveis fósseis sua principal causa, avançou rapidamente.

Analistas de mercado preveem que o lucro líquido da Petrobras para o período entre abril e junho de 2023 deve ficar em torno de 26 bilhões de reais. No primeiro trimestre, a cifra alcançou 38,2 bilhões de reais. Confirmada a previsão dos especialistas, a empresa terá registrado mais de 64 bilhões de reais de lucro líquido em apenas meio ano.

“Enquanto a Petrobras anuncia lucros exorbitantes, a maioria dos brasileiros luta para pagar suas contas básicas, incluindo as de transporte e alimentação, que são bastante influenciadas pelo modelo de circulação de pessoas e de mercadorias que o país escolheu nas últimas décadas, centrado em combustíveis fósseis”, afirma Ilan Zugman, diretor da 350.org na América Latina. “Para piorar, nos últimos anos, o governo brasileiro ampliou os estímulos a termelétricas a gás e carvão como parte da matriz elétrica, o que deixa a conta de luz ainda mais cara. Os combustíveis fósseis estão comendo uma fatia crescente do orçamento das famílias”, completa Zugman.

Outras gigantes mundiais do setor também atravessam um período de bonança, que contrasta com a piora geral do poder de compra da população. Exxon, Shell, TotalEnergies e Chevron registraram, em conjunto, lucro de mais de 25 bilhões de libras (155 bilhões de reais) só no primeiro trimestre do ano.

“As empresas de petróleo e gás funcionam assim em todo o mundo, são Robin Hood às avessas: empobrecem quem já é pobre e enriquecem quem já é rico. O Brasil só corrigirá esse problema quando investir fortemente em energia renovável e deixar os combustíveis fósseis no passado”, diz Ilan Zugman.

Apesar dos conhecidos impactos dos combustíveis fósseis sobre o clima global e os biomas, governos do mundo inteiro seguem destinando um volume ultrajante de subsídios para o consumo de petróleo, gás e carvão. Em 2022, a cifra ultrapassou 1 trilhão de dólares, segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), o maior valor desde o início da série histórica, em 2010.

Simultaneamente, as temperaturas globais também estão batendo recordes, impulsionadas pelo aquecimento global, que tem no consumo de petróleo, gás e carvão sua causa principal.

De acordo com a Agência Espacial dos Estados Unidos (NASA), os últimos oito anos foram os mais quentes desde o início dos registros, há 140 anos, e este ano vem seguindo o mesmo padrão. Julho de 2023 foi, provavelmente, o mês mais quente da história.

“Para a grande maioria das pessoas, o mundo está mais perigoso e caro por causa dos combustíveis fósseis. Os únicos que se beneficiam da expansão das empresas de petróleo e gás como a Petrobras são os grandes acionistas”, afirma Ilan Zugman.

 

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in EcoDebate, ISSN 2446-9394

 

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