Os 25 países com maior IDH e os Brics: 2000-2021
Os 25 países com maior IDH e os Brics: 2000-2021, artigo de José Eustáquio Diniz Alves
O IDH do mundo cresceu bastante nas últimas décadas, mas às custas de uma ampla degradação ambiental. Hoje em dia a humanidade já superou a capacidade de carga do Planeta
“Não quero luxo nem lixo
Quero saúde pra gozar no final”
Rita Lee (1947-2023)
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é um indicador estatístico composto por 3 componentes: saúde, educação e renda, por meio da expectativa de vida, da média de anos de escolaridade completados e anos esperados de escolaridade ao entrar no sistema educacional e indicadores de renda per capita. O IDH é um dos melhores índices disponíveis para se avaliar o desenvolvimento humano dos países.
De modo geral, o IDH tem crescido nas últimas décadas. O Índice de Desenvolvimento Humano para o mundo cresceu cerca de 0,05 entre a última década do século XX e a primeira década do século XXI, atingindo 0,645 no ano 2000. Na década passada o IDH global passou de 0,697 em 2010 para 0,732 em 2021, o menor ritmo de avanço desde a criação do indicador. A tabela abaixo mostra os 25 países com maior IDH em 2000 e 2021 e também os dados para os 5 países do grupo BRICS. Houve avanços em todos os países, mas em ritmos diferenciados.
O líder do ranking no ano 2000 era a Noruega e o líder em 2021 foi a Suíça, com a Noruega caindo para o segundo lugar. Os Estados Unidos da América (EUA) tinham um IDH de 0,891 em 2000, ocupando o sexto lugar no ranking, passou para um IDH de 0,921 em 2021, mas despencou para o 21º lugar. Outros países que caíram no ranking (embora tenham elevado o IDH) foram Holanda, Canadá, Bélgica, Japão, Áustria e Israel.
Os países que tiveram os maiores avanços foram a Suíça, Islândia, Hong Kong, Singapura, Coreia do Sul, Malta e Eslovênia (estes dois últimos países nem estavam entre os 25 países com maior IDH em 2000). Já a França e a Itália saíram da lista dos 25 países com maior IDH entre 2000 e 2021.
Entre os países do grupo BRICS, a Rússia tem o maior IDH, sendo 0,822 em 2021, pertencente ao grupo de muito alto Desenvolvimento Humano. O Brasil vinha em seguida no ano 2000, mas nas últimas 2 décadas foi ultrapassado pela China. A África do Sul tem o quarto IDH dos BRICS e a Índia o quinto.
O IDH do mundo cresceu 13,5% entre os anos 2000 e 2001. Praticamente, todos os 25 países do topo do ranking cresceram menos do que a média global, pois já estão próximos do limite máximo que é 1,000 (um). Entre os BRICS, a Rússia, o Brasil e a África do Sul tiveram variação do IDH abaixo da média global. A China teve o maior avanço percentual, com aumento de 31,5% entre 2000 e 2021 e a Índia teve aumento de 28,9% no período, embora tenha o menor nível do IDH dos 5 países do grupo BRICS.
O IDH do mundo cresceu bastante nas últimas décadas, mas às custas de uma ampla degradação ambiental. Hoje em dia a humanidade já superou a capacidade de carga do Planeta e a população mundial já está pagando o preço da crise climática e ecológica.
Como mostrei no artigo “O mundo vive o risco de uma década perdida no desenvolvimento humano” (Alves, 27/01/2023), a atual década traz o desafio de retomada do desenvolvimento humano com sustentabilidade ambiental.
O Brasil que é o 5º maior território, o 7º país mais populoso e está entre as 10 maiores economias do mundo, em tamanho do PIB, mas estava em 81º lugar no ranking do IDH no ano 2000 e caiu para 87º lugar em 2021. Existem 66 países com IDH acima de 0,800 e 50 países com IDH entre 0,700 e 0,799. O Brasil está neste segundo grupo e parece que dificilmente conseguirá dar o salto para o grupo do topo do ranking (onde estão Chile, Argentina e Uruguai).
O Brasil corre o risco de ficar preso na armadilha da renda média. No período de 2010 a 2021 o IDH do mundo cresceu 0,45% ao ano e o Brasil cresceu 0,38% ao ano. O Brasil terá que acelerar o passo se quiser seguir o ritmo médio de avanço do desenvolvimento humano global.
E todos os países terão que reduzir as desigualdades sociais e diminuir a sobrecarga da Terra, para evitar o consumo conspícuo e a degradação ambiental. Como disse Rita Lee: “Não quero luxo nem lixo”.
José Eustáquio Diniz Alves
Doutor em demografia, link do CV Lattes:
http://lattes.cnpq.br/2003298427606382
Referências
ALVES, JED. Os países com menor fecundidade possem maior IDH, Ecodebate, 27/01/2023
https://www.ecodebate.com.br/2022/11/03/os-paises-com-menor-fecundidade-possuem-maior-idh/
ALVES, JED. O mundo vive o risco de uma década perdida no desenvolvimento humano, Ecodebate, 27/01/2023 https://www.ecodebate.com.br/2023/01/27/o-mundo-vive-o-risco-de-uma-decada-perdida-no-desenvolvimento-humano/
ALVES, JED. Demografia e Economia nos 200 anos da Independência do Brasil e cenários para o século XXI, Escola de Negócios e Seguro (ENS), maio de 2022. (Colaboração de Francisco Galiza). Acesso gratuito no site da ENS: https://ens.edu.br:81/arquivos/Livro%20Demografia%20e%20Economia_digital_2.pdf
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in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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