Leitura das Paisagens Ambientais e Culturais da Grande BH
Leitura das Paisagens Ambientais e Culturais da Grande BH: contribuições construtivistas para a formação de agentes sociais
Vagner Luciano Coelho de Lima Andrade12
Teoricamente, o Construtivismo é uma proposta de prática docente que se consolida como educação inovadora, na realidade de vários alunos. A concepção pedagógica do Construtivismo baseia-se nos escritos de Jean Piaget (1896-1980) e Lev Semionovitch Vygotsky (1896-1934), e propõe que os alunos participem ativamente do aprendizado construindo os saberes junto com a escola, entendida como base sequencial à família e anterior à vida social.
Estes teóricos também consideram o interacionismo concordando que o desenvolvimento e a aprendizagem não são resultados dos estímulos externos objetos, nem da produção da razão pelo sujeito, mais fruto da constante interação dos dois aspectos. Somente através desta interação é que se adquire autonomia, atitudes e valores, fatores importantes para o exercício da cidadania. Nesta perspectiva, ensinar se torna um processo contínuo de prover aos indivíduos os conhecimentos e experiências culturais que os tornem aptos a atuar no meio social em que vivem.
Propondo renovações e mudanças na educação básica tradicional, o Construtivismo aplica-se metodicamente em escolas, em diferentes níveis de ensino, ampliando a compreensão dos educadores sobre os dilemas cognitivos enfrentados na construção do conhecimento. Historicamente, utilizou-se um método tradicional baseado no aprendizado consolidado apenas através de memorização.
Nesta etapa ultrapassada, o erro era passível de punição, ou ridicularização, criando barreiras e desestímulos aos discentes. Assim, as teorias e métodos construtivistas oportunizam ao educando aprender com seus próprios erros, ampliando sua capacidade de reflexão e consecutiva ação sobre sua realidade. Uma das mais relevantes propostas pedagógicas da atualidade considera que enriquecer o ensino, através de atividades diferenciadas é a maneira mais viável e autêntica de se reformular a educação.
Uma das possibilidades trata-se de sair da sala de aula e transpor os muros da escola. Segundo o geógrafo e educador brasileiro, Aziz Ab’Saber educar é “escolher a melhor maneira de incentivar os alunos e extrair o que eles têm de melhor” (ANDRADE, 2012). Nesta perspectiva, cada aluno apresenta um conjunto de percepções diferentes formadas por uma dimensão individual, uma coletiva e outra planetária, que devem ser intensamente trabalhadas e incentivadas, visando o resgate da essência humana
A educação em salas de aula e em carteiras enfileiradas está com os dias contados. As propostas reformuladoras da teoria construtivista tendem a consolidar o objetivo essencial que rege a educação: a formação de alunos com maior capacidade crítica, dinamismo e criatividade preparados efetivamente para a vida em sociedade. O Construtivismo rejeita as etapas de planejamento e avaliação tão rígidas, conhecidas da escola tradicional, nem prioriza os livros didáticos e cartilhas como alicerces principais do processo ensino-aprendizagem.
O compromisso da teoria construtivista é se posicionar para todos os seguimentos da sociedade que a educação veio para ampliar, desenvolver, e não ficar estagnada o tempo todo à mercê de um grupo homogêneo e dominador. Assim pensar novas possibilidade de educar deve ser a força matriz da contemporaneidade.
A escola, em diferentes épocas tem buscado constantemente redefinir e ressignificar o seu papel histórico e a sua função social. Neste contexto, como resposta imediata ao atual contexto socioeconômico da atualidade, ela novamente possa por reformulações, nas quais surgem diversas propostas dentre as quais, a teoria construtivista.
Atualmente, buscando constantemente se reformular para atender as exigências educacionais de uma sociedade em constate transformação, a educação desenvolve nos alunos, valores éticos, aplicáveis na vida e no cotidiano social. Neste sentido, o processo pedagógico deve ser organizado em torno da construção de uma nova análise de mundo baseada numa visão integrada, multidisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar do ser humano, sociedade e natureza, como resposta a dominação, degradação, fragmentação e alienação resultantes da globalização presente no mundo pós-moderno.
Uma vez que, a construção e a difusão de conhecimentos são pilares básicos da escola, o processo educativo deve propiciar a formação de agentes socioambientais e culturais, que por sua vez se consolidariam como pessoas cada vez mais conscientes e atuantes na sociedade em que vivem.
Nesta perspectiva, o Construtivismo é uma concepção inovadora para a reformulação imediata prática pedagógica tradicional que por sua vez privilegia a “construção” da aprendizagem, efetuada mediante o sujeito que reconhece no objeto sua fonte de conhecimento.
A escola com práticas de linha construtivista tende a ser um espaço mais interessante para o aluno, pois permite que o mesmo consiga descobrir e desenvolver habilidades sem ser taxado ou imposto a uma sequência de conceitos teoricamente organizados em disciplinas. Esta nova abordagem contribui para mudar significativamente o processo de aprendizagem dos alunos, desde o nível individual até o coletivo.
O conhecimento de saberes e fazeres nas escolas construtivistas deve vir acompanhado de múltiplos sentidos e faz-se necessário que os alunos reconheçam sua importância no processo de aprendizado que não é dividido em compartimentos, como se fossem ‘gavetinhas’ onde seriam guardados sem uma reflexão que os levem a distinguir se o conhecimento servirá e terá aplicação em sua vida. Sendo uma concepção inovadora na prática docente, o Construtivismo atualmente está presente na educação de vários indivíduos, principalmente nos estágios iniciais da educação básica.
Assim se pode pensar em elementos indispensáveis à proposta de reformulação da escola, a partir de aspectos do Construtivismo com ênfase na função educacional e proposta avaliativa das paisagens ambientais e culturais da RMBH disponíveis no âmbito do CAC– Complexos Ambientais e Culturais.
Neste contexto, destaca-se como a aula externa torna-se efetivadora da realidade dos alunos transformando-os em agentes socioculturais; elenca-se a paisagem metropolitana dos CAC da Grande BH como meios que permitam novas formas de ver e interpretar o mundo, a realidade e a sociedade; e verifica-se a saída a campo como estratégia educativa construtivista e diferenciada em comparação a aqueles métodos ofertados tradicionalmente.
A proposta dessa pesquisa é enxergar o indivíduo como o principal sujeito do fenômeno humano que é o turismo, registrando sua percepção. Busca-se, desta maneira, uma metodologia que atingisse a esse objetivo. A metodologia mais adequada a ser escolhida, é a Abordagem Fenomenológica, na qual a busca do pesquisador é pela experiência consciente do discente vivida em determinada situação.
A fenomenologia propõe investigar “in loco”, vivências humanas e traçar uma compreensão do fenômeno sem prender-se em generalizações e explicações causais. Assim, os indivíduos observados são quem darão sentido ao olhar do pesquisador. Este, por sua vez esquematiza o relato de sua vivência, a sua experiência enquanto observador, para gerar o objeto de conhecimento, a pesquisa.
Para este trabalho, elegeu-se a Fenomenologia Hermenêutica. Nesta vertente, a busca é pela elucidação do vivido, mas partindo do pressuposto que a interpretação do pesquisador é essencial na compreensão do fenômeno. Na interpretação, o vivido do pesquisador é levado em conta. Definida a metodologia fenomenológica é preciso identificar e situar o fenômeno, que será a visitação e a aula externa.
Esse método de estudo propõe três momentos para que o pesquisador alcance resultados satisfatórios: a descrição fenomenológica do processo de educar, a partir de teóricos construtivistas; a redução das realidades existentes nas paisagens visitadas da Grande BH; e a compreensão do fenômeno de educar fora da sala de aula destacando as significâncias para os discentes.
1 Educador e Mobilizador da Rede Ação Ambiental. Bacharel-licenciado em Geografia e Análise Ambiental (UNI-BH), Licenciado em História (UNICESUMAR) e especialista na área de Educação, Patrimônio e Paisagem Cultural (Filosofia da Arte e Educação, Metodologia de Ensino de História, Museografia e Patrimônio Cultural, Políticas Públicas Municipais). Licenciado em Ciências Biológicas (FIAR), Tecnólogo em Gestão Ambiental (UNICESUMAR) e especialista na área de Educação, Patrimônio e Paisagem Natural (Administração escolar, Orientação e Supervisão, Ecologia e Monitoramento Ambiental, Gestão e Educação Ambiental, Metodologia de Ensino de Ciências Biológicas). CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/3803389467894439
2 Guia de Turismo, Educador com atuação nas áreas de Patrimônio Cultural (Geógrafo/Historiador) e Patrimônio Natural (Biólogo/Gestor Ambiental). Mestre em Direção e Consultoria Turística. Membro da Rede Ação Ambiental. E-mail: reacao@yahoo.com
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in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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