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Alerta para emissões de CO2 pelo desmatamento para biocombustíveis

 

Alerta para emissões de CO2 pelo desmatamento para biocombustíveis

A demanda por biocombustíveis modernos deve crescer substancialmente para mitigar as emissões de gases de efeito estufa, mas eles estão longe de ser uma alternativa neutra em carbono à gasolina e ao diesel.

Um novo estudo publicado na Nature Climate Change mostra que, sob as atuais regulamentações de uso da terra, os fatores de emissão de CO2 para os biocombustíveis podem até superar os da combustão do diesel fóssil devido ao desmatamento em larga escala relacionado ao cultivo de biomassa.

Por Henrique Cortez

Antes que a bioenergia possa contribuir efetivamente para a neutralidade do carbono, acordos internacionais precisam garantir a proteção efetiva das florestas e outras terras naturais, introduzindo a precificação do carbono, argumenta a equipe de especialistas do Instituto Potsdam para Pesquisa sobre o Impacto Climático (PIK).

“Nossos resultados mostram: o estado da atual regulamentação global da terra é inadequado para controlar as emissões de mudança do uso da terra provenientes dos biocombustíveis modernos”, explica o autor principal Leon Merfort. “Se o cultivo de gramíneas para bioenergia não for estritamente limitado a terras marginais ou abandonadas, a produção de alimentos poderia se deslocar e o uso agrícola da terra se expandir para terras naturais. Isso causaria emissões substanciais de dióxido de carbono devido ao desmatamento em regiões com regulamentação fraca ou nenhuma regulamentação da terra”.

Esses efeitos indiretos do uso da bioenergia são um desafio para os formuladores de políticas públicas, pois os mercados de alimentos e bioenergia estão globalmente conectados, mas fora do controle das políticas nacionais individuais. Tragicamente, a lacuna regulatória no setor de uso da terra manteria a oferta de bioenergia barata, enquanto pressionaria o setor energético a eliminar os combustíveis fósseis ainda mais rápido para compensar as emissões adicionais provenientes da mudança do uso da terra. Essa espiral, por sua vez, aumenta a demanda por bioenergia.

Para investigar as implicações das emissões induzidas pela mudança do uso da terra pela bioenergia sob políticas setorialmente fragmentadas, os pesquisadores acoplaram modelos de energia e uso da terra para derivar caminhos alternativos de transformação consistentes com a limitação do aquecimento global bem abaixo de 2 °C.

Esses caminhos incluem diferentes suposições sobre políticas de uso da terra e energia, pois elas têm uma grande influência nas emissões de CO2 provenientes da mudança do uso da terra e também afetam a quantidade de bioenergia usada para atender à demanda global de energia.

Comparando esses cenários com um cenário contrafactual correspondente sem produção de bioenergia e, portanto, com menores emissões provenientes da mudança do uso da terra, os pesquisadores foram capazes de derivar fatores de emissão, que atribuem as emissões de CO2 provenientes da mudança do uso da terra à produção de bioenergia à luz dos diferentes quadros políticos.

“Descobrimos que sem regulamentação adicional do uso da terra, o desmatamento relacionado à produção de biocombustíveis modernos resulta em fatores de emissão de CO2 – média em um período de 30 anos – que são maiores do que os provenientes da queima de diesel fóssil”, diz o coautor Florian Humpenöder.

Alocação espacial de emissões de CO2 e produção de bioenergia
Alocação espacial de emissões de CO2 e produção de bioenergia

 

Fonte: Potsdam Institute for Climate Impact Research (PIK)

Referência:

Merfort, L., Bauer, N., Humpenöder, F. et al. Bioenergy-induced land-use-change emissions with sectorally fragmented policies. Nat. Clim. Chang. (2023). https://doi.org/10.1038/s41558-023-01697-2

 

Henrique Cortez, jornalista e ambientalista, editor do Portal EcoDebate

 

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in EcoDebate, ISSN 2446-9394

 

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