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Consequências do Rompimento da Barragem de Córrego do Feijão e da Construção do Rodoanel

 

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Consequências do Rompimento da Barragem de Córrego do Feijão e da Construção do Rodoanel sobre Construções Significativas de Brumadinho – MG

Vagner Luciano Coelho de Lima Andrade1

O objeto de pesquisa, pauta-se nas construções significativas do município de Brumadinho, após o trágico rompimento da barragem do Córrego do Feijão em 25 de janeiro de 2019.

Baseou-se prioritariamente em um documento denominado Nota Técnica nº 19/2019 da Coordenadoria das Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico do Ministério Público de Minas Gerais.

Este documento, por sua vez, objetivou a análise da existência/ocorrência de bens culturais nos locais atingidos pela onda de rejeitos de mineração decorrentes do rompimento da Barragem de Córrego do Feijão.

Casas populares rurais, sedes de fazendas, sítios naturais e outros componentes do patrimônio histórico e ambiental foram varridos pela lama minerária, entre a barragem que se rompeu aos pés da Serra dos Três Irmãos, até o encontro com o Rio Paraopeba, antes da sede municipal.

A captação pública de água da COPASA, de extrema importância para a segurança hídrica metropolitana foi inviabilizada sendo que está sendo construída outra em Almorreimas, sul do munícipio.

Os objetivos do trabalho, que nortearam o estudo, foi replicar informações relevantes, a partir da análise da nota técnica do Ministério Público de Minas Gerais, examinar os registros dos estragos irreparáveis à memória e ao patrimônio das localidades atingidas: Córrego do Feijão, Parque da Cachoeira e Vila Ferteco, confirmando as destruições sobre as construções significativas do lugar.

Como a nota técnica é bastante completa, bens construtivos componentes do Patrimônio Cultural e Turístico municipal foram analisados nos demais distritos do município: Aranha, Conceição do Itaguá, Piedade do Paraopeba, São José do Paraopeba e Sede Municipal.

A metodologia adotada no trabalho, fundamentou-se nos argumentos evidenciados na Nota Técnica Nº 19/2019 da Coordenadoria das Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico do Ministério Público de Minas Gerais, sendo buscado um referencial teórico complementar sobre a questão que enriqueceu a análise.

Outro impasse adotado se trata dos acordos milionários, acertados entre a Vale e o Governo Estadual, sendo que estes financiarão a construção do rodoanel metropolitano, apelidado de “rodominério”.

A alça sul, atingirá, ainda mais o patrimônio cultural e natural da municipalidade. Saindo da Refinaria Gabriel Passos, passará por Ibirité, cortará a Serra do Rola Moça (túnel do Toboões), descaracterizará Casa Branca e Piedade do Paraopeba e cortará a Serra da Calçada, em outro túnel (do Pau Branco) até alcançar a BR 040, altura do Vale do Sol.

Um risco absurdo para o qual, os coletivos locais tem-se mobilizado, porém aparentemente, sem vitórias. As principais conclusões evidenciam a destruição do Patrimônio Cultural e Turístico, tanto pelo rompimento, quanto pelo rodoanel, evidenciando, que construções significativas encontram-se seriamente ameaçadas.

A sustentabilidade turística da cidade que abriga o maior museu de arte contemporânea a céu aberto do mundo, o Inhotim vê seu futuro envolto em brumas nada promissoras. A região tende a se consagrar pela mineração, mesmo tendo sido esta a sua maior desgraça e infelizmente, nada tende a ser transformar.

Urgentemente todo o patrimônio da municipalidade deve ser protegido com o casario, os templos e os sítios naturais que devem ser emergencialmente tombados, nas três esferas (municipal, estadual e federal) e porque não internacional, também.

1 Guia de Turismo, Educador com atuação nas áreas de Patrimônio Cultural (Geógrafo/Historiador) e Patrimônio Natural (Biólogo/Gestor Ambiental). Mestre em Direção e Consultoria Turística. Membro da Rede Ação Ambiental. E-mail: reacao@yahoo.com

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in EcoDebate, ISSN 2446-9394

 

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