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Educação Agroecológica para a Sustentabilidade Socioambiental do Curso Técnico Agrícola

 

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Educação Agroecológica para a Sustentabilidade Socioambiental do Curso Técnico Agrícola

Educação Agroecológica para a Sustentabilidade Socioambiental do Curso Técnico Agrícola: capacitação continuada para a rede de ensino em Desterro de Entre Rios – MG.

Vagner Luciano Coelho de Lima Andrade (1)

A Lei Estadual nº 16.892, de 02 de agosto de 2007 autorizou o Poder Executivo a doar à Prefeitura de Desterro de Entre Rios, dois imóveis localizados na área rural do Município, assim discriminados: I – terreno da Escola Estadual Maria Bárbara Magalhães com área de 2.000m², situado na localidade de Cerrado, registrado sob o nº 15.187, a fls. 267 do Livro 3, no Cartório de Registro de Imóveis de Desterro de Entre Rios; II – terreno da Escola Estadual Vicente Vaz Diniz com área de 10.000m², situado na localidade de Aguiar, registrado sob o nº 8.383, a fls. 256 do Livro 3-J, no Cartório do Registro de Imóveis de Desterro de Entre Rios.

Segundo a lei, o imóvel descrito no inciso I se destinaria à implantação de uma escola técnica agrícola e o imóvel descrito no inciso II poderia ser alienado, mediante autorização legislativa municipal, e os recursos apurados, investidos na construção de uma escola técnica agrícola. Os imóveis reverteriam ao patrimônio do Estado, tendo findado o prazo de cinco anos (2007-2012), fato que se consolidou.

Por não dispor de uma Diretoria de Ensino Técnico Rural, a Secretaria Municipal da Educação de Desterro de Entre Rios, ignorou por completo o fato. Conhecendo a incoerência de acontecimentos do currículo tradicional com a alteração atual no ambiente educacional nas escolas, a secretaria poderia na época, ter estabelecido parceria com a Coordenação de Curso Licenciatura em Educação do Campo / Habilitação em Ciências Sociais e Humanidades da Universidade Federal de Minas Gerais, que por sua vez cogita uma compreensão de educação ambiental para uma cultura agrícola sustentável, em distintos projetos inclusivos do homem do campo. Se esta parceria estivesse sido efetivada, o novo Ensino Técnico determinaria as mudanças para o recebimento das Escolas Técnicas Agrícolas na Rede Rural Municipal, revisitando o currículo comum das escolas rurais de outras municipalidades, preconizando a concepção com a qualidade de vida e de preocupações com os futuros alunos para que eles valorizassem a paisagem e realidade camponesa e seus atributos culturais e naturais.

Foi assim que entrou a Rede Ação Ambiental em 2011 com novas concepções e ideias. A percepção do padrão de cultura agrícola dos educandários diferia daquela que talvez fosse introduzida pela Diretoria de Ensino da Secretaria Municipal da Educação, se ela tivesse assumido integralmente a Lei Estadual nº 16.892, de 02 de agosto de 2007. Através da Rede Ação Ambiental, elegeu-se assim uma técnica para modificação que contivesse: – o entendimento de situações da amostragem costumeira (padrão de cultivo usual) a abrangência destas dentro do novo modelo (agroecológico), sua fundamentação em princípios biológicos, a testagem do padrão de cultura agrícola sustentável, a ponderação pedagógica e a redefinição curricular. Os temas geradores foram o consumo energético, o desmatamento, a devastação, a erosão e a poluição num município cujas paisagens rurais são predominantemente formadas pela alternância entre braquiária e eucalipto.

A rede propôs voluntariamente a ofertar de maneira regular a formação continuada dos professores da rede municipal. Depois de implantadas as escolas técnicas agrícolas, a prefeitura faria a seleção de professores, supervisores, orientadores e diretores.

O projeto de formação continuada foi arquitetado em quatro atos: 1ª constaria de sensibilização e habilitação em feições totais da sustentabilidade: discussões sobre os dificuldades do atual padrão agronômico e da precisão da visão sistemática do ensino ambiental para uma cultura agrícola sustentável; 2ª promoção de uma capacitação em embasamentos fundamentais da produção agroecológica sustentável: ampliando a compreensão de sistema a partir de quatro núcleos temáticos: a energia, o solo/ambiente, a produção vegetal e animal; 3ª fundação ou habilitação exclusiva em tecnologias agrícolas sustentáveis: a partir da especificidade de cada escola técnica agrícola, apreendidas por meio de questionários e de visitas, para assim estabelecer unidades didático-pedagógicas, durante 2007-2012. 4ª avaliação e redefinição curricular: haveria um grupo de estudos de avaliação, em cada escola, no primeiro semestre de 2008 e um, específico, no segundo semestre, que reorganizariam o currículo e seus conteúdos. Em dezembro, haveria outro, para os reajustes finais.

A sugestão sustentável era que o curso de Agropecuária fosse efetivado nos moldes do extinto curso de desenvolvimento rural sustentável e agroecologia, ofertado pela Universidade do Contestado, em Santa Catarina e atualmente extinto. Seriam 42 disciplinas entre 21 obrigatórias e 21 eletivas a serem ofertadas num período de 01 ano e meio.

Segue sequência das obrigatórias: Administração Financeira Rural, Agroecologia Animal I, Agroecologia Animal II, Agroecologia Vegetal I – Olerícolas, Agroecologia Vegetal II – Frutíferas, Agroecologia Vegetal III – Cereais e Pastagens, Análise de Agroecossistemas, Antropologia das Populações Rurais, Desenvolvimento Sustentável, Diagnósticos Agroflorestais, Economia Agrícola/Rural, Educação Ambiental, História do Desenvolvimento Rural, Introdução à Agroecologia, Legislação Agrária e Ambiental, Meio Ambiente e Turismo Agroecológico, Mídia, Comunicação e Métodos Participativos, Organização dos Produtores, Planejamento Estratégico do Setor Produtivo Sustentável, Políticas Agrícolas e Unidades de Produção Agrícola. Agora descrição da relação das eletivas (optativas): Contabilidade de Organizações Rurais, Gestão da Produção, Gestão, Mercado e Comercialização, Gestão e Economia, Introdução à Informática, Introdução à Sementes, Língua Estrangeira Moderna (LEM Espanhol ou LEM Inglês), Matemática Financeira, Metodologia de Estágio I, Metodologia de Estágio II, Pesquisa Científica, Português, Princípios de Recursos Humanos, Técnicas de Psicologia Geral, , Qualidade e Segurança em Alimentos, Química, Relação Saber e Poder, Sociologia Geral, Teoria Geral da Administração, Trabalho de Conclusão de Curso.

A oferta das obrigatórias seria de 07 disciplinas por semestre, totalizando 21 ao final dos três módulos, sendo possível aos alunos escolher 03 eletivas por semestre

Em agosto de 2008, haveria a primeira semana de capacitação pedagógica quanto ao uso dos conteúdos, iniciando o debate curricular com os professores designados para o ensino médio profissionalizante nas duas Escolas Técnicas Agrícolas da rede municipal.

O projeto traria mudanças comportamentais, na obtenção de livros didáticos, em algumas técnicas agrícolas e na educação, pela perspectiva de uma escolha ao padrão em uso. Havia a possibilidade de também instituir o ensino técnico agrícola na Escola Municipal Geraldo Ferreira das Chagas (na parte da tarde, pois pela manhã há 1º ao 5º ano), no Bom Retiro em Piracema, mas tudo ficou apenas o planejamento.

As escolas técnicas agrícolas não foram implantadas nos povoados de Aguiar e Cerrado e passado o prazo de cinco anos, o período expirou com os imóveis voltando a serem propriedades do estado. Assim a cidade e seus habitantes perderam e muito, pois as escolas poderiam ofertar muitos cursos profissionalizantes gratuitos: Administração, Agrimensura, Agroecologia, Agropecuária, Bombeiro Civil, Contabilidade, Cuidador de Idosos, Edificações, Enfermagem, Guia de Turismo, Meio Ambiente, Magistério, Metalurgia, Mineração, Radiologia e Segurança do Trabalho.

Uma sugestão para minimizar a questão da posse e transformação em escola técnica pela prefeitura que não ocorreu, pode ser a consecutiva criação da Escola Técnica Estadual Maria Bárbara Magalhães, no Cerrado, para receber alunos de Desterro de Entre Rios (Sede e Pererinhas), Entre Rios de Minas, Resende Costa e São Brás do Suaçuí; a criação da Escola Técnica Estadual Vicente Vaz Diniz, no Aguiar, para acolher estudantes de Belo Vale, Bonfim, Jeceaba e São Sebastião do Gil; e a criação da Escola Técnica Municipal Geraldo Ferreira das Chagas, no Bom Retiro, para atender discentes de Crucilândia, Itaguara, Passa Tempo e Piracema. As escolas seriam administradas pela Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais e beneficiaria, muitos estudantes das regiões do Campo das Vertentes e do Centro-Oeste Mineiro.

1 Educador e Mobilizador da Rede Ação Ambiental. Bacharel-licenciado em Geografia e Análise Ambiental (UNI-BH), Licenciado em História (UNICESUMAR) e especialista na área de Educação, Patrimônio e Paisagem Cultural (Filosofia da Arte e Educação, Metodologia de Ensino de História, Museografia e Patrimônio Cultural, Políticas Públicas Municipais). Licenciado em Ciências Biológicas (FIAR), Tecnólogo em Gestão Ambiental (UNICESUMAR) e especialista na área de Educação, Patrimônio e Paisagem Natural (Administração escolar, Orientação e Supervisão, Ecologia e Monitoramento Ambiental, Gestão e Educação Ambiental, Metodologia de Ensino de Ciências Biológicas). CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/3803389467894439

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in EcoDebate, ISSN 2446-9394

 

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One thought on “Educação Agroecológica para a Sustentabilidade Socioambiental do Curso Técnico Agrícola

  • João Batista Lima

    Muito pertinentes seus comentários e observações professor. Esse foi o resultado promovido pela Nucleação da Educação em governos anteriores. Ação que foi deletéria para a fixação e desenvolvimento de novos atores rurais, principalmente em cidades com menos de vinte mil habitantes com características predominantemente rurais. Também sou licenciao em geografia pela UFSJ e tecnólogo em gestão ambiental pela UFV e morador do Campo das Vertentes na cidade de São Tiago. Espero que dentro em breve os pequenos proprietários das pequenas cidades da região e do Estado de MG tenham a oportunidade para desenvolver todas suas pontencialidades levando uma vida digna mas para isso é preciso que haja pressão política e visão de futuro dos governantes. O futuro é rural e nas pequenas propriedades.

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