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Impactos da pecuária na região de floresta amazônica

 

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Impactos da pecuária na região de floresta amazônica

O artigo discute os impactos da pecuária na região da Floresta Amazônica e possíveis soluções para torná-la mais sustentável

 

Resumo: O artigo aborda aspectos históricos, atuais e futuros da pecuária na Amazônia e os desafios enfrentados por essa atividade. Alguns dos principais impactos da pecuária na Amazônia incluem desmatamento, degradação de pastagens, conflitos sobre o uso da terra e problemas de saúde. Para tornar a pecuária mais sustentável, o artigo sugere soluções como intensificação da produção, aquisição de ração enzimática, promoção da recuperação de pastagens degradadas, uso de bombas de água movidas a energia solar e melhoria da rastreabilidade dos produtos.

 

A pecuária é uma atividade econômica importante para o Brasil, mas também traz diversos desafios ambientais e sociais, especialmente na região de floresta amazônica. Neste artigo, vamos abordar alguns aspectos históricos, atuais e futuros da pecuária na Amazônia, bem como as possíveis soluções para torná-la mais sustentável.

A pecuária na Amazônia começou a se expandir nas décadas de 1960 e 1970, com incentivos do governo federal para a ocupação da região. Muitas áreas de floresta foram desmatadas para dar lugar a pastagens, sem levar em conta as características ecológicas e climáticas do bioma. O gado introduzido era de origem europeia, pouco adaptado às condições locais, e sofria com doenças e pragas. Além disso, o manejo era extensivo, com baixa produtividade e rentabilidade.

Com o passar do tempo, houve algumas mudanças na pecuária amazônica, como a seleção de raças mais resistentes ao calor e à umidade, como o nelore, a introdução de espécies forrageiras mais palatáveis e nutritivas, como a brachiaria, e a melhoria da infraestrutura e dos serviços veterinários. No entanto, essas medidas não foram suficientes para evitar os impactos negativos da atividade sobre o meio ambiente e a sociedade.

Entre os principais impactos da pecuária na Amazônia, podemos citar:

– O desmatamento: a pecuária é a principal causa do desmatamento na Amazônia, sendo responsável por cerca de 65% da área desflorestada até 2018. O desmatamento provoca a perda da biodiversidade, a emissão de gases de efeito estufa, a alteração do ciclo hidrológico e a degradação do solo.

– A degradação das pastagens: muitas pastagens na Amazônia são mal manejadas e sofrem com o sobrepastoreio, a compactação do solo, a erosão e a invasão de plantas daninhas. Estima-se que cerca de 50% das pastagens na região estejam em algum estágio de degradação. A degradação das pastagens reduz a capacidade produtiva e leva à abertura de novas áreas de floresta.

– Os conflitos fundiários: a pecuária na Amazônia está associada à grilagem de terras públicas e à violação dos direitos das populações tradicionais, como indígenas, quilombolas e ribeirinhos. Muitos conflitos violentos ocorrem na região por causa da disputa pela posse da terra entre fazendeiros, madeireiros, garimpeiros e comunidades locais.

– Os problemas sanitários: a pecuária na Amazônia enfrenta diversos problemas sanitários, como a febre aftosa, a brucelose, a tuberculose e a raiva. Essas doenças afetam a saúde dos animais e dos produtores, além de prejudicar o acesso aos mercados nacional e internacional. A vacinação e o controle sanitário são essenciais para garantir a qualidade e a segurança dos produtos pecuários.

Diante desses desafios, é preciso buscar alternativas para tornar a pecuária na Amazônia mais sustentável, ou seja, que concilie os aspectos econômicos, ambientais e sociais. Algumas possíveis soluções são:

– A intensificação da produção: consiste em aumentar a produtividade das pastagens por meio de técnicas como o manejo rotacionado, a adubação, o controle de pragas e doenças, a suplementação alimentar e o melhoramento

Adquirir rações com enzimas: as enzimas são substâncias que ajudam na digestão dos animais e na absorção dos nutrientes da ração. Com isso, os animais ganham mais peso e produzem menos metano, um dos gases do efeito estufa. Além disso, as rações com enzimas reduzem o custo de alimentação dos animais e o uso de fertilizantes químicos nas pastagens.

Promover a recuperação de pastagens degradadas: as pastagens degradadas são aquelas que perderam sua capacidade produtiva por causa do manejo inadequado, da compactação do solo, da erosão ou da invasão de plantas daninhas. A recuperação dessas pastagens pode ser feita por meio de técnicas como o plantio de leguminosas forrageiras, que melhoram a qualidade do solo e fornecem proteína para os animais; a rotação de pastagens, que evita o esgotamento do solo e o surgimento de pragas; e a adubação orgânica ou mineral, que repõe os nutrientes necessários para o crescimento das plantas.

Utilizar bebedouros para o gado: os bebedouros são reservatórios de água que ficam próximos às áreas de pastejo dos animais. Eles evitam que os animais tenham que se deslocar longas distâncias para beber água em rios ou lagos, o que reduz o consumo de energia dos animais e o pisoteio das margens dos corpos d’água. Além disso, os bebedouros facilitam o controle sanitário dos animais e a coleta de dados sobre o consumo de água.

– Apostar na Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF): o ILPF é um sistema que combina a produção de grãos, carne, leite, madeira e energia na mesma área, em diferentes épocas do ano ou simultaneamente. Esse sistema traz benefícios como o aumento da produtividade e da renda dos produtores; a diversificação das atividades e dos produtos; a redução dos custos de produção; a melhoria da qualidade do solo; a proteção da biodiversidade; e a mitigação das emissões de gases do efeito estufa.

– Investir no tratamento de estrume: o estrume é um resíduo orgânico que pode ser aproveitado como fonte de adubo ou de energia. O tratamento do estrume pode ser feito por meio de técnicas como a compostagem, que transforma o material em um fertilizante natural; ou a biodigestão anaeróbia, que produz biogás e biofertilizante. Essas técnicas evitam a poluição do solo e da água pelo estrume; reduzem os odores e as moscas nas propriedades rurais; geram economia com a compra de insumos agrícolas; e contribuem para a geração de energia renovável.

Essas são algumas das alternativas para tornar a pecuária na Amazônia mais sustentável, mas existem outras possibilidades.

Fontes:

Avanço da agropecuária no Cerrado e na Amazônia reduz a biodiversidade

Histórico e consequências da pecuária na região de floresta amazônica

Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) é aposta para agropecuária sustentável na Amazônia paraense

Integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) tem menores perdas de solo e água

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in EcoDebate, ISSN 2446-9394

 

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