É possível e necessário educar com consciência ambiental
É possível e necessário educar com consciência ambiental
Muito se fala a respeito das novas gerações, que elas terão as soluções para os problemas que assolam o mundo hoje. Mas não é necessariamente assim.
Por Renata Roitman
Para que as crianças de hoje sejam os adultos conscientes de amanhã, é preciso educar de forma diferente, mostrar o que precisa ser feito e qual o papel de cada um neste cenário. Mayra Abbondanza, especialista da Rede Ateha, desenvolvedora de negócios pelo clima, aponta alguns caminhos:
1 – Precisamos criar abundância coletiva
As mudanças climáticas precisam ser combatidas por uma geração educada de maneira nova. Uma educação mais generosa, sob a ótica da abundância e cooperação. É de grande importância que nossos filhos entendam que qualquer ação só funciona quando envolver e conectar a maior quantidade e diversidade de atores possíveis.
Para mim essa educação nova passa muito por ensiná-los a ampliar antes de” focar. Ensiná-los a ouvir, acolher e provocar o diferente: há de ser daí que virão as próximas soluções”, afirma Mayra.
2 – Infelizmente ter consciência leva tempo
É preciso certa maturidade e experiência para realizar escolhas conscientes. Crianças e principalmente adolescentes, precisam testar o errado para escolher o certo. “O que podemos fazer, como pais, é estabelecer o patamar inicial deles, ou seja, a referência. Ao mesmo tempo é importante ensiná-los a questionar, inclusive a nós. É melhor ter um filho que defende algo diferente de nós do que um filho que não questiona nada”, pontua a especialista.
Consciência climática tem difícil tangibilidade na rotina de crianças, e, normalmente, eles ficam bem longe das consequências. “Podemos ampliar os horizontes deles através de viagens, estudos do meio feitos por escolas sensíveis, levá-los a museus, mostrar a eles o que vem dando errado nas nossas escolhas como humanos”, sugere.
3 – Não podemos ter a visão romântica de que as crianças de hoje vão “salvar o mundo”
Podemos sim, criar condições para que os filhos e netos dos nossos filhos sejam melhores que nós, nossos pais e nossos avós. Reparem que estou falando de cinco gerações, e não de uma, mágica, com a chave do mistério. Não podemos nos desresponsabilizar nesse cenário.
4 – Projetos para crianças precisam ser feitos em linguagem infantil
“Vejo muitos esforços em abordar crianças em “adultês”. Muitos recursos e esforços jogados fora. A criança não se identifica, não se conecta, não aproveita, rejeita qualquer comunicação feita com a ótica adulta”, esclarece Mayra, que acredita que o Projeto Tamar é um bom exemplo de formato e abordagem para atingir o público infantil. “As crianças visitam seus centros de pesquisa e resgate e saem dali transformadas, falando coisas como “quero liberar tartarugas, comer ovo de tartaruga é feio, tartaruga morre na rede, jogar plástico no mar não pode”. Projetos para crianças precisam ser lúdicos, divertidos e entregar conceitos simples e de fácil assimilação”, diz.
5 – Precisamos dar exemplos com mais ênfase
A nossa maior ação como pais é liderar pelo exemplo, isso todo mundo já sabe. Mas como elevar a nossa ação, a ponto dela ser um exemplo com maior ênfase?
“Eles precisam ver que colocamos o bem coletivo na frente do conforto individual e estamos dispostos a fazer esforços. Eles precisam olhar o nosso telhado para ver que usamos o sol para gerar energia. Que não tomamos aquele preguiçoso banho longo, nem no frio. Que passamos um pouquinho de calor ou abrimos todas as janelas antes de ligar o ar condicionado. Que andamos um pouco mais para comprar de pequenos produtores. Que lembramos de levar sacolas de casa ao invés de pegar as de plástico. Que separamos o lixo, embora dê trabalho”, exemplifica Mayra.
6 – O tom usado para tratar do tema “Mudanças Climáticas” precisa de leveza
A especialista conta que mesmo preparando as refeições em casa, evitando ultraprocessados e gerar lixo, ouve muitas críticas. Tanto por não ser vegetariana quanto por ter cinco filhos. Mayra acredita que esse tipo de discurso, cheio de críticas não traz resultados, apenas incomoda: “Qualquer comentário no tom “professoral” é muito chato. Ninguém quer ouvir, ninguém merece e nos afasta do nosso objetivo maior, que é resolver desafios complexos coletivamente”.
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in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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