Estudantes de Escola Técnica desenvolvem fogão solar, para atender comunidades sem acesso a gás de cozinha
Estudantes de Escola Técnica desenvolvem fogão solar, para atender comunidades sem acesso a gás de cozinha
O fogão solar é alternativa segura para cozimento e tem mecanismo para funcionar nos dias em que não há sol
A alta dos preços de produtos básicos está pesando no bolso de muitas famílias. Um exemplo é o gás de cozinha. Segundo dados de um levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), só em 2022, o botijão de gás de 13 quilos acumulou uma alta de 6,22%, o que corresponde a R$ 6,35. Em janeiro deste ano, o item ficou R$ 0,64 centavos mais barato.
Pensando nesse custo, um grupo de estudantes da Escola Técnica Estadual (Etec) Jaraguá desenvolveu um fogão solar com a proposta de ser uma alternativa mais segura, sustentável e econômica ao uso do gás de cozinha ou de lenha.
Os alunos do Ensino Médio integrado ao Técnico de Eletrotécnica Caio Gabriel da Silva, Ivan Olégario de Matos Júnior e Fábio Barreto de Araújo, sob a orientação do professor Jean Mendes do Nascimento, criaram um protótipo de equipamento capaz de concentrar os raios solares para o cozimento dos alimentos.
“O fogão tem uma parabólica coberta por fita refletora que concentra os raios solares em um único foco térmico. Dessa forma, é possível cozinhar utilizando apenas a energia térmica irradiada pelo sol. Para melhorarmos a eficiência, adicionamos uma movimentação automatizada que reproduz a trajetória solar, como ocorre com o girassol, por exemplo”, comenta Ivan.
A ideia do projeto surgiu durante as aulas de Planejamento e Desenvolvimento de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). “Fomos introduzidos à abordagem científica, com explicações sobre a metodologia de engenharia e incentivo à observação dos problemas locais. Depois de assistirmos a um vídeo sobre fogões solares, pensamos na possibilidade de aplicar essa tecnologia em nossa região, principalmente, na comunidade carente situada no entorno da escola”, pontua.
O grupo também testou a possibilidade de adicionar um sistema de aquecimento por indução removível, similar ao utilizado em fogões cooktop, o que permitiria o preparo de alimentos independentemente de fatores climáticos. Para isso, a placa solar carregaria uma bateria, que seria usada nos dias em que não há sol. “Criamos um equipamento capaz de aproveitar tanto a energia solar térmica quanto a fotovoltaica.”
Para elaboração do projeto, os alunos contaram também com uma parceria com a Faculdade de Educação Paulistana (FAEP). A ponte para essa colaboração foi feita pela diretora acadêmica da instituição, Vânia Aparecida da Costa, que também atua como professora de física na Etec Jaraguá. “Quando apresentamos nosso projeto, ela se prontificou a auxiliar com o contato da FAEP”, explica Ivan. O fogão solar já participou de eventos como a 12ª edição da Feira de Ciência e Tecnologia da Região de Bragança Paulista (Bragantec) e a Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), organizada pela USP.
No futuro, os jovens esperam participar de mais feiras científicas, para que o projeto ganhe notoriedade. “Queremos que fogões solares ganhem cada vez mais visibilidade, para que a tecnologia limpa e econômica, que ainda esbarra em diversas barreiras, possa alcançar mais pessoas, principalmente aqueles que estão em situação de vulnerabilidade econômica e muitas vezes recorrem a meios inseguros de cozimento por falta de acesso ao gás de cozinha”, finaliza Ivan.
Equipamento criado pelos estudantes foi pensado para atender comunidades carentes e sem acesso a gás de cozinha | Foto: Divulgação
[ Se você gostou desse artigo, deixe um comentário. Além disso, compartilhe esse post em suas redes sociais, assim você ajuda a socializar a informação socioambiental ]
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
A manutenção da revista eletrônica EcoDebate é possível graças ao apoio técnico e hospedagem da Porto Fácil.
[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à EcoDebate com link e, se for o caso, à fonte primária da informação ]