A necessidade de ídolos empáticos
A necessidade de ídolos empáticos, artigo de Montserrat Martins
Está evidente que as pessoas têm necessidade de idolatrar alguém. Então que sejam ídolos capazes de nos unir.
A cena de abertura do filme pode ser contra a Holanda, na comemoração da vitória nos pênaltis: o time inteiro da Argentina, eufórico, corre em direção ao gol, quando Messi vê o goleiro no chão, desvia e vai lá lhe dar um abraço. É um cara diferenciado, que merece um filme, acredito que esse será feito e a Copa do Mundo vai ser o clímax e o final glorioso desse filme.
Tive a felicidade de assistir o jogo em família, com mãe, irmã, cunhado, filhos, vendo todos se emocionarem, independente de quem entendia mais ou menos de futebol. Foi muito mais que um jogo, foi um filme épico, dramático, com o fator humano chamando tanta atenção quanto a beleza das jogadas.
O mundo precisa de bons exemplos, de ídolos que tenham empatia, eu estava filosofando isso com meu filho outro dia, quando ele disse que o mundo ideal não precisaria de ídolos. Ainda precisamos, basta ver como as pessoas “endeusam” os famosos, as celebridades, em todas as áreas, não só no futebol, também na música, no cinema, na política, na internet, é a pessoa ficar famosa, que passa a ser idolatrada.
Está evidente que as pessoas têm necessidade de idolatrar alguém. Então que sejam ídolos capazes de nos unir e Messi conseguiu esse milagre, fazer milhões de brasileiros (não todos, é claro, mas provavelmente a maioria) torcer pela Argentina, algo impensável até pouco tempo atrás.
Seu diferencial, além do talento deslumbrante, é sua humildade e capacidade de empatia, de ser simples, de se colocar no lugar do outro. Nunca vimos alguma cena sua de ostentação de sua riqueza, de arrogância, de se achar melhor que alguém, pelo contrário, há muitas cenas de simpatia.
Argentina 3 x 3 França foi a final mais sensacional de todos os tempos, em todos os sentidos, da qualidade do futebol até os lances de extrema emoção. Que suspense, que imprevisibilidade, qualquer um podia vencer a qualquer momento, várias jogadas de quase gol além dos 6 gols do jogo e uma defesa milagrosa do goleiro da Argentina, no último minuto da prorrogação, que salvou o time da derrota.
Por falar nesse goleiro, aliás, ele fez a maior baixaria (ao receber o troféu de melhor goleiro, aquela molecagem de o mostrar na frente dos genitais), mas também fez um dos gestos mais bonitos desta Copa, ao ir consolar Mbappé que estava arrasado, sentado no gramado. Mbappé, aliás, o maior gênio pós-Messi, ainda tem muito a aprender com ele, principalmente na humildade.
Montserrat Martins é Médico Psiquiatra
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in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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