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Artigo

A cabeça pensa onde os pés pisam

 

praia
Imagem: Pixabay

A cabeça pensa onde os pés pisam, artigo de Gervásio Lima

Conscientizar as pessoas sobre a necessidade da preservação ambiental é tão importante quanto difícil, e achar que essa premissa não é urgente e não afeta de imediato é uma visão equivocada

Ter a oportunidade de caminhar na areia das praias é um privilégio para poucos, ainda que subestimado por muitos. Viver a natureza não seria suficiente se não existisse a possibilidade de sentir em sua plenitude os efeitos da contemplação e do contato com o real. Só quem já praticou sabe o quanto é relaxante andar com os pés descalços ao longo de uma praia. O corpo agradece e a mente festeja.

Como uma mensagem subliminar, uma forma de incentivar algum tipo de comportamento, apreciar o meio ambiente é ter a capacidade de proteger e defender aquilo que é bom e que faz bem. Como diz o filósofo Leonardo Boff: “cuidar é mais do que um ato; é uma atitude. Portanto, mais do que um momento de atenção, de zelo e de desvelo. Representa uma atitude de ocupação, preocupação, de responsabilização e de envolvimento afetivo com o outro”.

Conscientizar as pessoas sobre a necessidade da preservação ambiental é tão importante quanto difícil, e achar que essa premissa não é urgente e não afeta de imediato é uma visão equivocada. Diversos têm sido os ‘recados’ para os que, mesmo sabendo que chegaram depois, insistem em desafiar a responsável por sua origem.

Mas o que tem a ver o caminhar na areia com a natureza e o zelo com o outro? Tudo. O resumo de um conjunto de boas atitudes e bons comportamentos é a essência da vida, do respeito com o que ainda contribui direta e indiretamente para a existência humana. Invadir espaços preestabelecidos não faz bem nem para o invasor, nem para o invadido. O resultado não bate com a soma.

Fingir que não se importa chega a ser pior do que acreditar que a responsabilidade é uma atribuição alheia. Agir para resguardar propósitos que contribuam para justificar a sobrevivência das espécies são atribuições lógicas e conscientes de uma humanidade sadia.

Já desconstruir para satisfazer o ego pernicioso, é comportamento característico do dissimulado, do sujeito danoso. Acompanhar ou apoiar situações que põem em risco a harmonia do natural com o imaterial é tão tacanho quanto a mentalidade do tosco incentivador de tal barbárie.

“A cabeça pensa onde os pés pisam”, afirmou Frei Betto.

Por Gervásio Lima
Jornalista e Historiador

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394

 

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