Poluição da Indústria de Tecnologia da Informação e a Gestão do Lixo Eletrônico
Poluição da Indústria de Tecnologia da Informação e a Gestão do Lixo Eletrônico, artigo de José Austerliano Rodrigues
A poluição da indústria de tecnologia da informação e a gestão inadequada do lixo eletrônico tem várias implicações nos níveis ambiental, social, econômico, tecnológico e político
Atualmente, o aquecimento global e as mudanças atmosféricas estão reestruturando muitos setores econômicos, especialmente aqueles que impactam significativamente o meio ambiente, como a indústria eletrônica (Di VAIO et al., 2019). Todos os Equipamentos Elétricos e Eletrônicos (EEE) e seus componentes que foram rejeitados ou não estão sendo utilizados são considerados resíduos eletrônicos e elétricos.
A gestão do lixo eletrônico (EWM) é um problema significativo em vários países emergentes, como os dos Emirados Árabes Unidos (EAU), principalmente devido ao aumento da taxa de geração de resíduos eletrônicos. O alto crescimento da taxa de geração de resíduos eletrônicos geralmente ocorreu devido aos rápidos avanços nas indústrias de elétricos e eletrônicos, crescimento populacional, urbanização e padrões de consumo (ABOELMAGED, 2020).
Esse tipo de resíduo vem de diversas fontes, como governo, empresas e domicílios. As indústrias de tecnologia da informação contribuem com a participação mais significativa para o fluxo de lixo eletrônico, e os eletrônicos de consumo também contribuem substancialmente. A maioria das empresas públicas e privados dependem profundamente dos equipamentos elétricos e eletrônicos (ISLAM et al., 2020).
A Organização das Nações Unidas (ONU) informou que a geração de resíduos eletrônicos aumentou para mais de 44 milhões de toneladas métricas (ou toneladas) por ano até o final de 2020. Bocken e Short (2021) e Onac et al. (2020), descobriram que as quantidades de lixo eletrônico estão aumentando rapidamente do que qualquer outra forma de resíduo municipal e aumentarão para 74,7 megatoneladas (Mt) até 2030. O volume global estimado de lixo eletrônico acumulado pode chegar a 78 milhões de Mt até 2050 (ASEFI; SHAHPARVARI; CHHETRI, 2019).
Neste sentido, o tema sobre lixo eletrônico atrai cientistas, formuladores de políticas públicas e profissionais, porque são resíduos perigosos que ameaçam significativamente a saúde humana e o meio ambiente. O e-waste (lixo eletrôncio) contém mais de 1000 substâncias, muitas das quais são tóxicas (DHIR et al., 2021).
As substâncias tóxicas emitidas podem alterar a estrutura e a função microbianas e apresenta alta toxicidade para organismos aquáticos e habitantes do solo (LIU et al., 2019). A produção de equipamentos elétricos e eletrônicos requer muitas matérias-primas, incluindo metais, plásticos, borracha, vidro, semicondutores, óleo, gás e madeira. Muitos materiais podem ser reciclados e reutilizados (MINOJA; ROMANO, 2021).
O aumento da atenção acadêmica ao tema também ilustra sua importância e relevância. Apesar de seus problemas, o crescimento do lixo eletrônico também oferece um valor econômico potencial significativo por causa dos metais valiosos. A existência de metais preciosos como ouro (Au), prata (Ag), paládio (Pd), platina (Pt) e outros Elementos Terras Raras (ETR) torna a reciclagem de lixo eletrônico economicamente atraente (ISLAM et al., 2020). Portanto, a implementação de práticas sustentáveis de EWM nos Emirados Árabes Unidos continua a ser um desafio crítico para a indústria de resíduos eletrônicos. O envolvimento das partes interessadas (stakeholders) é essencial para a aquisição de uma abordagem da EWM ambientalmente sustentável.
No entanto, cada país deve concordar independentemente sobre o nível de sua cooperação, a relutância da população ou das autoridades locais em cooperar apresenta um problema crítico (AHMAD et al., 2019). Esse esforço avaliar e integrar as opiniões e percepções de todos os stakeholders internos, incluindo fabricantes, distribuidores, varejistas, centros de serviços e governo (VERONICA et al., 2020). Wang et al. (2020), identificaram que as partes podem ter pontos de vista conflitantes. Por isso, é necessária uma maior conscientização dos stakeholders sobre as necessidades da gestão do lixo eletrônico .
Existem várias opções para processar e descartar o lixo eletrônico, bem como a EWM (gestão do lixo eletrônico). O processamento de resíduos eletrônicos inclui principalmente exportação, aterro e reciclagem. Enquanto isso, o lixo eletrônico é descartado principalmente via aterro sanitário. Cada uma das opções mencionadas para a EWM tem diferentes aspectos ambientais, econômicos, sociais e técnicos. Para a seleção da alternativa mais adequada para a EWM, devem ser avaliados com diferentes aspectos de cada alternativa e as vantagens associadas em termos de questões sociais, ambientais, econômicas e técnicas.
Deve-se notar que a alternativa mais adequada para a EWM deve ser uma opção economicamente acessível, ambientalmente prática, socialmente aceitável e tecnicamente viável (MALEK; DESAI, 2019). À medida que as opções da EWM crescem em complexidade e número, há a necessidade de uma estratégia eficaz para avaliar essas opções. Os países emergentes têm capacidades limitadas de pesquisa em relação a EWM (ALBLOOSHI et al., 2022).
O debate em torno da sustentabilidade tem uma longa história. Contribuições preliminares nesse campo têm sido fornecidas por estudos interessados nas relações entre o homem e a natureza (CAPUTO et al., 2021).
Desta maneira, a sustentabilidade atende às necessidades atuais e reconhece as necessidades das gerações futuras. Assim sendo, a sustentabilidade é definida como “a adoção de estratégias e atividades de negócios que atendam às necessidades dos empreendimentos e de seus stakeholders, ao mesmo tempo em que protegem, sustentam e potencializando os recursos humanos e naturais necessários no futuro” (ALBLOOSHI et al., 2022). Apesar da gestão do lixo eletrônico seja considerada um desafio para muitos países globalmente.
Deste modo, nos Emirados Árabes Unidos, o volume de resíduos eletrônicos gerados está aumentando devido às práticas de gestão insustentáveis alimentadas pela crescente perplexidade entre os diversos stakeholders (KLEMEŠ et al., 2020). Portanto, a situação do lixo eletrônico está piorando.
A solução mais eficaz para o crescente do problema do lixo eletrônico é reciclar matérias-primas de eletrônicos usados. A reciclagem de lixo eletrônico beneficiará a comunidade e reduzirá o volume de resíduos sólidos colocados em lixões designados. A revenda e reutilização dos computadores continuam altas, dependendo das máquinas. Nenhum número confiável quantifica a geração de lixo eletrônico, enquanto os computadores se tornam mais acessíveis com maior acesso à tecnologia. Além dos consumidores, a extensa indústria de software é uma fonte de computadores obsoletos (PATWA et al., 2021). A tecnologia de ponta aumenta a velocidade da informática, e a eficiência necessariamente aumenta a taxa de obsolescência (OUDA et al., 2021).
Contudo, o e-waste (lixo eletrônico) é um problema, especialmente em países emergentes, onde sistemas de EWM (gestão do lixo eletrônico) eficientes não são totalmente adotados, assim, foi relatado um significativo movimento transfronteiriça de resíduos eletrônicos (EL BILALI; BEN HASSEN, 2020).
O desenvolvimento sustentável passou por inúmeras transformações desde que a ONU adotou os primeiros princípios em uma conferência em Estocolmo no documento intitulado “Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável” (MAWED, 2020). Os Emirados Árabes Unidos também inauguraram uma iniciativa de desenvolvimento econômico sustentável como prioridade na “Agenda Econômica Verde (2015-2030)” na transição para o desenvolvimento sustentável.
O manuseio de resíduos eletrônicos deve ser realizado de forma sustentável para reduzir a deposição desnecessária de resíduos eletrônicos no aterro sanitário disponível. Por exemplo, uma instalação foi construída para funcionar como o principal centro de gerenciamento de lixo eletrônico da região no Oriente Médio, inicialmente suportaria 39 kt (quilotons) de lixo eletrônico a cada ano.
Enquanto isso, os Emirados Árabes Unidos estão desenvolvendo políticas e regulamentos para o gerenciamento de resíduos eletrônicos. No entanto, são necessários mais esforços para garantir a implementação dessas regulamentações (ZABALA, 2019). A comunidade empresarial e autoridades locais, como Dubai Internet City e Dubai Science Park foram os impulsionadores de outras iniciativas nos Emirados Árabes Unidos, incluindo a campanha de coleta de lixo eletrônico em 2017. A campanha coletou quase duas toneladas de eletrônicos descartados. Por exemplo, laptops, impressoras, câmeras e celulares (ALBLOOSHI et al., 2022).
Portanto, os sistemas de gestão do lixo eletrônico é um problema da sociedade contemporânea que necessita de solução imediata. Assim sendo, os desafios experimentados pelos sistemas de gestão de lixo eletrônico em países emergentes como os Emirados Árabes Unidos são multidimensionais.
Deste modo, a poluição da indústria de tecnologia da informação e a gestão inadequada do lixo eletrônico tem várias implicações nos níveis ambiental, social, econômico, tecnológico e político.
José Austerliano Rodrigues. Especialista e Doutor em Sustentabilidade de Marketing pela UFRJ, com ênfase em Marketing e Sustentabilidade, com interesse em pesquisa em Sustentabilidade Organizacional, Sustentabilidade de Marketing e Comportamento do Consumidor Sustentável.
E-mail: austerlianorodrigues@bol.com.br.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
A manutenção da revista eletrônica EcoDebate é possível graças ao apoio técnico e hospedagem da Porto Fácil.
[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à EcoDebate com link e, se for o caso, à fonte primária da informação ]
Inclusão na lista de distribuição do Boletim Diário da revista eletrônica EcoDebate, ISSN 2446-9394,
Caso queira ser incluído(a) na lista de distribuição de nosso boletim diário, basta enviar um email para newsletter_ecodebate+subscribe@googlegroups.com . O seu e-mail será incluído e você receberá uma mensagem solicitando que confirme a inscrição.
O EcoDebate não pratica SPAM e a exigência de confirmação do e-mail de origem visa evitar que seu e-mail seja incluído indevidamente por terceiros.
Remoção da lista de distribuição do Boletim Diário da revista eletrônica EcoDebate
Para cancelar a sua inscrição neste grupo, envie um e-mail para newsletter_ecodebate+unsubscribe@googlegroups.com ou ecodebate@ecodebate.com.br. O seu e-mail será removido e você receberá uma mensagem confirmando a remoção. Observe que a remoção é automática mas não é instantânea.