Comunicação de Sustentabilidade do Setor Industrial nas Plataformas de Mídias Sociais
Comunicação de Sustentabilidade do Setor Industrial nas Plataformas de Mídias Sociais, artigo de José Austerliano Rodrigues
Devido à rápida disseminação de dados por meio de novas tecnologias de informação e de um mundo cada vez mais globalizado, as empresas são intensamente observadas pela sociedade civil global.
As empresas podem realizar a Comunicação de Sustentabilidade Corporativa (CSC) analisando valores, publicando relatórios de sustentabilidade, instalando plataformas de informação para os stakeholders, realizando campanhas educativas, etc (SIGNITZER; PREXL, 2008).
O comportamento do consumidor mudou, e isto forçou as empresas a repensar seu marketing, como fazê-lo de forma eficiente no mundo digital. Existem várias plataformas baseadas na Web e todas elas estão se multiplicando por toda a parte, facilitando o comportamento social on-line (TIAGO; VERÍSSIMO, 2014).
De acordo com Kaplan e Haenlein (2010), as mídias sociais podem ser definidas como uma equipe de aplicações baseadas na internet, que desenvolvem os fundamentos ideológicos e tecnológicos na Web 2.0, o que permite o desenvolvimento e o retorno do material gerado pelo usuário.
Para Richter e Koch (2007), as mídias sociais são aplicativos on-line, plataformas e mídia, que visam facilitar interações, colaborações e o compartilhamento de conteúdo. A comunicação de marketing se tornou integrada ao espaço digital, e o desenvolvimento está indo além, o que significa que os profissionais de sustentabilidade de marketing podem criar vínculos digitais com consumidores e outros stakeholders através das mídias sociais (TIAGO; VERÍSSIMO, 2014).
Assim sendo, as mídias sociais fornecem caminhos para um amplo alcance, que permitem a interatividade. Muitas vezes têm um custo, sabendo que há inúmeros benefícios para os anunciantes, porque os consumidores se auto-selecionam em grupos de estilo de vida que permitem direcionar mensagens de sustentabilidade de marketing de forma mais eficiente (KAHLE; VALETTE-FLORENCE, 2012). Nas mídias sociais é possível se comunicar através de diferentes tipos de conteúdo, o que é possível ser postado visualmente, verbalmente ou textualmente ou usando uma mistura de conteúdo textual, visual e verbal (OKAZAKI;TAYLOR, 2013).
Segundo Kim e Ko (2010), as mídias sociais podem ter um impacto dramático na reputação de uma marca. Tuten e Solomon (2012), afirmam que as mídias sociais são as propagandas e plataformas de marketing digital. Assim sendo,os profissionais de sustentabilidade de marketing são capazes de direcionar suas mensagens de forma mais eficiente para os consumidores (SHEEHAN; ATKINSON, 2015).
As mídias sociais como plataforma de marketing se encaixam bem para propaganda sustentável e campanhas sociais, através dos modos eletrônicos de comunicação indireta e do marketing boca a boca eletrônico (eWOM), em vez de propaganda comercial. Desta maneira, a planfletagem ou propaganda em jornais pode ser visto insustentável do ponto de vista ambiental (HUNG; LI; TSE, 2011).
Para Tuten e Solomon (2015), as ferramentas e plataformas de mídias sociais podem ser organizadas em torno de quatro zonas. A seguir:
– Na zona 1 – a comunidade social descreve canais de mídias sociais focados nas relações sociais e nas atividades comuns que as pessoas participam com outras pessoas que compartilham o mesmo interesse. Assim, as comunidades sociais apresentam comunicação bidirecional e multidirecional, conversa, colaboração e compartilhamento de experiências e recursos (TUTEN; SOLOMON, 2015). Na zona 1, o setor industrial da Adidas e Patagonia as comunidades sociais apresentam comunicação bidirecional e multidirecional, conversa, colaboração e compartilhamento de experiências e recursos. Tudo isso é possível no Instagram e Facebook (LAUKKANEN, 2021).
– Na zona 2 – os sites de publicação social ajudam na divulgação do conteúdo para o público. Os canais de publicação social incluem blogs, sites de micro compartilhamento, sites de mídia e de marcação social e notícias (TUTEN; SOLOMON, 2015). Na zona 2, as duas empresas estudadas estão publicando nos blogs, sites de micro compartilhamento, como a colaboração Parley of the Ocean da Adidas, que tem sua própria página web e contas de mídia social. Já, a Patagônia tem seu programa Worn Wear, que tem página própria e conta de mídia social. Além de terem seus sub-perfis nas mídias sociais, que o conteúdo é mais focado no tema como mountain bike ou futebol, lá o conteúdo não é tão focado em sustentabilidade do que na conta oficial (LAUKKANEN, 2021).
– Na zona 3 – o entretenimento social engloba canais de comunicações que oferecem oportunidades de lazer e entretenimento. Estes incluem jogos de console socialmente habilitados, jogos sociais e sites de jogos e comunidades de entretenimento (TUTEN; SOLOMON, 2015). No caso das empresas Adidas e Patagonia não estão na zona 3, não têm oportunidades de jogar nos sites (LAUKKANEN, 2021).
– Na zona 4 – o comércio social refere-se ao uso de mídias sociais para auxiliar na compra e venda on-line de produtos e serviços. Para Tuten e Solomon (2015), é um subconjunto de e-commerce, que significa prática de comprar e vender produtos e serviços pela internet. Na zona 4, ambas as empresas têm suas próprias lojas on-line, mas o consumidor também é capaz de navegar na loja ou revendedor do site da marca. No Instagram você pode ver as fotos postadas das marcas (LAUKKANEN, 2021).
Em resumo, a Adidas e a Patagônia não estão apenas promovendo suas soluções sustentáveis, estão educando os consumidores e seus stakeholders por meios de canais de comunicações. Eles estão mostrando as razões por trás de suas ações, a exemplo da poluição, das comunidades pobres, da diversidade e dos direitos humanos em geral. Além disso, eles compartilham histórias, pesquisas, vídeos, fotos e relatórios de sustentabilidade (LAUKKANEN, 2021).
Todavia, as mídias sociais fornecem um meio de propaganda ideal para anunciantes sustentáveis, porque os consumidores são capazes de se auto-selecionar em grupos de estilo de vida sustentáveis. As mídias sociais, como mídia de propaganda, podem ser especialmente importantes na compreensão da sustentabilidade, pois a sustentabilidade é social por natureza (MINTON et al., 2012).
Assim sendo, as corporações em todo o mundo organizam campanhas de sustentabilidade social corporativa (RSC), e usam as mídias sociais como uma ferramenta para contar suas histórias de responsabilidade social, mas a força das mídias sociais como ferramenta de construção de relacionamentos não está sendo realizada, pois as atividades de RSC são frequentemente comunicadas de forma unidirecional (KENT; TAYLOR; 2015).
Neste sentido, a noção limitada e unidirecional da comunicação do mix de marketing convencional tem dado lugar há muito tempo a valorização da importância da comunicação bidirecional com consumidores.
José Austerliano Rodrigues. Especialista e Doutor em Sustentabilidade de Marketing pela UFRJ, com ênfase em Marketing e Sustentabilidade, com interesse em pesquisa em Sustentabilidade de Marketing e Comportamento do Consumidor Sustentável. E-mail: austerlianorodrigues@bol.com.br.
CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/0779999836176801
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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