Cidades do Rio de Janeiro com decrescimento populacional em 2020
Cidades do Rio de Janeiro com decrescimento populacional em 2020, artigo de José Eustáquio Diniz Alves
“Não é só a morte que iguala a gente. O crime, a doença e
a loucura também acabam com as diferenças que a gente inventa”
Lima Barreto (1881-1922)
A pandemia da covid-19 afetou a dinâmica demográfica aumentando o número de mortes e diminuindo o número de nascimentos. No território fluminense, 22 cidades apresentaram variação vegetativa (Nascimentos – óbitos e migração zero) negativa em 2020.
O município do Rio de Janeiro, segunda maior cidade do país e maior cidade fluminense, com 6,75 milhões de habitantes em 2020, registrou 72,9 mil nascimentos e 76,8 mil óbitos, o que resultou em um decrescimento vegetativo de 3,85 mil pessoas. A segunda maior cidade fluminense, São Gonçalo – com pouco mais de 1 milhão de habitantes – registrou 7,2 mil nascimentos e 8,3 mil óbitos em 2020, apresentando um decrescimento vegetativo de 1,16 mil pessoas. No geral, foram 22 cidades fluminenses que registraram mais óbitos do que nascimentos em 2020 e que, portanto, apresentaram decrescimento vegetativo, conforme mostra a tabela abaixo.
Nascimentos, óbitos e decrescimento vegetativo, cidades fluminenses, 2020
Cidades Fluminenses |
Nascimentos |
Óbitos |
Vegetativo |
Rio de Janeiro |
72 917 |
76 771 |
-3 854 |
São Gonçalo |
7 156 |
8 317 |
-1 161 |
São Francisco de Itabapoana |
80 |
387 |
-307 |
Barra do Pirai |
463 |
625 |
-162 |
Mendes |
17 |
177 |
-160 |
Cardoso Moreira |
33 |
157 |
-124 |
Engenheiro Paulo de Frontin |
28 |
120 |
-92 |
Cambuci |
96 |
147 |
-51 |
Sapucaia |
114 |
164 |
-50 |
Maricá |
1 564 |
1 609 |
-45 |
Iguaba Grande |
261 |
304 |
-43 |
Itaboraí |
2 321 |
2 359 |
-38 |
São João da Barra |
337 |
375 |
-38 |
São Fidélis |
370 |
405 |
-35 |
Itaocara |
265 |
299 |
-34 |
Miguel Pereira |
377 |
401 |
-24 |
Italva |
139 |
156 |
-17 |
Paraíba do Sul |
408 |
421 |
-13 |
Comendador Levy Gasparian |
70 |
81 |
-11 |
Laje do Muriaé |
85 |
94 |
-9 |
São José de Ubá |
61 |
69 |
-8 |
Paty do Alferes |
182 |
186 |
-4 |
Fonte: Portal da Transparência do Registro Civil (visitado 24/11/2021)
Os dados preliminares atuais mostram que o decrescimento vegetativo nestas cidades fluminenses foi ainda maior em 2021. Todavia, se a pandemia for controlada, provavelmente, o número de nascimentos vai aumentar e o número de mortes vai diminuir em 2022. A história brasileira foi marcada por grande crescimento demográfico, mas no século XXI a tendência vai se inverter e o país deve iniciar um processo de diminuição da população a partir da década de 2040.
O que estas 22 cidades fluminenses estão mostrando é que o regime de decrescimento populacional foi antecipado, mesmo que seja temporariamente. Com o fim da pandemia estas cidades devem voltar a apresentar crescimento. Mas o decrescimento demográfico estrutural vai prevalecer nas próximas décadas, a partir de 2030 para as cidades do Rio de Janeiro.
Esta nova realidade demográfica parece ser inexorável, mesmo na hipótese de aumento do fluxo imigratório. Cabe às políticas públicas se adaptarem para a nova realidade traçando metas para garantir o bem-estar social e ambiental.
José Eustáquio Diniz Alves
Doutor em demografia, link do CV Lattes:
http://lattes.cnpq.br/2003298427606382
Referências:
CAVENAGHI, S. ALVES, JED. A Dinâmica da Fecundidade no Rio de Janeiro: 1991-2000. A ENCE aos 50 anos: um olhar sobre o Rio de Janeiro / Escola Nacional de Ciências Estatísticas. – Rio de Janeiro: IBGE, 2006. https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv31839.pdf
ALVES, JED. Três séculos de população no Brasil e os três bônus demográficos, Apresentação Webinário IPEA, 23/06/2021
https://drive.google.com/file/d/1JQW9TcZi3DFFfvEuIM1C78jQIxHLInVn/view
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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