Consumidor-Cidadão: Política de Estilo de Vida Sustentável
Consumidor-Cidadão: Política de Estilo de Vida Sustentável, artigo de José Austerliano Rodrigues
A política de estilo de vida refere-se às maneiras pelas quais grupos de indivíduos, em alguns momentos, são feitos para refletir sobre suas vidas cotidianas e as narrativas ligadas a estas vidas
O conceito de estilo de vida se refere ao conjunto de hábitos e de história que resultam da participação de um indivíduo em um conjunto de rotinas cotidianas que compartilham com outros – atividades, interesses e opiniões (GIDDENS, 1991).
Contudo, cada consumidor-cidadão pode ser caracterizado por sua combinação única de práticas compartilhadas. Desta forma, ser um membro competente da sociedade em nossa cultura de consumo global significa ser capaz de encontrar o seu caminho através do conjunto de práticas de consumo que compõem nossas vidas cotidianas (SPAARGAREN; OOSTERVEER, 2010).
Assim sendo, a política de estilo de vida refere-se às maneiras pelas quais grupos de indivíduos, em alguns momentos (especialmente quando confrontados com mudanças repentinas, desafios ou momentos fatais), são feitos para refletir sobre suas vidas cotidianas e as narrativas ligadas a estas vidas. Entretanto, as fontes não rotinizadas, e as reflexões discursivas que se seguem, podem estar localizadas na vida pessoal e privada (divórcio, doença) ou podem estar enraizadas em processos sociais e políticos mais amplos (crise financeira). Assim sendo, as fontes não rotinizadas das práticas pode ser feita tanto no nível do indivíduo, quanto no nível das práticas sociais (SPAARGAREN; OOSTERVEER, 2010).
Deste modo, as consequências diretas dos agentes reflexivamente (re)considerando seus comportamentos e narrativas existentes, na maioria das vezes, dizem respeito tanto ao nível dos indivíduos quanto às práticas envolvidas.
Desta forma, a política de estilo de vida é importante para o consumo sustentável, principalmente porque lida com assuntos individuais, sem desconectar o privado e o pessoal do público e do global (SPAARGAREN; OOSTERVEER, 2010).
Pesquisas sobre política de estilo de vida, tanto nas tradições sociopsicológicas quanto sociológicas, buscam destacar as formas pelas quais os atores interpretam e fazem sentido a globalização das práticas de consumo da vida cotidiana, suas formas de lidar com inovações nas práticas e seu manuseio das inconsistências podem surgir entre os princípios e dinâmicas que estão operacionais nos diferentes segmentos de estilos de vida, por exemplo, dentro das diferentes práticas sociais em que estão envolvidos.
Estes desenvolvimentos devem ser dados um lugar na narrativa do eu (self), que acompanha o estilo de vida do ator. Ao interpretar a globalização das práticas de consumo e quando (re)enquadrar a narrativa pessoal no contexto de inovações sociais (também enraizadas globalmente), o pessoal está reflexivamente conectado ao global em um processo contínuo.
Então, o conceito de política de vida, introduzido por Giddens, é admitido como o relato mais generalizado das formas pelas quais os cidadãos-consumidores como agentes morais (política de estilo de vida sustentável) que atuam no âmbito da sociedade civil, contribuem para o discurso da sustentabilidade.
José Austerliano Rodrigues. Especialista Analista Sênior e Doutor em Sustentabilidade de Marketing pela UFRJ, com ênfase em Marketing e Sustentabilidade, com interesse em pesquisa em Sustentabilidade de Marketing e Comportamento do Consumidor. E-mail: austerlianorodrigues@bol.com.br.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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