Correlação entre Saúde Ambiental e Humana na Sociedade Desigual
Correlação entre Saúde Ambiental e Humana na Sociedade Desigual, por Flávia Nunes Ferreira de Araujo e Maria de Fátima Nóbrega Barbosa
Existe uma relação muito próxima entre as questões ambientais e a saúde humana, agregando, também, às desigualdades sociais as quais se inserem em um contexto que traz repercussões ainda mais preocupantes
Correlação entre Saúde Ambiental e Humana na Sociedade Desigual
Flávia Nunes Ferreira de ARAUJO
Doutora em Engenharia e Gestão de Recursos Naturais – UFCG
Docente – UEPB
Maria de Fátima Nóbrega BARBOSA
Doutora em Recursos Naturais – UFCG
Docente – UFCG
RESUMO
INTRODUÇÃO:
A partir do século XIX, já se pensava na situação ambiental que assolava o ecossistema. Profissionais de todas as áreas se incomodaram com tal situação e perceberam a necessidade de se buscar meios para mitigar problemas relacionados, direta ou indiretamente, às repercussões que o homem estava causando ao ambiente.
Existe uma relação muito próxima entre as questões ambientais e a saúde humana, agregando, também, às desigualdades sociais as quais se inserem em um contexto que traz repercussões ainda mais preocupantes. Falhas no gerenciamento de resíduos, por exemplo, sobretudo em áreas mais desprovidas economicamente, leva a comunidade a depositar os resíduos gerados em áreas impróprias, como em terrenos baldios.
OBJETIVO:
Verificar a deposição inadequada de resíduos sólidos em terrenos baldios e descrever impactos ambientais e malefícios à saúde relacionados às desigualdades sociais.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado pelo método indutivo, com apoio da pesquisa exploratória e descritiva, utilizando uma abordagem quantitativa. Os dados obtidos na pesquisa foram construídos no software Microsoft Office Excel® e as análises estatísticas no IBM SPSS Inc PASW Statistics versão 23.0. A pesquisa foi realizada no município de Campina Grande – PB no ano de 2020.
A coleta de dados teve início após a aprovação do projeto pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP). Também foram realizados registros fotográficos de terrenos baldios com resíduos correlacionando ao contato direto ou indireto com resíduos sólidos em pessoas residentes em lugares próximos a esses terrenos.
RESULTADOS:
O grupo pesquisado foi composto pela Coordenação da Vigilância Epidemiológica, 75 enfermeiros da Atenção Primária à Saúde e 37 representantes da comunidade.
Um dos principais problemas apontados pela Vigilância Epidemiológica foi as altas taxas de notificações de arboviroses e leptospirose. A dengue apresentou maiores valores, cresceu 456,9% em 2018 quando comparada a 2017. Atribui-se a esse aumento a questões básicas de saneamento, em que há precariedade dos serviços públicos e a população mostra-se indiferente e desobrigada aos cuidados ambientais.
Esses números justificam a importância de estudos voltados para a educação ambiental, já que a dengue é uma doença de elevada morbimortalidade. No mesmo ano de 2018, em que os casos de dengue indicaram elevados índices, observou-se também um aumento expressivo nos casos de zika vírus.
De acordo com informações da Vigilância Epidemiológica, Campina Grande apresentou 47 casos em 2016 subindo para 240 em 2018. Estes valores notáveis podem ser explicados pelo fato de serem veiculados pelo mesmo vetor, Aedes aegypti, o qual tem sido bem presente em resíduos sólidos acumulados em terrenos baldios. A zika apresentou-se como um fator disparador de problemas de ordem neurológica, sobretudo com a evidência da microcefalia no nordeste brasileiro.
A leptospirose, doença transmitida por ratos, também se apresentou elevada nos anos estudados, sobretudo entre 2016 (4 casos) e 2019 (18 casos). A percepção dos enfermeiros sobre esta problemática remete ao reconhecimento de promover a educação ambiental.
O nível de conhecimento dos representantes comunitários sobre a educação ambiental está comprovadamente com significativas falhas. Esses representantes manifestaram o interesse de que as autoridades competentes promovam a educação e conscientização ambiental.
CONCLUSÃO:
Sugere-se a implantação de estratégias viáveis, em ambientes que conte com a participação da comunidade, a fim de promover a educação ambiental. Considera-se relevante e indispensável a realização de coleta, tratamento e disposição final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos urbanos, como medida mitigadora dos impactos na saúde humana e de todos os seres vivos.
No entanto, é necessária a conscientização de cada pessoa para reduzir o consumo de supérfluo, evitar desperdícios, colaborar com a reciclagem e reaproveitar o que for possível. Este é um processo educativo a partir de mudança de hábitos.
Palavras-chave: Responsabilidade ambiental, Resíduos sólidos, Terrenos baldios, Educação ambiental
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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