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O Brasil ultrapassa a Bélgica e ocupa o 7º maior coeficiente de mortalidade

 

O Brasil ultrapassa a Bélgica e ocupa o 7º maior coeficiente de mortalidade, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

O Brasil está próximo de registrar 17 milhões de pessoas infectadas pelo SARS-CoV-2 e já caminha para a marca histórica de meio milhão de vidas perdidas para a covid-19.

O país está entre os mais impactos pela pandemia, qualquer que seja o critério utilizado.

Os 3 países com maior número de casos são EUA (com 34 milhões), Índia (com 28 milhões) e o Brasil (com 17 milhões). França, Turquia e Rússia possuem mais de 5 milhões de pessoas infectadas pelo novo coronavírus. Os cinco países com maior número acumulado de mortes são os EUA (com 600 mil óbitos), Brasil (com 462 mil), Índia (com 330 mil), México (com 224 mil) e Reino Unido (com 128 mil óbitos).

Todavia, para comparar o impacto da doença entre os países é preciso levar em consideração o peso demográfico de cada uma das nações. O Brasil que estava na 22ª posição no ranking do coeficiente de mortalidade, na primeira quinzena de fevereiro de 2021, ultrapassou a Bélgica na semana passada e pulou para a 7ª posição no dia 28 de maio de 2021. A Bélgica, que estava em primeiro lugar em fevereiro, caiu para o 8º lugar, enquanto a Hungria, que estava em 10º lugar, passou para a liderança geral, conforme mostra o gráfico abaixo.

óbitos acumulados da covid 19 por milhão de habitantes no brasil

 

Os 10 países com os maiores coeficientes de mortalidade são: Hungria (com 3.075 óbitos por milhão de habitantes), República Checa (com 2.811 óbitos por milhão), Bósnia e Herzegovina (com 2.808 óbitos por milhão), Macedônia do Norte (2.590 óbitos), Bulgária (com 2.541 óbitos), Eslováquia (2.259 óbitos), Brasil (com 2.170 óbitos), Bélgica (2.150 óbitos), Eslováquia (2.103 óbitos) e Peru (com 2.092 óbitos por milhão de habitantes.

O coeficiente médio do mundo foi de 453 óbitos por milhão de habitantes no dia 29/05/2021. O Uruguai que passou quase toda a pandemia com coeficiente abaixo da média mundial atingiu 1.202 óbitos por milhão de habitantes. A Índia chegou a 236 óbitos por milhão de habitantes no dia 29/05. A China teve coeficiente de apenas 3 óbitos por milhão. E o Vietnã – que consegui controlar a pandemia – apresenta um coeficiente muito baixo, com 0,5 óbitos por milhão de habitantes.

Entre todos os países apresentados no gráfico acima, o Brasil é o que apresentou o ritmo mais acelerado de aumento da mortalidade e já é líder isolado não só de todo o continente americano, no hemisfério Sul e só está atrás de pequenos países do Leste Europeu, de clima frio e com alta proporção de idosos. Os 6 países que estão acima do Brasil no ranking dos maiores coeficientes de mortalidade possuem, em conjunto, apenas cerca de 20% da população e das mortes brasileiras. Portanto, entre as grandes nações, em termos demográficos, o Brasil possui o maior coeficiente de mortalidade e, no ritmo atual, pode ultrapassar os EUA em número acumulado de mortes até o mês de setembro de 2021.

A crise brasileira, infelizmente, não ocorre apenas na saúde. O Brasil vive um drama no mercado de trabalho, com alto desemprego e baixa taxa de ocupação. A pobreza, a desigualdade e a fome aumentaram. O custo de vida não para de subir e a crise hídrica e energética coloca desafios crescentes para a sobrevivência.

Diante do lamentável quadro geral da saúde, da educação e da economia o povo brasileiro começou a se mobilizar e a ocupar as ruas contra as políticas implementadas pelo governo federal. Centenas de milhares de pessoas protestaram no sábado, dia 29/05, contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Houve atos em todas as 27 capitais brasileiras, com grandes concentrações em São Paulo e no Rio de Janeiro pedindo o impeachment do presidente.

A percepção geral do país é que as atitudes emanadas pelo Palácio do Planalto tem favorecido a propagação do coronavírus e tem dificultado a retomada do emprego e do bem-estar. Provavelmente, o povo brasileiro não terá condições e paciência para esperar a mudança pelo voto em 2022. O segundo semestre de 2021 deve ser marcado por grandes revoltas populares.

José Eustáquio Diniz Alves
Doutor em demografia, link do CV Lattes:
http://lattes.cnpq.br/2003298427606382

Referências:

ALVES, JED. A pandemia de Coronavírus e o pandemônio na economia internacional, Ecodebate, 09/03/2020
https://www.ecodebate.com.br/2020/03/09/a-pandemia-de-coronavirus-covid-19-e-o-pandemonio-na-economia-internacional-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/

ALVES, JED. A Índia perde o controle da pandemia e é um alerta global, Ecodebate, 28/04/2021
https://www.ecodebate.com.br/2021/04/28/a-india-perde-o-controle-da-pandemia-e-e-um-alerta-global/

ALVES, JED. Óbitos podem superar os nascimentos no Brasil pandêmico, Ecodebate, 05/04/2021
https://www.ecodebate.com.br/2021/04/05/obitos-podem-superar-os-nascimentos-no-brasil-pandemico/

Jornal da Globo. Brasil pode registrar mais mortes do que nascimentos em um mês. Rede Globo, 08/04/2021
https://g1.globo.com/jornal-da-globo/noticia/2021/04/08/pais-pode-registrar-mais-mortes-do-que-nascimentos-em-um-mes-dizem-pesquisadores.ghtml

ALVES, JED. Covid-19. Brasil regista pela primeira vez mais mortes que nascimentos, entrevista a Pedro Sá Guerra na Televisão Portuguesa (RTP), 15/04/2021
https://www.rtp.pt/noticias/mundo/covid-19-a-situacao-ao-minuto-do-novo-coronavirus-no-pais-e-no-mundo_e1313075

ALVES, JED. Brasil tem taxa de mortalidade maior do que G-7, BRICS e os 10 países mais populosos, Ecodebate, 24/052021
https://www.ecodebate.com.br/2021/05/24/brasil-tem-taxa-de-mortalidade-maior-do-que-g-7-brics-e-os-10-paises-mais-populosos/

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 2831/05/2021

 

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