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Pedagogia do oprimido e Pedagogia do excluído

 

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Pedagogia do oprimido e Pedagogia do excluído, artigo de Ítalo Francisco Curcio

A exemplo de outros profissionais, o Pedagogo também tem seu dia especial para ser lembrado e homenageado de forma distinguida: 20 de maio. Data do Decreto de Lei 7.264 de 2010, referendado pela lei 13.083 de 2015, que instituiu oficialmente o “Dia Nacional do Pedagogo”.

Esta data serve como lembrança a todos, e especialmente aos envolvidos com a Educação, para celebrarmos uma das mais destacadas missões do ser humano: a da condução de crianças para o conhecimento, construção de saberes e sua formação de cidadão.

Não obstante a etimologia da palavra, que traz do grego a atividade do “condutor de crianças”, o atual conceito de Pedagogo ou de Pedagogia é muito mais profundo e abrangente, vai além da infância e da adolescência.

Dizer que certa pessoa é um pedagogo é referir-se a alguém que cumpre uma das mais nobres missões da humanidade: A Educação, a formação do ser humano como um ser político na plenitude de seu conceito.

A Educação, que depende de todos nós, mas, sobretudo da família e da escola, e para os que professam uma religião, também da Igreja, é a base da sociedade, para que se tenha um desenvolvimento humano adequado às necessidades da vida, que considero ser mais que somente sobrevivência. Neste universo, distingue-se o Pedagogo, aquele que pesquisa, estuda e procura apresentar os melhores caminhos para se lograr o êxito desejado em todas estas instituições.

Pedagogia e Educação se imiscuem mutuamente, são na verdade um só conceito. Atualmente, a necessidade do aprofundamento dos estudos acerca da Educação é tão notória, que fala-se em Ciências da Educação, com a Pedagogia sendo um de seus protagonistas, pois os conceitos de Andragogia e Gerontogogia, hoje também integram esta área do conhecimento.

Neste ano, celebra-se o centenário do nascimento de um dos mais conhecidos e controversos pedagogos do século XX, o Prof. Paulo Freire. Um personagem bastante discutido, admirado e reverenciado por muitos, como também refutado por outros.

Independentemente de concordar ou não com suas reflexões e estudos acerca da educação do homem, quando o mundo, e em especial o Brasil, passava por sérias crises sociais, decorrentes ainda dos efeitos da segunda Guerra Mundial, além dos de sua própria história, Freire foi um realista de seu tempo e também visionário.

De sua conhecida frase “Educação não transforma o mundo, mas transforma as pessoas”, conclui-se que para mudar o mundo é preciso ter pessoas educadas, como já apregoava o sábio rei Salomão, há quase 3.000 anos: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele”.

Numa época em que tanto se falava de liberdade, num conceito amplo, que não se limitava à obtenção do pão de cada dia, de condições básicas de saúde, de poder expressar-se, segundo seus princípios e valores, Freire foi além e falou de uma liberdade plena, de uma anti-opressão, mediante uma Educação completa, para todos.

A dignidade da pessoa humana é um preceito que consta no primeiro artigo de nossa Constituição Federal e ela pressupõe vida de qualidade, vida em abundância, que, por sua vez, decorre de uma plena educação.

Nesse contexto, ouso dizer que, a visão de Freire, quando escreveu sua obra “Pedagogia do Oprimido”, em meados dos anos 1960, deve ser ampliada nos dias atuais, para uma “Pedagogia do Excluído”.

As carências e problemas vivenciados pela sociedade ao longo da história estão constantemente em estado latente, e afloram sobretudo em tempos de crise, como os de uma guerra ou de uma pandemia.

Em tempos de crise, percebem-se ainda mais os efeitos da exclusão social em todos os níveis. Não são apenas as exclusões de natureza étnica, sexual, econômica ou física, que nos afligem. A exclusão ocorre com pobres ou ricos, pretos ou brancos, homens ou mulheres, pessoas com deficiências ou sem deficiências, a maior exclusão, porém, ocorre quando são desrespeitados os princípios e valores morais e éticos da sociedade. É devido a este desrespeito que ocorrem os casos específicos das exclusões citadas.

Por isso, neste dia de homenagem ao Pedagogo, incluindo também os Androgogos e Gerontogogos, me confraternizo e me congratulo com todos, apelando para que, conjuntamente, pensemos numa Pedagogia do Excluído, com um modelo educacional profícuo, eficaz, adequado à realidade contemporânea.

Feliz dia do Pedagogo!

Ítalo Francisco Curcio é doutor e Pós-doutor em Educação e pesquisador no curso de Pedagogia da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 20/05/2021

 

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