Temperatura média global em 2020 ficou ‘perigosamente perto’ do limite de 1,5°C
Temperatura média global em 2020 ficou ‘perigosamente perto’ do limite de 1,5°C
A temperatura média global em 2020 ficou cerca de 1,2 grau Celsius acima do nível pré-industrial. Este número está “perigosamente perto” do limite de 1,5 grau Celsius defendido por cientistas para evitar os piores impactos das mudanças climáticas
Novo relatório sobre clima mostra mundo “à beira do abismo”
Da ONU Brasil
- A temperatura média global em 2020 ficou cerca de 1,2 grau Celsius acima do nível pré-industrial. Este número está “perigosamente perto” do limite de 1,5 grau Celsius defendido por cientistas para evitar os piores impactos das mudanças climáticas. O dado é do novo relatório do Estado do Clima Global da Organização Meteorológica Mundial (OMM), publicado nesta segunda-feira (19).
- De acordo com a publicação, os seis anos desde 2015 foram os mais quentes já registrados na história e a década de 2011 a 2020 foi a mais quente de todos os tempos.
- “Estamos à beira do abismo”, afirmou o secretário-geral António Guterres em coletiva de imprensa de lançamento.
- O forte aviso da OMM vem antes da Cúpula dos Líderes sobre o Clima virtual, que acontece esta semana, convocada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
A temperatura média global em 2020 ficou cerca de 1,2 grau Celsius acima do nível pré-industrial. Este número está “perigosamente perto” do limite de 1,5 grau Celsius defendido por cientistas para evitar os piores impactos das mudanças climáticas. O dado é do novo relatório do Estado do Clima Global da Organização Meteorológica Mundial (OMM), publicado nesta segunda-feira (19).
De acordo com a publicação, os seis anos desde 2015 foram os mais quentes já registrados na história e a década de 2011 a 2020 foi a mais quente de todos os tempos.
“Estamos à beira do abismo”, afirmou o secretário-geral António Guterres em coletiva de imprensa de lançamento.
O forte aviso da OMM vem antes da Cúpula dos Líderes sobre o Clima virtual, que acontece esta semana. Convocada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a Cúpula busca estimular os esforços para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e cumprir as metas do histórico Acordo de Paris de 2015, acordado por todas as nações do mundo.
2021, ‘ano de ação’ – O chefe da ONU sublinhou que 2021, “deve ser o ano da ação”, apelando para uma série de “avanços concretos”, antes da reunião dos países em Glasgow, em novembro, para a 26ª sessão da Conferência das Partes (COP26) à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC).
“Os países precisam apresentar novas contribuições ambiciosas nacionalmente determinadas que foram elaboradas pelo Acordo de Paris. Seus planos climáticos para os próximos 10 anos devem ser muito mais eficientes”, afirmou Guterres.
O secretário-geral também pediu que os compromissos e planos climáticos sejam apoiados com ação imediata; e que os trilhões de dólares investidos pelas nações mais ricas para a recuperação doméstica da COVID-19 sejam alinhados com o Acordo de Paris sobre mudanças climáticas e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), e que os subsídios direcionados aos combustíveis fósseis sejam transferidos para as energias renováveis.
“Os países desenvolvidos devem liderar a eliminação gradual do carvão, até 2030 nos países da OCDE e até 2040 em outros lugares. Não devem ser construídas novas usinas a carvão ”, frisou Guterres.
Alerta precoce – O relatório do Estado do Clima Global também observou como a mudança climática prejudica os esforços de desenvolvimento sustentável, por meio de uma cadeia em cascata de eventos inter-relacionados que podem piorar as desigualdades existentes, bem como aumentar o potencial para círculos viciosos, perpetuando o ciclo de deterioração das mudanças climáticas.
O secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, advertiu que a “tendência negativa” no clima poderia continuar nas próximas décadas, independente dos esforços de mitigação, exigindo maiores investimentos em adaptação.
“O relatório mostra que não temos tempo a perder. O clima está mudando e os impactos já são muito caros para as pessoas e para o planeta. Este é o ano de ação ”, afirmou, conclamando todos os países a se comprometerem com a emissão zero até 2050.
“Uma das formas mais poderosas de adaptação é investir em serviços de alerta precoce e redes de observação do tempo. Vários países menos desenvolvidos têm grandes lacunas em seus sistemas de observação e carecem de meteorologia, clima e serviços hídricos de última geração”, destacou.
Destaques dos relatório – Entre suas descobertas, o relatório da OMM de 2020 observou que as concentrações dos principais gases de efeito estufa continuaram a aumentar em 2019 e 2020, com a média global para as concentrações de dióxido de carbono já tendo ultrapassado 410 partes por milhão (ppm), com um alerta adicional de que se a concentração seguir o mesmo padrão dos anos anteriores, podemos atingir ou ultrapassar 414 ppm neste ano.
A OMM também observou que a acidificação e desoxigenação dos oceanos continuaram, impactando os ecossistemas, a vida marinha e a pesca, além de reduzir sua capacidade de absorver CO2 da atmosfera.
Além disso, 2019 viu o maior nível de calor oceânico já registrado, e a tendência provavelmente continuou em 2020, assim como o aumento do nível do mar médio no mundo.
Alerta ártico – O relatório também disse que, desde meados da década de 1980, as temperaturas da superfície do ar ártico aqueceram pelo menos duas vezes mais rápido que a média global, com “implicações potencialmente grandes” não apenas para os ecossistemas árticos, mas também para o clima global, como o degelo do permafrost liberando metano, um potente gás de efeito estufa na atmosfera.
Além disso, a extensão de gelo marinho do Ártico chegou a um recorde mínimo, observado nos meses de julho e outubro de 2020, enquanto a camada de gelo da Groenlândia perdeu aproximadamente 152 gigatoneladas de gelo, entre setembro de 2019 e agosto de 2020.
Eventos climáticos extremos também foram registrados em vários locais do mundo, com fortes chuvas e inundações, secas severas e de longo prazo, tempestades desastrosas e incêndios florestais generalizados e prolongados, como nos EUA e na Austrália.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 21/04/2021
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