Coisas que você precisa saber pandemia e aumento da poluição plástica
Coisas que você precisa saber pandemia e aumento da poluição plástica
A pandemia do novo coronavírus levou a um aumento no uso de máscaras descartáveis, luvas e outros itens de proteção, afetando potencialmente o combate à poluição marítima.
As Nações Unidas e seus parceiros sugerem medidas para reduzir significativamente, ou até mesmo zerar, a quantidade de plásticos descartados a cada ano.
A poluição dos oceanos, um problema já tão grave, pode tomar proporções ainda maiores por causa da Covid-19 e os novos hábitos criados com a pandemia. Para promover conscientização, este guia destaca cinco pontos sobre a poluição promovida por máscaras e objetos plásticos.
1) Aumento da poluição causada pelo grande consumo de máscaras, luvas e outros produtos
A pandemia do novo coronavírus causou um aumento significativo na produção de máscaras descartáveis. Os dados da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, Unctad, indicam que as vendas globais de máscaras foram de US$ 166 bilhões em 2020. Um ano antes, este total era de US$ 800 milhões.
A quantidade de máscaras que foram parar nos oceanos assustou especialistas em conservação marinha e proteção ambiental. Na Riviera Francesa, vídeos que mostravam mergulhadores profissionais coletando máscaras e luvas chamaram a atenção para a poluição dos oceanos. Um problema que já era grave antes da pandemia e que precisa de um esforço coletivo para ser solucionado: população, líderes políticos e governos.
2) Considerar a gestão de resíduos como um serviço público essencial
Cerca de 75% das máscaras descartadas, assim como outros resíduos relacionados à pandemia irão para aterros sanitários ou ficarão flutuando nos mares.
Além dos danos ambientais, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, estima que o custo financeiro, em áreas como turismo e pesca, será de cerca de US$ 40 bilhões.
Com a crise, o lixo hospitalar aumentou consideravelmente e ali grande parte é composta de plástico descartável. O Pnuma alerta que, se o lixo não for administrado de maneira adequada, pode ocorrer o despejo descontrolado.
As possíveis consequências incluem riscos para a saúde pública por máscaras usadas e infectadas e a incineração descontrolada de máscaras, resultando na liberação de toxinas no meio ambiente e transmissão secundária de doenças aos seres humanos.
Temendo esses possíveis danos à saúde e ao meio ambiente, a agência da ONU pede que os governos considerem a gestão de resíduos, incluindo resíduos médicos e nocivos, como um serviço público essencial. O Pnuma argumenta que o manuseio seguro e a disposição final são vitais para uma resposta de emergência eficaz.
Já a diretora de comércio internacional da Unctad, Pamela Coke-Hamilton ressalta que a poluição por plásticos já era uma das maiores ameaças ao planeta antes da pandemia, mas o aumento repentino do uso diário de certos produtos que mantêm as pessoas seguras e previnem as doenças está piorando esse quadro.
3) A poluição por plástico pode ser reduzida em 80%
Um relatório abrangente sobre resíduos de plástico foi publicado por The Pew Charitable Trusts e o think tank Systemiq. O documento é endossado pela diretora-executiva do Pnuma, Inger Andersen. Ela prevê que, se as medidas cabíveis não forem tomadas, a quantidade de plásticos despejados no oceano triplicará em 2040, passando de 11 milhões para 29 milhões toneladas por ano.
No entanto, cerca de 80% da poluição produzida pelo plástico poderia ser eliminada simplesmente com a substituição de uma regulamentação inadequada: mudar o modelo de negócios e introduzir incentivos que levem à redução da produção de plásticos.
Outras medidas recomendadas são projetar produtos e embalagens que possam ser reciclados mais facilmente e aumentar a coleta de lixo, especialmente em países de baixa renda.
4) Necessidade de uma aliança global
Em uma análise sobre plásticos, sustentabilidade e desenvolvimento em julho passado, a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento concluiu que as políticas comerciais globais também podem desempenhar um papel importante na redução da poluição.
Embora na última década muitos países tenham introduzido regulamentações relacionadas à poluição causada por plásticos, um indicador da crescente preocupação com este tema de acordo com a análise da Unctad, para que essas políticas sejam realmente eficazes, são necessárias regras coordenadas e globais.
Coke-Hamilton afirma que a maneira como os países têm usado suas políticas comerciais para combater a poluição por plástico está amplamente descoordenada, limitando a eficácia de seus esforços.
5) Promover alternativas que respeitem o planeta e o emprego
Embora a aplicação dessas medidas pudesse reduzir bastante a poluição por plásticos até 2040, o relatório reconhece que, mesmo no melhor dos casos, cinco milhões de toneladas de plástico continuariam a ser despejadas no oceano anualmente.
Os autores do estudo consideram que, para enfrentar o problema de forma abrangente, seria necessário um aumento drástico em inovação e investimentos, que se traduziriam em avanços tecnológicos.
A Unctad também pede que os governos promovam o uso de substâncias não tóxicas, biodegradáveis ou facilmente recicláveis, como fibras naturais, cascas de arroz e borracha natural.
Como os países em desenvolvimento são fornecedores-chave desses produtos mais ecológicos, a substituição do plástico poderia trazer um benefício adicional: a criação de novos empregos.
Bangladesh, por exemplo, é o principal fornecedor mundial de exportações de juta, enquanto a Tailândia e a Cote d’Ivoire também conhecida como Costa do Marfim respondem pela maioria das exportações de borracha natural.
O vice-presidente para o meio ambiente da Pew, Tom Dillon disse que não existe uma solução única para lidar com a poluição do lixo plástico do oceano, somente uma ação rápida e coordenada poderá romper este círculo de poluição.
Para ele, é possível investir num futuro com menos desperdício, melhores resultados de saúde, maior criação de empregos e um ambiente mais limpo e resistente para as pessoas e a natureza.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 01/04/2021
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