COVID-19 e empreendimento: como as empreendedoras foram afetadas no período da pandemia?
COVID-19 e empreendimento: como as empreendedoras foram afetadas no período da pandemia? artigo de Carlos Vinícius Marques dos Santos
A grande crise sanitária desencadeada pela Covid-19 tem assolado diversos setores da economia em todo o globo. Em suma, inúmeros estabelecidos vêm sentindo dificuldades para conseguir caminhar neste período conturbado. E de fato, não está sendo fácil. Desde a insegurança fomentada pelo vírus, juntamente com o cenário de instabilidade político-econômica, muitos empresários brasileiros fecharam as suas portas no ano de 2020.
De acordo com a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB, 2021), devido a pandemia, muitas atividades econômicas foram paralisadas no ano de 2020 e no primeiro trimestre do ano de 2021, prejudicando, assim, o desempenho da economia nacional. Mesmo com as políticas governamentais visando mitigar os danos, os resultados negativos se mostraram visíveis.
Em meio aos acontecimentos negativos proporcionados pela pandemia, os empresários são acometidos de forma direta no que tange ao setor de vendas, finanças, pessoas e gerenciamento dos seus empreendimentos. Uma observação a ser feita é que alguns ramos não foram afetados de forma significativa, enquanto outros, tiveram que fechar as suas portas por motivos de segurança e dificuldades para lidar com a realidade nociva.
No gráfico de número 1, tem-se alguns segmentos e como eles foram afetados no seu faturamento devido a pandemia, representando a variação de forma percentual. Estes dados foram levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Assim, metodologicamente, para calcular a variação, a base foi considerada como uma semana normal de atividades dos ramos.
Percebe-se que os segmentos classificados como não essenciais e que necessitam maior contato físico entre as pessoas estão sofrendo mais. Dentre os mais afetados, destacam-se o turismo; a Economia Criativa; as academias; a logística e transporte e a energia. As menos afetadas foram os serviços empresariais; comércio varejista; oficinas e peças; pet shops; indústria de alimentos; saúde e indústria de base tecnológica. É importante ressaltar que mesmo os ramos menos afetados sofrem e muito com os efeitos da crise mundial.
Gráfico 1-Faturamento do segmento em relação a uma semana normal.
Dentre este público de empreendedores, as mulheres foram as mais impactadas. Pois há muito tempo num contexto de desigualdades, a mulher, no que se refere ao mercado de trabalho, sofre descriminação.
Esta descriminação pode ser observada na esfera salarial, pois as mulheres recebem menos em relação aos homens (equivalente a 30% de diferença para menos). Isto, ocupando o mesmo espaço e função. Informações disponibilizadas pelo IBGE. Ademais, as dificuldades enfrentadas pelas mulheres que são mães se agravam, além do mais, quando se refere a tonalidade da sua cor, ou seja, mulheres com coloração de pele mais escura são as mais afetadas.
Uma pesquisa realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) no ano de 2019, apresenta que a participação das mulheres tem crescido no mercado de trabalho, sendo uma parcela destas, gerenciando o próprio negócio. Porém, recentemente um estudo divulgado pelo IBGE sinaliza os principais impactos que a pandemia trouxe na vida das mulheres. empreendedoras A princípio: 1,3 milhões deixaram de gerenciar algum negócio; 75% das mulheres envolvidas com algum tipo de negócio sofreram com baixas no faturamento; 34% possuem dívidas nas suas instituições e 51% tiveram que solicitar empréstimos bancários para manter o seu negócio.Ademais, as mulheres dedicam muito tempo nas atividades domésticas, demandando muitas horas em suas vidas.
Mesmo com os grandes desafios que perpassam o empreendedorismo feminino, as mulheres se demonstram capazes de superar esta crise e gerenciar os seus negócios. Além do mais, a maioria delas possuem “trabalhos duplos”, pois cuidam do (s) filho (s) e da casa. Os impactos no que tange às empresas serão difíceis de serem mensurados, todavia, as gestores devem ficar atentas e se prepararem para as mudanças que o mercado com certeza irá sofrer, tanto no atual período quanto na pós pandemia.
Carlos Vinícius Marques dos Santos
Técnico em Alimentos- IF Baiano Campus Santa Inês.
Graduando em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).
Referências
SEBRAE/FGV. O Impacto da pandemia de coronavírus nos Pequenos Negócios – 6ª edição. Disponível em: https://fgvprojetos.fgv.br/sites/fgvprojetos.fgv.br/files/impacto-coronavirus-nas-mpe-6aedicao_diretoria-v11.pdf. Acesso em 22 de mar. 2021.
SEBRAE. Como a pandemia impactou os negócios liderados por mulheres. Disponível em:https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/empreendedorismofeminino/artigoempreededorismofeminino/como-a-pandemia-impactou-os-negocios-liderados-por-mulheres,bd514f9e53bd7710VgnVCM100000d701210aRCRD. Acesso em 22 de mar. 2021.
SEBRAE. Participação de mulheres empreendedoras cresce no Brasil. Disponível em: https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/sc/noticias/participacao-de-mulheres-empreendedoras-cresce-no-brasil,06fd4563d8318710VgnVCM100000d701210aRCRD. Acesso em 21 de mar. 2021.
SISTEMA FIEB. Empreendedorismo | SENAI. Disponível em: http://fieb.org.br/empreendedorismo/. Acesso em 21 mar. 2021.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 26/03/2021
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