EcoDebate

Plataforma de informação, artigos e notícias sobre temas socioambientais

Notícia

Ciclones foram principais eventos extremos de 2019 no mundo

 

ciclone
O satélite Terra da NASA avistou a área de baixa pressão remanescente do que antes era o ciclone tropical Carlos movendo-se pelo sul do Oceano Índico. Créditos: NASA

Ciclones foram principais eventos extremos de 2019 no mundo

Cúpula de Adaptação Climática discutirá apoio financeiro aos países pobres mais afetados

Por Cinthia Leone, ClimaInfo

Tempestades severas e suas implicações diretas — volume de precipitação, enchentes e deslizamentos de terra — causaram os principais prejuízos econômicos ligados a eventos extremos em todo o mundo em 2019.

Dos 10 países mais afetados naquele ano, 6 foram atingidos por ciclones, e dados científicos mais recentes sugerem que cada décimo de grau de aumento na temperatura do planeta atua para multiplicar a quantidade e a gravidade dos ciclones.

Essas informações foram apresentadas ontem (25/01) pelo Índice de Risco Climático Global do Germanwatch, uma organização sem fins lucrativos com sede em Bonn, na Alemanha, e que se dedica a pesquisas de dados socioeconômicos. De 2006 a 2019, o Germanwatch lançou o índice durante a Conferência da ONU sobre o Clima (COP). Devido ao adiamento da COP 26 em decorrência da pandemia, desta vez, o estudo foi publicado pouco antes da Cúpula de Adaptação Climática, que será realizada pela Holanda hoje e amanhã (25 e 26/01), em formato virtual.

Moçambique e Zimbábue foram apontados como os dois países mais afetados no mundo em 2019 devido ao ciclone tropical Idai, considerado o mais letal e mais caro do sudoeste do Oceano Índico. O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, já havia classificado o evento como “uma das piores catástrofes climáticas da história da África”. Já as Bahamas ficaram em terceiro lugar após a devastação do Furacão Dorian. O Japão é o quarto país da lista em decorrência dos estragos causados pelo Tufão Hagibis, o mais violento em 60 anos. Na América do Sul, o país mais ameaçado de 2019 foi a Bolívia (10º) devido a incêndios florestais, enchentes e deslizamentos, seguida por Chile (25º), Brasil (27º) e Colômbia (28º).

Já no período que vai de 2000 a 2019, Porto Rico, Mianmar e Haiti tiveram as maiores perdas relacionadas ao clima, e oito dos dez países mais afetados são países em desenvolvimento. Desde o início do século, quase 480 mil pessoas morreram como resultado de mais de 11 mil eventos climáticos extremos. Os prejuízos econômicos foram de aproximadamente US$ 2,56 trilhões (calculado em paridade de poder de compra, PPP). Esse montante não inclui as perdas ocorridas nos EUA, já que, devido a problemas técnicos com fornecedores de dados, o país não está incluído na análise. A Cúpula vai discutir como melhorar o apoio aos países pobres mais vulneráveis a condições climáticas extremas.

“Eles precisam urgentemente de assistência financeira e técnica. Estudos recentes mostram que os 100 bilhões de dólares por ano prometidos pelas nações industrializadas não serão alcançados, e apenas uma pequena parte disso foi fornecida para a adaptação climática”, diz David Eckstein, um dos autores da pesquisa do Germanwatch. “A Cúpula de Adaptação Climática, que começa hoje, deve abordar estes problemas”.

“Países como o Haiti, as Filipinas e o Paquistão são repetidamente atingidos por condições climáticas extremas e não têm tempo para se recuperar totalmente antes do próximo evento”, argumenta a também autora do relatório, Vera Kuenzel,

Para Laura Schaefer, que também é autora da publicação, a pandemia global da COVID-19 reiterou o fato de que os países vulneráveis estão expostos a vários tipos de risco — climático, geofísico, econômico e de saúde — e que a vulnerabilidade é sistêmica e interligada. “Portanto, é importante abordar estas interconexões”, explica a pesquisadora do Germanwatch. “O fortalecimento da resiliência climática dos países é uma parte crucial deste desafio, e a Cúpula de Adaptação Climática oferece a oportunidade de dar um passo importante nessa direção”.

Sobre o Índice de Risco Climático Global:

Germanwatch recebe seus dados para calcular anualmente o Índice Global de Risco Climático do banco de dados NatCatSERVICE da empresa de resseguros Munich Re, assim como os dados socioeconômicos do Fundo Monetário Internacional (FMI). Embora a avaliação dos crescentes danos e fatalidades não permita conclusões simples sobre a influência da mudança climática nesses eventos, ela mostra o aumento de graves desastres e dá uma boa estimativa sobre a resiliência de estados e territórios.

Nota 1: EUA:

Devido a problemas técnicos com fornecedores de dados, o banco de dados subjacente para o cálculo da CRI 2021 não inclui dados para os EUA. Isto resulta em um número inferior para as perdas totais em PPP para o período de 20 anos.

Nota 2: Porto Rico:

Porto Rico não é um estado nacional independente, mas um território não incorporado dos Estados Unidos. No entanto, com base em sua localização geográfica e indicadores socioeconômicos, Porto Rico tem condições e exposição a eventos climáticos extremos diferentes do resto dos EUA. O Índice Global de Risco Climático visa fornecer uma visão abrangente e detalhada de quais países e regiões são particularmente afetados por eventos climáticos extremos. Portanto, Porto Rico foi considerado separadamente para o resto dos EUA nesta análise.

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 26/01/2021

 

A manutenção da revista eletrônica EcoDebate é possível graças ao apoio técnico e hospedagem da Porto Fácil.

Nota: Para receber atualizações pelo grupo de notícias do EcoDebate no WhatsApp, adicione o telefone 21 98682-4779 e, em seguida, envie uma mensagem com o texto ADICIONAR.

 

[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à EcoDebate com link e, se for o caso, à fonte primária da informação ]

Inclusão na lista de distribuição do Boletim Diário da revista eletrônica EcoDebate, ISSN 2446-9394,

Caso queira ser incluído(a) na lista de distribuição de nosso boletim diário, basta enviar um email para newsletter_ecodebate+subscribe@googlegroups.com . O seu e-mail será incluído e você receberá uma mensagem solicitando que confirme a inscrição.

O EcoDebate não pratica SPAM e a exigência de confirmação do e-mail de origem visa evitar que seu e-mail seja incluído indevidamente por terceiros.

Remoção da lista de distribuição do Boletim Diário da revista eletrônica EcoDebate

Para cancelar a sua inscrição neste grupo, envie um e-mail para newsletter_ecodebate+unsubscribe@googlegroups.com ou ecodebate@ecodebate.com.br. O seu e-mail será removido e você receberá uma mensagem confirmando a remoção. Observe que a remoção é automática mas não é instantânea.