Posição da Associação Médica Brasileira sobre COVID-19 e Vacinação
Posição da Associação Médica Brasileira sobre COVID-19 e Vacinação
A Associação Médica Brasileira, AMB – em conjunto com todo o seu quadro de Sociedades de Especialidades, em particular as Sociedades abaixo signatárias – vem a público comunicar seu posicionamento relacionado aos aspectos preventivos, diagnósticos e terapêuticos da doença COVID-19.
Damos ênfase à importância da vacinação da população contra o Sars-CoV-2 e, para tanto, apresentamos como fundamentos as mais sólidas e atualizadas evidências cientificas da Medicina.
Legitimada por representar todo movimento médico associativo e em cumprimento a sua missão, a AMB conclama os cidadãos do País a aderir à programação oficial de vacinação a ser definida pelas autoridades sanitárias nas próximas semanas, bem como manter as conhecidas medidas preventivas que reduzem a transmissão do novo coronavírus.
O ano de 2021, felizmente, começa com perspectivas. Estão chegando as vacinas para COVID-19 no Brasil. Elas têm potencial de ser um divisor de águas no combate à pior crise sanitária mundial dos últimos cem anos.
Nos próximos dias, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) avaliará os resultados das pesquisas referentes à eficácia e à segurança das vacinas de Oxford/AstraZeneca e CoronaVac contra o SARS-CoV-2, atendendo a solicitações de uso emergencial da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Instituto Butantã, respectivamente.
A agência reguladora nacional merece credibilidade da comunidade científica e a confiança da sociedade brasileira, pois, desde a sua criação, em 26 de janeiro de 1999, atua adequadamente na avaliação de novos medicamentos, vacinas, testes laboratoriais e dispositivos médicos, apenas permitindo o uso no Brasil quando demonstram qualidade, eficácia e segurança.
Enfrentando a triste realidade de mais de 200.000 brasileiros mortos pela COVID-19 – somos o segundo país com maior número de óbitos no mundo – temos a certeza de que a ANVISA saberá avaliar com qualidade e celeridade a solicitação de autorização para uso emergencial e/ou o registro destas vacinas.
É urgente o início da vacinação no Brasil. Só assim evitaremos mais mortes causadas pela COVID-19. Desde 8 de dezembro de 2020, quando a primeira dose da vacina foi ministrada no mundo ocidental, já são 23 milhões de aplicações realizadas com segurança em mais de 50 países.
A maioria das pessoas vacinadas não apresenta efeitos colaterais. Os que apresentam geralmente têm sintomas leves. Nenhuma morte relacionada à vacinação para COVID-19 foi descrita até o momento, enquanto a doença já causou mais de 1.900.000 óbitos globalmente.
Uma vez autorizadas ou aprovadas pela ANVISA, as vacinas poderão e têm de ser oferecidas aos brasileiros COM SEGURANÇA e EFICÁCIA.
É imperioso que os gestores públicos nos três níveis (federal, estadual e municipal) atuem com organização, interação e rapidez na aquisição, disponibilização, armazenamento e aplicação das vacinas. Cada dia de vacinação terá impacto progressivo para salvar centenas de vidas de brasileiros.
Aproximadamente de 2 a 4 semanas após a vacinação, o organismo humano inicia a produção de anticorpos eficazes para evitar a COVID-19 ou reduzir o risco de evolução para formas mais graves da doença. Por isso, há a necessidade urgente de termos vacinas disponíveis, e assim, mudarmos o atual cenário desolador e recorrente de mais de 1.000 mortes por dia pela COVID-19 no Brasil.
Vivemos um momento de demasiada desinformação, desserviço e fake news. É relevante conscientizarmos a população brasileira da importância fundamental das vacinas para controle das mais diversas doenças infecciosas, entre as quais a COVID-19.
Orientamos e clamamos que não se repassem vídeos e mensagens que desinformam sobre a real eficácia e segurança das vacinas.
Reconhecidamente, as vacinas representam um dos maiores feitos da humanidade. Quem recebe uma vacina se protege e protege também as pessoas de seu convívio social, incluindo familiares, amigos e colegas de trabalho.
Com as vacinas conseguimos erradicar doenças como a varíola, reduzimos mortes como as causadas pelo sarampo e pela meningite, além de sequelas graves como as da poliomielite. Do mesmo modo, conseguiremos controlar a maior pandemia dos últimos 100 anos, a COVID-19.
O isolamento de novas cepas do SARS-CoV-2, principalmente a variante B.1.1.7, traz alertas. Apesar de ser transmitida mais facilmente, esta nova cepa não parece causar doença mais grave.Porém, com o aumento da transmissão, temos mais casos e, consequentemente, mais mortes. Os estudos iniciais sugerem que as vacinas existentes também são eficazes para evitar a COVID-19 causada por cepas mutantes.
No contexto de prevenção de doenças infecciosas, nenhuma medida isolada tem eficácia máxima. Portanto, se deve aliar à vacina as “6 regras de ouro”, medidas já comprovadamente efetivas na prevenção da COVID-19. São elas:
- Uso de máscaras;
- Distanciamento físico de pelo menos 1,5 metro;
- Higienização frequente das mãos com água e sabão ou álcool 70%;
- Evitar aglomerações; Permanecer em isolamento respiratório domiciliar, desde o 1º dia de sintomas suspeitos de COVID-19.
- Procurar atenção médica para o diagnóstico correto e seguir a orientação recebida e apropriada para cada caso em sua individualidade. Não se automedicar;
- Manter os ambientes arejados e ventilados.
Com o controle da pandemia, teremos a perspectiva de enfrentar com melhores resultados as graves consequências sociais que esta devastadora pandemia causa ao Brasil e ao mundo, inclusive retomando a vida produtiva, o crescimento econômico, gerando empregos e construindo um futuro de progresso coletivo.
São Paulo, 13 de janeiro de 2021.
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in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 14/01/2021
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