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Produção global de plástico pode crescer 50% até 2025

 

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Produção global de plástico pode crescer 50% até 2025

Caso nada seja feito, o planeta poderá atingir, já em 2025, mais de 600 milhões de toneladas de plásticos produzidos anualmente, um aumento de 50% na produção atual.

Por Matheus Zanon

Para além da poluição nos oceanos, rios e solos, a produção de plástico também poderá consumir, até 2050, de 10% a 13% do limite estimado de emissões de carbono para que o aquecimento global se mantenha abaixo de 1.5°C, com emissões da ordem de 56 gigatoneladas de CO2.

Os dados são do Atlas do Plástico, publicação lançada pela Fundação Heinrich Böll. O lançamento teve participação de Elisabeth Grimberg (GAIA – Polis – BFFP), Roberto Laureano (MNCR), Giovanna Nader (Ativista ambiental, comunicadora), Annette von Schönfeld (Diretora da Fundação Heinrich Böll Brasil) e Marcelo Montenegro (Coordenador de Justiça Socioambiental Fundação Heinrich Böll Brasil). A publicação está disponível para download em https://br.boell.org/atlasdoplastico.

O efeito desastroso já é notável. O Brasil é atualmente o quarto maior produtor de lixo plástico do planeta, com 11,3 milhões de toneladas descartadas anualmente. Do total de resíduo plástico produzido, apenas 1,28% é reciclado. 2,4 milhões de toneladas de plásticos estão sendo descartadas de forma irregular e 7,7 milhões de toneladas acabam em aterros sanitários, agravando ainda mais a poluição plástica.

A comunicado e ativista ambiental Giovanna Nader destaca que o plástico é o grande vilão da década. “Precisamos combater esse problema, mas infelizmente ainda estamos muito longe da solução. Por mais que tentemos tirar o plástico da nossa vida, só nos gera mais frustração. Estamos dentro de um sistema produtivo que nos leva a consumir mais plástico”.

“Se nada for feito hoje, seremos um grande aterro a céu aberto. Em 2018, o Brasil produziu uma média 79 milhões de toneladas de lixo. Se continuarmos nesse ritmo, em 2030 bateremos o recorde de 100 milhões de toneladas por ano, com um percentual alto de resíduos plásticos”, detalha Marcelo Montenegro, coordenador de Programas e Projetos.

No cenário, a principal vilã são as embalagens de uso único. De acordo com a publicação, cerca de 40% dos produtos plásticos se tornam lixo com menos de um mês. Do total de 400 milhões de toneladas de plásticos produzidos no mundo anualmente, mais de 1/3, ou 158 milhões toneladas, foram de embalagens. E os atuais sistemas de reciclagem não conseguem lidar com esse volume de resíduos: dos mais de nove bilhões de toneladas de plásticos produzidos desde a década de 1950, menos de 10% foi reciclado.

“Cada brasileiro produz semanalmente, em média, um quilo de resíduos plásticos, equivalente a dois navios cargueiros de lixo. Apesar da consciência de que o plástico é reciclável, grande parte da população não faz a separação correta de resíduos. A pergunta principal é: para onde está indo todo o plástico? 7,7 milhões de toneladas vão para aterros sanitários. 2,4 milhões de toneladas vão para céu aberto, sem nenhuma engenharia. Isso gera impacto para o solo, cursos de água, na fauna e na flora e também nas cidades”, explica Elisabeth Grimberg, coordenadora da área de Resíduos Sólidos do Instituto Pólis.

O artigo 33 da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) prevê a responsabilização das empresas pela logística reversa para manter as embalagens no ciclo produtivo. Entretanto, nos últimos dez anos, a regulamentação pouco avançou.

“Existe um lobby muito forte das corporações em responsabilizar o indivíduo pela reciclagem, enquanto continuam a investir no aumento da produção de plásticos. O cumprimento efetivo da política, a redução da produção e a reciclagem dos produtos, são fundamentais para mudarmos esse cenário. E isso passa pela responsabilização das empresas pelo plástico que produzem e o fortalecimento da logística reversa e da economia circular.”, defende Montenegro.

Nesse contexto, o trabalho dos catadores de materiais recicláveis ganha destaque. São eles os responsáveis por 90% da movimentação das indústrias de reciclagem.

“Se não houvesse catadores a discussão do plástico seria muito mais preocupante do que é hoje. Os catadores são responsáveis por descarte correto desses produtos. A questão do nosso trabalho na educação ambiental faz parte desse processo. Se pegarmos uma coleta seletiva e feita pela empresa, vão notar que a qualidade é muito baixa. Quando é feita pela mão dos catadores, vem com muito mais qualidade e em maior quantidade”, explica Roberto Laureano, representante do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis.

Credibilidade

Todos os dados presentes no Atlas do Plástico foram checados pela Lupa, a primeira agência de notícias do Brasil a se especializar na técnica jornalística mundialmente conhecida como fact-checking. Além disso, os textos são assinados por especialistas e pesquisadores do assunto.

Sobre a Heinrich Böll

A Fundação Heinrich Böll é uma organização política alemã sem fins lucrativos com presença em mais de 30 países

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 03/12/2020

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