A pandemia bate recorde nos EUA e Trump perde as eleições
A pandemia bate recorde nos EUA e Trump perde as eleições
“O significado da vida é que algum dia ela acaba”
Franz Kafka (1883-1924)
Artigo de José Eustáquio Diniz Alves
[EcoDebate] Os resultados das eleições americanas do dia 03 de novembro de 2020 ficaram incertos por quatro dias, geraram muita ansiedade, mas houve um desfecho festivo no fim de semana com a derrota de Donald Trump e a vitória de Joe Biden e Kamala Harris.
Pela primeira vez os EUA elegem uma mulher para a vice-presidência e uma mulher com ascendência de pais imigrantes vindos da Jamaica e da Índia (garantindo a presença da diversidade negra e asiática no poder).
Como mostrei em artigo recente (ALVES, 30/09/2020), os fundamentos da economia dos EUA estão abalados com a maior recessão em um século, com aumento do déficit público, elevação exponencial da dívida pública e aumento do desemprego.
Mas a prioridade número 1 é vencer a pandemia e garantir a saúde das pessoas, como ressaltou o presidente eleito.
O gráfico abaixo mostra que os EUA vivem a 3ª onda da covid-19 e cada afluxo tem sido maior do que o anterior. Na 1ª onda, a média móvel de 7 dias atingiu o pico de 32.600 casos em 24 horas. Na 2ª onda, a média móvel chegou ao segundo pico de 70 mil casos em 24 horas. Na 3ª onda, a média móvel continua subindo e já atingiu o montante de 107 mil casos em 24 horas. No dia 06/11 o número de casos chegou à impressionante cifra de 132 mil pessoas infectadas em um dia, recorde absoluto entre todos os países.
O gráfico abaixo mostra a média móvel das mortes da covid-19 nos EUA. Os recordes aconteceram na 1ª onda com média de 2.250 vidas perdidas em 24 horas e com o máximo de 2.744 óbitos no dia 21 de abril. Na 2ª onda, a média móvel bimodal chegou ao valor de 1.181 vítimas fatais em 24 horas. Na 3ª onda, a média móvel continua subindo e já atingiu o montante de 1.000 óbitos em 24 horas. No dia das eleições americanas (03/11) aconteceram 1.200 mortes pelo novo coronavírus.
Portanto, a principal prioridade de Biden-Harris é controlar a pandemia da covid-19. Sem resolver o problema da emergência sanitária não há como resolver outros problemas econômicos, sociais e ambientais.
A segunda prioridade é a geração de emprego. Como mostram os gráficos abaixo a pandemia gerou uma recessão que provocou mais de 20 milhões de pessoas desempregadas, com uma taxa de desemprego de cerca de 15% no segundo trimestre de 2020. A taxa diminuiu para 6,9% no terceiro trimestre, mas é um número muito alto e que pode subir diante da 3ª onda da pandemia no inverno que se aproxima. O democrata promete um pacote fiscal de mais US$ 3 trilhões para acelerar um plano de investimentos em infraestrutura previstos para os próximos 10 anos.
Mas a dupla Biden-Harris vai ter que lidar com a guerra comercial entre EUA-China, com a guerra tecnológica pela implementação da rede de 5G, recolocar os EUA no Acordo de Paris, adotar medidas contra o aquecimento global, viabilizar a aceleração do processo de transição da matriz energética e resolver os problemas de desigualdade social e racial e restaurar os mecanismos de cooperação multilateral. Os desafios não são pequenos.
José Eustáquio Diniz Alves
Colunista do EcoDebate.
Doutor em demografia, link do CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/2003298427606382
Referência:
ALVES, JED. Déficit, dívida pública e crise da democracia nos EUA, Ecodebate, 30/09/2020
https://www.ecodebate.com.br/2020/09/30/deficit-divida-publica-e-crise-da-democracia-nos-eua/
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 09/11/2020
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