O Irã vive uma terceira onda da Covid-19 e com aumento de vítimas fatais
O Irã vive uma terceira onda da Covid-19 e com aumento de vítimas fatais
Artigo de José Eustáquio Diniz Alves
[EcoDebate] A pandemia do novo coronavírus continua avançando e aumento a morbimortalidade no mundo: já são cerca de 38 milhões de pessoas infectadas e 1,08 milhão de vítimas fatais. O Brasil já ultrapassou 5 milhões de casos e 150 mil vidas perdidas.
A China que foi o epicentro inicial da doença conseguiu controlar o SARS-CoV-2 e desde abril apresenta números diários próximos de zero. A Nova Zelândia – com a liderança inspiradora da primeira-ministra Jacinda Ardern – conseguiu eliminar o vírus e zerar a curva epidemiológica. O Butão barrou a entrada do novo coronavírus e registrou zero mortes. A Oceania e o continente africano apresentam baixos coeficientes de incidência e de mortalidade.
Porém, os casos de sucesso são poucos e a maioria dos países estão sendo fortemente impactados pela pandemia. Até o dia 10 de outubro, havia 105 países com mais de 10 mil casos acumulados e mais de 190 países com, pelo menos, uma morte pela covid-19. Alguns países tiveram apenas uma onda de casos e mortes, outros tiveram uma segunda onda e, inclusive, há casos de terceira onda.
O Irã se encaixa nesta terceira categoria. O herdeiro da antiga Pérsia foi um dos primeiros países mais afetados após a China e teve um grande crescimento do número de casos em março de 2020. O pico da primeira onda ocorreu no dia 02 de abril com a média móvel de 7 dias indicando 3.009 casos. Estes números caíram até 03 de maio com média inferior a 1 mil casos. Mas ai começou a segunda onda que teve o pico no dia 05 de junho com média de 2.927 casos. Estes números caíram até 05/09 com média de 1.836 casos. Mas a partir daí começou a terceira onda – que ainda não chegou no pico – com média de 4.019 casos no dia 11 de outubro. No total, o Irã, com uma população de 84 milhões de habitantes, já atingiu mais de 500 mil casos, com um coeficiente de incidência de 5,9 mil casos por milhão.
Os primeiros casos da covid-19 no Irã foram registrados no dia 19 de fevereiro e as primeiras mortes no dia 21 de fevereiro. O pico da primeira onda ocorreu no dia 06 de abril com a média móvel de 7 dias indicando 141 vítimas fatais. Estes números caíram até 17 de maio com média de 49 óbitos. Mas ai começou a segunda onda que teve o pico no dia 26 de julho com média de 216 mortes. Estes números caíram até 02/09 com média de 111 vidas perdidas. Mas a partir daí começou a terceira onda – que ainda não chegou no pico – com média diária de 221 fatalidades, no dia 11 de outubro. O número de mortes no dia 11/10 foi o recorde do ano com 251 óbitos em 24 horas. No total, o Irã já atingiu quase 30 mil mortes, com um coeficiente de mortalidade de 339 óbitos por milhão. A terceira onda foi a mais letal.
Para efeito de comparação, o coeficiente de mortalidade das mortes diárias no Irã está em 2,7 óbitos por milhão, segundo o gráfico abaixo do Financial Times. A Argentina apresenta o maior coeficiente com 9 óbitos diários por milhão e a Índia o menor coeficiente com 0,7 óbito diário por milhão. O Brasil tem coeficiente de 3 óbitos por milhão, os EUA com 2,1 óbitos por milhão e a Rússia com 1,2 óbito por milhão.
No mundo a pandemia continua avançando com média móvel superior a 300 mil casos por dia e mais de 5 mil mortes diárias. A produção de vacinas está caminhando em ritmo acelerado, mas ainda falta muito para que toda a população mundial possa ser imunizada e a pandemia possa ser vencida.
O caso do Irã serve de alerta para outros países, como o Brasil, pois nenhuma nação está imune de uma segunda onda ou até mesmo uma terceira onda.
José Eustáquio Diniz Alves
Colunista do EcoDebate.
Doutor em demografia, link do CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/2003298427606382
Referências:
ALVES, JED. A pandemia de Coronavírus e o pandemônio na economia internacional, Ecodebate, 09/03/2020
ALVES, JED. Presidente quinta-coluna não combate a pandemia e instala o Necroceno no Brasil, Ecodebate, 08/06/2020
ALVES, JED. América do Sul se consolida como epicentro da pandemia, Ecodebate, 10/06/2020
ALVES, JED. O novo coronavírus já infectou mais de 1 pessoa em cada 1 mil habitantes do mundo, Ecodebate, 15/06/2020
https://www.ecodebate.com.br/2020/06/15/o-novo-coronavirus-ja-infectou-mais-de-1-pessoa-em-cada-1-mil-habitantes-do-mundo-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
ALVES, JED. O Brasil é o país do BRICS mais afetado pela pandemia qualquer que seja o critério, Ecodebate, 24/06/2020
ALVES, JED. A covid-19 no primeiro semestre de 2020 e o Brasil e a América Latina como epicentros, Ecodebate, 03/07/2020
ALVES, JED. O Butão conseguiu vencer a covid-19, Ecodebate, 08/07/2020
https://www.ecodebate.com.br/2020/07/08/o-butao-conseguiu-vencer-a-covid-19/
ALVES, JED. A Índia é o novo epicentro da pandemia global, Ecodebate, 14/09/2020
https://www.ecodebate.com.br/2020/09/14/covid-19-a-india-e-o-novo-epicentro-da-pandemia-global/
ALVES, JED. A Argentina ultrapassa o Chile e ocupa o 10º lugar no ranking global dos casos da covid-19, Ecodebate, 31/08/2020
ALVES, JED. Peru: maior proporção de casos e óbitos da covid-19 pela dimensão demográfica, Ecodebate, 21/09/2020
ALVES, JED. A segunda onda da covid-19 em Cuba, na Jamaica, na França e outros países, Ecodebate, 09/09/2020
ALVES, JED. Passado, Presente e Futuro da Pandemia da Covid-19, Instituto Fernando Braudel, SP, 11/06/2020 https://pt.scribd.com/document/465506796/O-passado-o-presente-e-o-futuro-da-pandemia-do-novo-coronavirus
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 13/10/2020
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