Responsabilidade Social: Discurso x Prática
Responsabilidade Social: Discurso x Prática
A responsabilidade social deve ser o retrato de muitas obrigações, tais como aquelas que se referem às morais e éticas/cidadania ecológica
Artigo de José Austerliano Rodrigues
[EcoDebate] A responsabilidade social por empresas deve ser parte integrante das atividades gerenciais que uma empresa desenvolve junto aos stakeholders que se relacionam, como público em geral, crianças e futuras gerações, educadores, ativistas sociais e ambientais, líderes religiosos e socais, jornalistas, consumidores, fornecedores, colaboradores, concorrência, sistema jurídico, instituições financeiras, mídia, acionistas, comunidade científica, ONGs, governo e outros grupos governamentais (OTTMAN, 2012; ZENONE; DIAS, 2015).
O termo responsabilidade social surgiu por volta da década de 50 nos Estados Unidos e na Europa, ganhando repercussão rapidamente pelo mundo através de debates acadêmicos, este é um conceito utilizado por empresas que abraçam praticas voluntarias que promovem o bem estar no ambiente interno e externo (FIA, 2019).
A responsabilidade social deve ser o retrato de muitas obrigações, tais como aquelas que se referem às morais e éticas/cidadania ecológica entre a empresa e seus stakeholders; a produção de produtos e desenvolvimento de serviços com qualidade ambiental e de forma sustentável; a contribuição em suas diversas formas para o desenvolvimento de sociedade mais justas; os investimentos em pesquisa tecnológicas; a preservação do meio ambiente; a participação dos trabalhadores no processo decisório e nos resultados; o respeito aos direitos e deveres dos cidadãos, entre outras (SCOUR, 1998; DOBSON, 2003; RODRIGUES, 2017; RODRIGUES; RODRIGUES FILHO, 2018).
Os principais elementos da responsabilidade social incluem: governança organizacional, direitos humanos, práticas de trabalho, meio ambiente e o envolvimento da comunidade no desenvolvimento. Em resposta às necessidades práticas, a Organização Internacional de Padronização desenvolveu a ISO 26000, grupo de padrão que proporciona uma orientação em relação a responsabilidade social, que foi introduzida em 2010 com o objetivo de oferecer guias as empresas que desejarem implementar ações sociais.
Percebe-se que, muitas vezes, as empresas estão mais preocupadas em divulgar qualquer ação que desenvolvam institucionalmente para demonstrarem seu compromisso social do que, de fato, desenvolverem uma gestão organizacional com práticas sociais efetivas durante todo o processo comercial e na cadeia produtiva.
As empresas têm utilizado a mídia eletrônica ou impressa para divulgar com intensidade suas ações sociais, com por exemplo: diminuição do tamanho da embalagem, o que possibilita a utilização de menos matéria-prima e transporte; utilização de material reciclado no processo de fabricação ou utilização de papel reciclado na embalagem, que causam um impacto menor na natureza; projetos culturais ou esportivos com proposta de inclusão social, saúde e educação para funcionários; ações específicas junto a comunidades carentes onde as empresas atuam; doação de alimentos e roupas etc. (ZENONE; DIAS, 2015).
Ocorre que os empresários têm visto a responsabilidade social como uma “nova estratégia para aumentar seu lucro e potencializar seu desenvolvimento”, sendo uma tendência que cresce no mundo empresarial, pois é o resultado da constatação de que há uma “maior conscientização do consumidor que consequentemente procura por produtos/serviços e práticas que gerem melhoria para o meio ambiente ou comunidade, valorizando aspectos éticos/cidadania ecológica ligados aos direitos socais e deveres do cidadão (ASHLEY; COUTINHO; TOMEI, 2000; RODRIGUES; RODRIGUES FILHO; 2018).
Muitas vezes, pela profusão e persistência da divulgação institucional das questões sociais e ecológicas pelas empresas, o consumidor suspeita de que se trata mais de uma estratégia mercadológica do que uma demonstração real de compromisso com a temática (ZENONE; DIAS, 2015).
Quase diariamente são noticiadas ações contra o direito do consumidor, propaganda enganosas, fraudes, abuso econômicos de toda natureza, sem contar com diversos exemplos de descaso das empresas em relação ao meio ambiente.
De forma geral, as empresas desenvolvem ações sociais estratégica marqueteira voltada à comunidade ou ao meio ambiente, em prol de uma perspectiva economicista, podem ser identificada mais como uma ação promocional, visando um ganho de imagem, do que um real envolvimento com a sustentabilidade e a responsabilidade social.
José Austerliano Rodrigues. Especialista Sênior em Sustentabilidade de Marketing e Doutor em Marketing Sustentável pela UFRJ, com ênfase em Sustentabilidade e Marketing, com interesse em pesquisa em Marketing Sustentável, Sustentabilidade de Marketing, Responsabilidade Social e Comportamento do Consumidor. E-mail: austerlianorodrigues@bol.com.br.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 27/08/2020
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