Saúde sexual, reprodutiva e direitos devem ser prioridade, inclusive durante a pandemia
Saúde sexual, reprodutiva e direitos devem ser prioridade, inclusive durante a pandemia
Especialistas indicam que é preciso minimizar o dano, garantir a segurança de pacientes e equipes e preservar direitos quanto se fala em saúde da mulher, da gestante e covid-19
Por Maximiliana de Paiva
Saúde e direitos sexuais reprodutivos são questões significativas de saúde pública que requerem muita atenção durante pandemias. Gravidez e parto seguros dependem do funcionamento dos sistemas de saúde e da adesão estrita à prevenção de infecções. Nesta última quarta-feira (08/07), aconteceu a 11ª edição da série de webinários, População e Desenvolvimento em Debate, promovido pelo Fundo de População da ONU no Brasil (UNFPA) e Associação Brasileira de Estudos Populacionais (ABEP).
Foram convidadas para o debate virtual especialistas para discutir sobre Saúde reprodutiva, direitos e Covid-19. Ao longo do debate, as especialistas trouxeram recomendações para a organização dos serviços de saúde para o atendimento de gestantes.
Relatórios recentes do UNFPA global têm enfatizado que, caso os países não tomem medidas para assegurar o acesso a serviços e insumos de saúde reprodutiva às mulheres e adolescentes nesse período de pandemia de Covid-19, haverá sérios prejuízos às mulheres com relação à garantia de planejamento reprodutivo, ocasionando em gestações não intencionais, além de prejuízos ao pré-natal de qualidade e ao parto seguro e humanizado. Também poderá haver impactos nos serviços de pré-natal e dificuldade de garantias de direitos de mulheres em situação de parto, como o direito a acompanhante e de não ser induzida a cesarianas eletivas e sem indicações.
A professora da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Silvana Maria Quintana, compartilha que o acesso aos serviços de saúde para mulher foram dificultados com a chegada da pandemia da Covid-19. Serviços de alta prioridade para a saúde da mulher, como de anticoncepção, tratamento pré-natal, tratamento oncológico e de violência doméstica/sexual. Silvana Maria Quintana compartilha que existe a necessidade da organização do serviço de saúde para a mulher e treinamento da equipe para “minimizar os danos, garantir a segurança dos pacientes e equipes e preservar os direitos que foram conquistados ao longo do anos para a saúde da mulher”.
Dra. Daphne Rattner, presidente da Rede pela Humanização do Parto e Nascimento e professora da Universidade de Brasília, explica que “toda a mulher tem o direito de desfrutar o mais elevado nível possível de saúde física e mental, e é papel do Estado assegurar a prevenção e tratamento a doenças epidêmicas e criar condições que assegurem toda a assistência e serviços em caso de enfermidade”. Sendo assim, compartilha algumas recomendações como o direito do acompanhante ser assegurado; suspensão imediata das cirurgias eletivas; assegurar o uso correto de equipamentos de proteção individual (EPIs); evitar a acomodação em pré-parto coletivo; deve ser dada atenção especial para promover equidade e assegurar a proteção dos direitos de mulheres vulnerabilizadas, como um dos princípios do sistema de saúde brasileiro; entre outras.
Por sua vez, Dra. Denize Ornelas, diretora de comunicação da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, recomenda o alinhamento do Ministério da Saúde com o que se tem visto na prática, pois acredita que os discursos se divergem.
Além disso, a médica pontua que as grávidas negras estão entre as mais vulneráveis e que a discrepância no atendimento disponível para elas e para as mulheres brancas é muito grande, mesmo antes da pandemia. Dessa forma, recomenda a análise as condições sociais, além do quadro clínico, da paciente infectada pelo novo coronavírus, ou outras doenças, para que ela receba o tratamento mais adequado e acessível para a sua realidade.
As especialistas que participaram do debate foram: Daphne Rattner, presidente da Rede pela Humanização do Parto e Nascimento e professora da Universidade de Brasília; Denize Ornelas, diretora de comunicação da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade; e Silvana Maria Quintana, professora da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. A mediação do webinário foi realizada por Anna Cunha, Oficial de Programa em Saúde Reprodutiva e Direitos no UNFPA Brasil.
Assista esse debate na íntegra
https://www.youtube.com/watch?v=jWcKCxQysTc
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 15/07/2020
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