Tecnologias sustentáveis e design biofílico transformarão a arquitetura e construção pós-pandemia
Tecnologias sustentáveis e design biofílico transformarão a arquitetura e construção pós-pandemia
Estratégias para cidades menos poluídas e mais resilientes
Por Thais Gonzales
Projeto Figueiredo Ficher Arquitetos, jardim vertical Ecotelhado
A pandemia Covid-19 causou danos massivos à saúde humana e trouxe à tona fragilidades nas cidades. Este é um importante momento para entender o papel da infraestrutura verde nos centros urbanos do mundo.
Com estratégias para tornar as cidades menos poluídas e mais resilientes, as tecnologias sustentáveis e o design biofílico transformarão a arquitetura e construção pós-pandemia.
Isso é o que afirma João Manuel Feijó, engenheiro agrônomo e especialista em infraestrutura verde da Ecotelhado. Ele aponta que pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde já mostrou que cerca de 7 milhões de pessoas morreram no mundo por ano devido à poluição.
“Ao longo do tempo, a fumaça causa problemas cardiovasculares e pulmonares. O material particulado que é dissolvido na atmosfera também pode espalhar vírus. Reduzir a poluição minimiza doenças respiratórias já existentes e outras epidemias. Um desafio que podemos encarar ampliando áreas verdes”, explica Feijó.
A recomendação não é mudar de região para fugir da poluição. É mudar a cidade por meio de projetos verdes. Segundo ele, nesse contexto, a arquitetura e construção devem criar espaços resilientes e biofílicos. A biofilia significa amor à vida. É promover a reconexão com a natureza. Para isso, existem tecnologias sustentáveis focadas em melhorar a qualidade de vida das pessoas e do planeta.
“Desenvolver hortas urbanas, telhados verdes com captação de água da chuva, paredes verdes em fachadas, cisterna para drenagem urbana, vegetação para pets em varandas é planejar ambientes prontos para lidar com fatores que fogem do nosso controle. Essas são algumas técnicas de design biofílico importantes no presente e serão ainda mais no futuro”, acrescenta.
Em sua casa, em Porto Alegre, o engenheiro tem telhado verde que capta e reusa água da chuva, onde também colhe hortaliças para o consumo da família. Faz tratamento de esgoto e decomposição de material orgânico usando a compostagem, uma forma de reduzir lixo. Há paredes verdes que atraem insetos, como borboletas e joaninhas, criando um ambiente agradável e resiliente. Outros benefícios dos sistemas verdes é conforto térmico e eficiência energética.
“Com certeza, o mundo não será mais o mesmo depois dessa pandemia. As pessoas estão vivenciando outras experiências de trabalho e estudo em casa. Nessa nova realidade, precisamos transformar áreas comuns e telhados em espaços verdes que nos conectam com a natureza e o bem-estar”.
Edifícios comerciais e residenciais novos e antigos podem fornecer reciclagem e coleta de água, gerenciamento de resíduos, limpeza ou filtragem de ar. Esses conceitos, diz ele, não são novos! Agora, a necessidade de boas práticas faz mais sentido com a mudança de consciência que muitos já estão tendo.
“Estamos ampliando a nossa conscientização de que os recursos naturais são escassos. Precisamos cuidar do meio ambiente e ser resilientes. Assim, teremos mais saúde e estaremos mais preparados para outros desafios da vida moderna”, finaliza o engenheiro João Manuel Feijó.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 30/04/2020
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Excelente Artigo. Parabéns ao autor. Se as cidades fizerem conforme recomendado e ocuparem menos os lotes deixando espaço para arborização e incentivando essa prática, teremos climas melhores e mais saudáveis e companhias agradáveis de pássaros e borboletas.