Ramos da ecologia, artigo de Roberto Naime
Ramos da ecologia, artigo de Roberto Naime
As apropriações realizadas pelas ciências ecológicas podem ser divididas em várias áreas. As três principais consideradas são a autoecologia, a sinecologia e demoecologia.
A especialização da ecologia nestes três grandes ramos de abordagem foi feita pelo botânico Carl Schroter no começo do século passado.
A autoecologia estuda as espécies a partir de suas relações com o meio ambiente. Determina como cada espécie animal ou vegetal reage diante de circunstâncias impostas por determinados fatores ambientais como clima, vegetação e relevo. É considerado um ramo científico clássico e seguido por poucos interessados.
O estudo de organismos individuais ou da mesma espécie, se destina a determinar quais as características de um ser vivo considerado, que propiciam sua sobrevivência ou por que isto não ocorre em determinados habitats. Além de dissecar a anatomia de um organismo, são também utilizados sofisticados instrumentos para analisar as relações entre este ser vivo considerado e seu meio ambiente, tanto nos níveis molecular quanto químico.
Um tema recorrente das abordagens, seria determinar como e por que um organismo, por exemplo, vive na água doce, enquanto outro vive na água salgada. As apropriações mais recentes resultaram na descoberta de que plantas em diferentes habitats, fazem diferentes tipos de fotossíntese.
A sinecologia, também conhecida como ecologia comunitária, é voltada para o estudo das comunidades de seres vivos no tocante às suas relações com os fatores ambientais intervenientes. A Sinecologia foca a distribuição das populações, suas relações ecológicas, demografia, deslocamento e quantidades.
A Sinecologia busca determinar as estruturas das cadeias alimentares, as sucessões ecológicas e inter-relações entre predadores e presas dentro dos ecossistemas. Estuda as relações entre as comunidades biológicas e os ecossistemas da Terra. Ou seja, a sinecologia analisa e examina as relações existentes entre indivíduos pertencentes a diferentes espécies de um grupo e seu ambiente.
A sinecologia se interessa pela variação de riquezas de espécies, que pode denotar variações nas condições gerais dos ecossistemas, as estruturas e produtividades observadas nas cadeias alimentares e nas dinâmicas populacionais onde interferem as inter-relações entre predadores e presas num mesmo ecossistema.
Também busca definir como as comunidades se organizam, como ocorre a transferência de matéria e energia dentro dos ecossistemas e como se desenvolvem as sequências dentro das comunidades.
A sinecologia, portanto, estuda as comunidades. As relações formadas pelos conjuntos de indivíduos de várias espécies e o meio em que eles vivem. Ao contrário da ecologia clássica que é mais autoecológica, voltada para o estudo dos indivíduos e seres vivos sob o aspecto individual, a sinecologia objetiva compreender a influência da dinâmica das populações por meio do estudo das relações entre os indivíduos de uma espécie e os fatores ambientais intervenientes, nos ecossistemas e nas próprias comunidades.
Com o surgimento da abordagem sistêmica e da concepção holística que culminou na Teoria Geral dos Sistemas publicada por Ludwig Von Bertalanffy em 1968, houve nova definição de paradigmas. Com as descobertas nas áreas de eletrônica e da física atômica, a sinecologia passa a dispor dos instrumentos conceituais necessários para as abordagens dos sistemas complexos, como são os ecossistemas.
Na prática a sinecologia atualmente divide-se em duas abordagens principais, que são denominadas de estática e dinâmica. A sinecologia estática também chamada de sinecologia descritiva, busca obter conhecimentos sobre a composição, frequência, distribuição e outras características dos grupos. Isto é feito através do estudo descritivo destes grupos em um ambiente determinado. Já a sinecologia dinâmica, ou sinecologia funcional, tem seu foco voltado para a descrição dos grupos e de suas inter-relações, sob um aspecto dinâmico, podendo ainda subdividir-se no estudo da composição das comunidades ou agrupamentos de indivíduos, ou no estudo da estrutura destas comunidades.
A demoecologia também é conhecida como dinâmica das populações ou ecologia das populações e faz o estudo de cada agrupamento de espécies dentro dos ecossistemas de forma separada. A expressão população designa um conjunto de seres da mesma espécie que habitam a mesma área durante determinado tempo.
Se denomina de potencial biótico, a capacidade potencial do crescimento de uma população em condições ambientais favoráveis. A resistência ambiental exerce um controle natural sobre este fenômeno, pois se opõe ao potencial biótico, gerando sua limitação. As curvas de crescimento populacional em geral, exibem fase de crescimento lento, posteriormente rápido e finalmente a denominada expansão retardada.
As colônias são constituídas por organismos da mesma espécie, que se mantêm anatomicamente unidos. Podem ser homomórficas, polimórficas, heteromórficas ou diformes, conforma sua funcionalidade e organização. Por fim, existem as sociedades, que são associações de indivíduos da mesma espécie e formam uma organização social que se expressa através de variadas formas de cooperativismo.
Sociedades altamente desenvolvidas são encontradas entre os chamados insetos sociais, representados por cupins, vespas, formigas e abelhas. Mecanismos de proto cooperação, mutualismo, comensalismo ou inquilinismo constituem também a demoecologia.
Mas não é preciso conhecer todos estes detalhes técnicos para respeitar o meio natural e procurar padrões de equilíbrio ecossistêmico integrado e melhores condições de homeostase ambiental. Realidades que permitirão melhor qualidade ambiental e qualidade de vida para todas as populações consideradas.
Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Aposentado do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
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in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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