Em São Paulo, morador de bairro rico vive 23 anos a mais que o da periferia
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Mapa da Desigualdade de São Paulo traz dados de 10 áreas da cidade
Lançado na terça-feira (5), o Mapa da Desigualdade de São Paulo, elaborado pela Rede Nossa São Paulo, mostra disparidades na maior cidade do país. Um dos principais destaques é a média de idade ao morrer.
Em 2018, por exemplo, no bairro de Moema, a média foi de 80,57 anos e, no bairro de Cidade Tiradentes, foi de 57,31, contabilizando mais de 20 anos de diferença entre os dois distritos.
Os dados de 10 diferentes áreas e 53 indicadores mostram a realidade dos 93 distritos da capital paulista através do “desigualtômetro”, que evidencia a diferença entre o melhor e o pior para cada um dos indicadores.
Entre as novidades desta edição, está o comparativo de violência contra a mulher, incluindo o feminicídio, violência homofóbica e transfóbica e violência de racismo e injúria racial.
Em relação à violência contra a mulher, os feminicídios aumentaram em 167% em toda a cidade e as ocorrências de violência, 51%. Os distritos da Sé e da Barra Funda concentram as maiores taxas de ocorrência nos dois indicadores.
“A violência contra a mulher, em números absolutos aumentou bastant, incluindo todos os tipos de violência e o feminicídio. Não temos ainda uma hipótese do que pode ter ocasionado isso, se é diminuição de subnotificação ou se de fato está ocorrendo mais violência”, afirmou uma das responsáveis pelo mapa, a assessora de projetos Carolina La Terza.
A assessora destacou a importância da divulgação do mapa. “É importante para tornar acessível a informação. São dados muito técnicos, mas são importantes para os movimentos sociais regionais que podem usar esses dados para exigir direitos do poder público, como para trabalhos acadêmicos. O Mapa acaba sendo um pontapé para várias outras iniciativas”.
Ranking de zeros
Segundo o documento, 11 dos 53 indicadores dispõem de um ranking de zeros, ou seja, distritos sem oferta de equipamentos e acervo. Entre os três indicadores com maior número de zeros estão cinemas, centro culturais, casas e espaços de cultura e museus. Em 54 distritos da capital não há nenhuma sala de cinema, por exemplo.
Distritos centrais, como Sé, República e Bela Vista, e áreas nobres, como Pinheiros, Moema, Itaim Bibi e Jardim Paulista concentram até 1.200 vezes mais poluição atmosférica do que bairros afastados e mais pobres, como Marsilac, Parelheiros, Grajaú e Perus. O tráfego menor de carros nessas regiões explica a desigualdade.
Já distritos como Barra Funda, Sé e Bom Retiro, e também áreas ricas como Morumbi, Pinheiros e Itaim Bibi, que têm alta concentração de veículos, registram até 13 vezes mais acidentes de trânsito que o Jardim Angela, São Rafael e Cidade Tiradentes.
Violência racial e LGBTQI
O levantamento também mostra indicadores de violência contra pessoas LGBTQI (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, travestis e transgêneros, Queer, Intersexuais). O distrito da República, na região central, registrou 18 casos de ocorrências de violência homofóbica e transfóbica. Em seguida, estão Penha (11), na zona leste, e Cidade Ademar (10), na zona sul.
Com relação à violência racial, a maior proporção de ocorrências de racismo e injúria racial foi registrada na Sé (13), na região central, seguido pela Barra funda (7,62) e Jardim Paulista (6,96). Entretanto, os distritos que possuem maior população que se identifica como preta ou parda são Jardim Ângela (60,11%), Grajaú (56,81%) e Parelheiros (56,61%), na zona sul,. Na Sé, o percentual é de 38,35%.
O mapa completo pode ser acessado aqui.
Por Ludmilla Souza, da Agência Brasil, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 06/11/2019
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