O Programa Hortas Cariocas e a importância socioambiental da agricultura urbana, artigo de Carlos Favoreto
[EcoDebate] Agricultura urbana, embora pouco conhecida e aplicada no Brasil, não é um conceito novo. Existente há décadas, aproveita espaços urbanos ociosos ou subaproveitados, para produção agrícola comunitária, em especial a horticultura.
Na definição da FAO, a horticultura urbana e periurbana proporciona meios de subsistência resistentes a crises econômicas e aumentos nos preços dos alimentos e contribui para o desenvolvimento econômico das cidades.
A urbanização segue acelerada em escala global, reduzindo a população no campo e distanciando a produção agropecuária da população consumidora,
Na prática, isto aumenta os custos de produção e distribuição, ao mesmo tempo em que aumenta as emissões de CO2 ao longo da cadeia produtiva.
Outra questão a ser considerada é que a produção de alimentos é, atualmente, mais do que suficiente para toda a população, mas a fome ainda persiste, não porque há uma crise de alimentos, mas porque uma parte significativa da população não possui renda para acesso aos alimentos disponíveis.
Neste cenário, é necessário incentivar a produção local, facilitando o acesso, reduzindo custos e mitigando as emissões de CO2 da produção de alimentos. E a agricultura urbana é uma alternativa importante.
Relativamente simples e de baixo custo, a agricultura urbana apresenta resultados muito positivos, na organização da participação social, na segurança alimentar e, até mesmo, na redução das emissões de CO2, na medida em que a produção local, reduz as emissões relativas ao transporte, processamento e distribuição.
Sua vocação para a agricultura orgânica, de base agroecológica, torna-se um destaque a mais nas horas urbanas, tendo em vista que a produção não utiliza agroquímicos, potencialmente prejudiciais à saúde e ao meio ambiente.
O programa Hortas Cariocas, implementado na cidade do Rio de Janeiro, em terrenos ociosos, próximos de comunidades, é um exemplo de destaque, reconhecido internacionalmente.
No caso do programa carioca, além de contribuir para a segurança alimentar, do entorno da horta comunitária, também há o incentivo à geração de emprego e renda.
O Hortas Cariocas, administrado pela ECP Environmental Solutions em parceria com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente – SMAC, da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, recebeu em Montpellier, na França, o prêmio de menção honrosa na categoria Food Production (Sistemas Alimentares Urbanos). O programa concorreu com 104 candidaturas das principais cidades signatárias do Pacto de Milão.
Em todas as grandes cidades existem inúmeros terrenos ociosos ou subutilizados que estão aptos à produção de produtos hortifrutigranjeiros. Sua utilização e conversão em espaços produtivos pode e deve ser incentivada pelo poder público.
Na realidade, a agricultura urbana deveria ser uma política pública, de longo prazo, inclusive com o eventual excedente de produção adquirido pelas prefeituras para a merenda escolar do entorno da horta comunitária.
A iniciativa também deve ser incentivada e financiada pelas empresas, tanto em seus programas de responsabilidade social, como nas medidas compensatórias, decorrentes de seus processos de licenciamento ambiental.
Então por que não? Por que a agricultura urbana ainda não se firmou como política pública, apoiada e financiada pela iniciativa privada? Não existem motivos racionais e é isto que questionamos.
O Programa Hortas Cariocas é um exemplo de sucesso, demonstrando sua importância e a eficácia da união dos esforços públicos e privados.
Os gestores públicos e os empresários podem e devem abraçar esta causa. Motivos e benefícios não faltam. Falta querer.
Carlos Favoreto – Eng Agrônomo – Diretor Executivo da ECP Environmental Solutions
Pós-graduado em Ciências Ambientais
Prof. dos Cursos de Pós-Graduação em Ciências Ambientais, Gestão Ambiental e Auditoria e Perícia Ambiental
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 22/10/2019
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