Relações com a natureza, artigo de Roberto Naime
Relações com a natureza, artigo de Roberto Naime
[EcoDebate] SILVA et al (2012) questiona, por que não acreditar que existem várias maneiras de se relacionar com a natureza.
Acreditando na diversidade epistemológica do mundo, essas palavras querem induzem a vários modos de se relacionar com a natureza.
Porém, para tentar captar essa diversidade, é necessário um exercício de humildade. Humildade em aceitar que a cosmovisão de cada mulher e homem é tão sábia e incompleta quanto qualquer outro.
Todavia, além disto, é imprescindível romper as linhas invisíveis que elegeram a ciência moderna como detentora do certo ou errado, legal ou ilegal e inserir os saberes, sonhos e métodos de produção, acesso ou validação do conhecimento dos sujeitos que vivem no mundo.
Contudo, não é objetivo desacreditar a ciência moderna, mas questionar seu método do conhecimento como algo tão correto, quanto único.
Se deve ajudar na construção de um caminho que leve em conta as relações e características que nos são peculiares.
No entanto, esse alargamento epistemológico não é tarefa fácil, sendo impossível de se fazer sozinho, ou por uma disciplina. Neste contexto procura-se tecer os vínculos entre a caboclagem das Vozes da Floresta e o axioma da Ecologia de Saberes formulado por Boaventura de Sousa Santos.
Isto possibilitaria criar o amálgama entre a diversidade de saberes do mundo e contribuir para uma Epistemologia do Sul conforme SANTOS, 2010.
A perspectiva é que exista uma relação diferente entre homens e mulheres com a natureza na Cooperafloresta.
Portanto, objetivou-se encontrar indícios de como essas pessoas percebem o mundo e fomentar o dialogo destes sujeitos com a academia.
As Vozes da Floresta (ou voz da Floresta) em analogia à destreza que possuem no manejo da floresta, na sua maioria são agricultores que vivem na Associação de Agricultores Agroflorestais de Barra do Turvo e Adrianópolis, na Cooperafloresta.
A história oral de vida e de transmissão de cultura é o elemento fundamental da ecologia de saberes.
Foram encontradas percepções de como alguns associados da Cooperafloresta sentem e percebem o mundo e um diálogo entre as Vozes da Floresta e a Ecologia de Saberes, gerou algumas fundamentações mútuas.
Segundo SILVA et al (2012), dados auscultados indicam que nos membros da Cooperafloresta, a crença na ciência é mais tênue e outros conhecimentos não científicos prevalecem nas práticas cotidianas.
Existem trocas de ignorâncias e o conhecimento é validado como intervenção no real, não como representação. O conhecimento também preserva modos de vida, universos simbólicos e informações vitais para a sobrevivência em ambientes
Finalizando garantem maior participação dos grupos sociais envolvidos na concepção, na execução, no controle e na fruição da
As intervenção privilegiam a força interior, em vez da exterior. Pode-se afirmar que há indícios de uma Ecologia de Saberes na Cooperafloresta e uma relação diferente entre homens, mulheres e natureza.
Existe a necessidade de escutar novos sujeitos para formulações de teorias sociais que considerem as estruturas da epistemologia da ecologia dos saberes.
Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Aposentado do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
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Referências:
SANTOS, B. de S (Org.). As Vozes do Mundo. Rio de Janeiro: Civilizaçao Brasileira, 2009.
SANTOS. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. In: SANTOS, B. de S. (2009).
SANTOS, B. de S.; MENESES, M. P. G. (Orgs.). Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, 2010
SILVA, Rodrigo Ozelame da, SOUZA-LIMA, José Edmilson de, MACIEL-LIMA, Sandra Mara e STEENBOOK, Walter, Ecologias de Saberes e As Vozes da Floresta: Caboclagem de saberes na construção de uma Epistemologia do Sul, VI Encontro Nacional da Anppas, 18 a 21 de setembro de 2012, Belém, PA, Brasil.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 24/09/2019
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